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Pesquisa mostra que a Bahia é o estado com pior desenvolvimento


 

Entre as 500 piores cidades do país, 182 são da Bahia, sendo que entre as 10 últimas do ranking estão Caatiba (7º) e Novo Triunfo (8º)

  • Da Redação

Publicado em 01/06/2014 às 08:09:00
Atualizado em 14/04/2023 às 04:27:31

Os números são bastantes positivos: em um ano, 76% das cidades da Bahia melhoraram em saúde, educação e emprego. A alta no desenvolvimento foi puxada principalmente pelo aumento do número de professores com curso superior e avanços no acompanhamento de gestantes.

Ainda assim, a Bahia ainda tem muito a percorrer: entre as 500 piores cidades do país, 182 (43%) são do estado, sendo que entre as dez últimas do ranking estão Caatiba (7ª) e Novo Triunfo (8ª).Os dados fazem parte do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), uma pesquisa realizada anualmente pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Em sua sétima edição, a IFDM tem como base os dados de 2011. Também nesse ano a pesquisa mudou sua metodologia para aproximá-la de estudos de mesmo teor desenvolvidos pelo mundo.

Para desenvolver as estatísticas, a Firjan utiliza informações fornecidas pelos Ministérios da Fazenda, Saúde e Educação, que repassam os dados de cada prefeitura. Por isso a pesquisa alcança todos os 5.565 municípios brasileiros. ResultadosPara avaliar se uma cidade cresceu, melhorou ou piorou de um ano para outro, a Firjan analisa três áreas: saúde, educação e emprego e renda. 

O índice varia em uma escala de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo do 1, maior o desenvolvimento, que é dividido em quatro classificações. De 0,0 a 0,4 é baixo. De 0,4 a 0,6 é regular. Entre 0,6 e 0,8 é moderado e, entre 0,8 e 1 é alto.Na Bahia, o desenvolvimento regular em 2011  foi 3% a mais que no ano anterior. O número de cidades com baixo avanço caiu de 19,4% para 11% e o crescimento moderado subiu de 6,5% para 10,1%. A má notícia é que não há nenhuma cidade do estado com desenvolvimento alto.

Emprego e rendaPara saber como anda o mercado de trabalho em uma cidade, a Firjan analisa quantos empregos formais foram gerados, o aproveitamento da mão de obra local, a geração de renda, os salários médios e a desigualdade. As cidades baianas que apresentaram os melhores resultados em 2011, com nota superior a 0,8, foram Camaçari, Lauro de Freitas, Luis Eduardo Magalhães e Simões Filho, com destaque para Ibirapuã, que saltou do 30º lugar para a sexta posição no ranking de maiores IFDMs do estado.

“A chegada da agroindústria do laticínio e de usinas de álcool aumentou a oferta de empregos. Outro elemento que colaborou foi a ampliação do acesso à educação com a chegada de faculdades na região, facilitado pelo Prouni e Fies”, conta Renata Barros, chefe de gabinete de prefeitura de Ibirapuã.Por outro lado, Feira de Santana apresentou queda expressiva, de 3º para 10º lugar. Já a cidade com pior desenvolvimento em geração de emprego e renda da Bahia é Rio de Contas (na Chapada Diamantina), com 0,1635 de nota. Em uma visão mais ampla, A Bahia sofreu com o desaquecimento da economia do país, e o reflexo foi uma diminuição de geração de emprego de 50,5%.

SaúdeNa área de saúde, Salinas da Margarida é a única com alto desenvolvimento no estado: 0,8043. “Agora tem ‘meio mundo’ de médico no hospital. Tem dermatologista, ginecologista, tem até médico de varizes, e antes não era assim. Não dá mesmo para reclamar porque em Salvador é bem pior”, diz Eliana Silva, que há 22 anos saiu da capital e hoje trabalha em uma pousada na cidade.Em 2011, 71,9% dos municípios registraram crescimento nesse setor. O  aumento de consultas pré-natais por nascidos vivos foi ainda maior, de 81,3%. 

Várzea do Poço, na região de Jacobina, é o município que mais evoluiu entre 2010 e 2011: 42,1%, impulsionada pela alta na saúde. “Com a chegada de profissionais do Mais Médico e unidades de atendimento básico, melhorou muito. De resto, continua tudo ruim. Tanto que a cidade tem 50 anos e a população não sai dos 8 mil habitantes, porque os jovens, assim que se formam,  vão buscar emprego em outro lugar”, diz José Santos de Oliveira, conselheiro tutelar.A cidade com pior índice de saúde é Itambé, no Sudoeste. “A Santa Casa de Misericórdia vive em dificuldades, com falta de profissionais. O próprio diretor precisa dar plantão”, conta Reginaldo Spinola, dono de um blog de notícias da região. EducaçãoNa Bahia, a educação foi área que mais evoluiu em relação a 2010. Das 417 cidades baianas, 87,3% mostraram índices melhores, impulsionadas, principalmente, pelo aumento do percentual de professores com ensino superior, que cresceu 82%. Mesmo assim, apenas 24,5% apresentaram desenvolvimento moderado, enquanto 71,2% ainda têm desenvolvimento regular e 28,3% com baixo desenvolvimento. Nenhuma cidade registrou desenvolvimento alto no IFDM 2014.  O município com melhor índice é Amélia Rodrigues, na  Região Metropolitana de Feira de Santana - com a maior nota desde a criação do IFDM, 0,7481.

Na outra ponta aparece Caatiba, no Sudoeste, com índice em 0,2788. A Secretaria da Educação do munícipio, no entanto, afirma que a cidade “não está em mil maravilhas”, mas que tem resultados melhores que de cidades vizinhas, com salas de informática e número  adequado de alunos por turma. “Seriam necessários 13 anos de estagnação dos estados do Sul e Sudeste para que a Bahia alcançasse os índices registrados por eles”, diz Jonathas Goulart, pesquisador da Firjan. O jeito, então, é correr.