A mentira de Coutinho foi longe demais

O Brasil enfrenta o Equador hoje, num momento  em que as Eliminatórias ganham mais clima de Copa do Mundo, já que faltam só quatro rodadas e a briga está acirrada entre as principais seleções do continente – exceto o Brasil, já classificado. A dez meses da Rússia-2018, Tite terá poucas oportunidades como essa para fortalecer o conjunto do time e, se não bastasse, ainda pagará a conta por uma mentira que não inventou.

Em questão, Philippe Coutinho, titular absoluto da Seleção e destaque desde que o treinador gaúcho assumiu o cargo – amanhã faz exatamente um ano da estreia por 3x0 sobre o mesmo Equador. O Barcelona quer comprar Coutinho, o Liverpool não quer vender, e o jogador, como forma de forçar a transferência, alegou uma dor nas costas para não jogar pelo time inglês. A novela se arrasta há quase um mês, com data para acabar hoje, último dia da janela de transferências na Inglaterra.

Fato é que nunca houve dor alguma que impossibilite Coutinho de entrar em campo, e os envolvidos sabem disso. A tal dor nas costas passou subitamente quando ele se apresentou em Porto Alegre, junto com os outros convocados. Mas Tite e a Seleção, que não inventaram a mentira, nem não vão receber um centavo caso a transferência seja concretizada, ficaram com a conta para pagar. Sem se sentir à vontade para ignorar o migué inventado pelo jogador, o que o queimaria diante do Liverpool e da torcida, Tite decidiu não escalá-lo hoje. 

Eis o absurdo: o interesse de um atleta que, não custa lembrar, em janeiro renovou contrato com o Liverpool até 2022 e aceitou os termos vigentes, que não preveem multa rescisória, prevaleceu ao interesse da Seleção Brasileira, prejudicando assim todo o grupo. Como o Brasil já está classificado para a Copa, o resultado diante do Equador não comprometerá. E se não estivesse?

Coutinho é funcionário do clube inglês e não foi coagido para assinar o contrato. Se declarou felicidade quando renovou o vínculo e passou a ganhar 150 mil libras por semana, o que na cotação atual dá cerca de R$ 2,5 milhões por mês, agora lembre de cumprir sua obrigação. O erro é unicamente dele, que não pensou na possibilidade de um dia querer deixar o Liverpool e assinou um contrato sem cláusula de rescisão. Deveria aprender com o amigo Neymar, que cumpriu rigorosamente os termos de contrato ao pagar a multa ao Barcelona e ficar livre para se transferir para o PSG.

Coutinho não é o primeiro, nem será o último. Somos referência no futebol, mas quando o assunto é respeitar contratos, infelizmente, nós, brasileiros, ainda engatinhamos.

Bahia O Bahia precisava definir logo quem seria o treinador do time até o fim do Brasileirão. Não só porque o prazo de cinco jogos dado pela diretoria expirou na derrota para o Botafogo, mas principalmente porque faltam 16 rodadas e a próxima partida é só no dia 11 de setembro. 

Hoje, Preto Casagrande completaria um mês de interinidade, tempo mais que suficiente para a diretoria ter formado uma posição a respeito do seu trabalho.  

Boa sorte a Preto, embora, na opinião deste colunista, esta não fosse a hora dele como técnico do Bahia.