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Maestrina do Theatro Municipal morre aos 64 anos por coronavírus


 

Naomi Munakata estava internada em hospital paulista por conta de dificuldades respiratórias, relatam amigos

  • Da Redação

Publicado em 26/03/2020 às 16:24:32
Atualizado em 21/04/2023 às 00:32:04
. Crédito: Foto: Divulgação

Naomi Munakata, uma das mais importantes regentes do Brasil, morreu na tarde desta quinta-feira (26), por complicações decorrentes da Covid-19, causada pelo novo coronavírus. A maestrina estava internada desde o dia 16 de março no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, e, no dia 19, recebeu resultado positivo para a Covid-19.

Nos últimos dias, Naomi chegou a apresentar melhora no quadro clínico mas, na noite passada, teve séria piora. Membros do teatro disseram ao jornal O Globo que ela apresentava problemas respiratórios e teve uma deterioração "abrupta e inesperada do quadro clínico durante a noite", evoluindo com um quadro conhecido como choque séptico. Por volta de meio-dia, a regente não resistiu e faleceu. 

A assessoria de imprensa do Instituto Odeon, que administra o Theatro Municipal, confirmou o falecimento e a infecção por coronavírus.

Nascida em Hiroshima, no Japão, em 1955, a maestrina se mudou para o Brasil aos 2 anos de idade. Aos 4, iniciou os estudos musicais ao piano e, aos 7, começou a cantar no coral regido por seu pai, Motoi Munakata. Estudou violino e harpa e, em 1978, formou-se em Composição e Regência pela Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo.

Naomi foi regente titular do Coro da Osesp por duas décadas, entre 1995 a 2015, período que passou a ser reconhecida internacionalmente. Também foi diretora e professora da Escola Municipal de Música de São Paulo, diretora artística e regente do Coral Jovem do Estado, regente-assistente do Coral Paulistano e professora na Faculdade Santa Marcelina e na FAAM. Atualmente, era maestrina titular do Coral Paulistano Mário de Andrade, do Theatro Municipal de São Paulo.

Na última semana, O Globo revelou que duas duas integrantes do Coral Paulistano, ambas com mais de 60 anos, testaram positivo para o novo coronavírus. A Fundação Theatro Municipal de São Paulo não divulgou a identidade e a função das mulheres no coro. Apenas informou que estão internadas e estáveis.

Na sexta-feira (13), depois de já decretada a pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 300 integrantes da Orquestra Sinfônica Municipal, do Coro Lírico Municipal e do Coral Paulistano se reuniram na cúpula do teatro para o ensaio da montagem Aída, ópera de Giuseppe Verdi. Integrantes da montagem presentes no ensaio reclamaram da realização do encontro. 

Após a confirmação de dois casos da doença no Coral Paulistano, o Instituto Odeon emitiu um comunicado interno aos funcionários, obtido pelo Globo. No texto, recomendou "o constante monitoramento de possíveis sintomas", uma vez que houve contato das integrantes infectadas "com parte dos corpos artísticos e equipe técnica durante os ensaios de Aída e Mahler".

Também em nota, a assessoria de imprensa do Theatro Municipal afirma que "todas as suas atividades  foram interrompidas no dia 13 de março, às 17 horas, para prevenir riscos de transmissão do vírus Covid-19 - Coronavírus". 

A decisão, segundo o texto, foi tomada logo após o encerramento da reunião em que Tuma determinou o cancelamento dos eventos em massa.