Sobre Sórdida, Sobre Realidade

Paris, 07/11/1938, segunda-feira pela manhã, Herschel Grynzpan, rapaz de 17 anos, judeu, deixou seu alojamento em direção à embaixada Alemã, antes, comprou munição e um revólver calibre .32. Na embaixada, solicitou falar com alguém da equipe diplomática, foi encaminhado ao escritório de Ernst vom Rath, diplomata do baixo escalão, 29 anos. Grynszpan disparou 5 tiros contra o abdômen de vom Roth. Antes do assassinato, havia recebido um cartão postal de seu pai que o informara que sua família fora arrancada, pelas forças nazistas, do apartamento que viviam em Hanover.

Jogados num trem com outros 12.000 judeus poloneses, tinham como destino a fronteira da Polônia. Expulsos cruelmente de seus lares germânicos, não foram permitidos adentrar a Polônia, eram judeus. Antisemitismio nazista. Na fronteira em meio a caos, frio e fome, os nazistas os embarcaram em trens para os campos de concentração. Enraivecido, o jovem, antes de atirar, verbalizou vingança: “Pelo amor da minha família e do meu povo”. Dois dias após, vom Roth faleceu.

Munique, 09/11/1938, Hitler e Goebbels estavam juntos, o ministro da propaganda do “3º Reino”, ao receber a notícia da morte do diplomata em Paris, entoou um discurso antisemita que deu origem à “Kristallnacht”, a “Noite dos Cristais”, assim batizada pela destruição de vitrines das lojas dos judeus, identificados com a pichação da estrela de Davi. Naquela noite, 85 anos atrás, foram destruídas centenas de sinagogas, casas, e cemitérios judeus, além da prisão de dezenas de milhares de inocentes, enviados aos campos de concentração. Hitler iniciara o extermínio do povo judeu, resultando na morte de mais de 6 milhões de judeus.

Moscou, 24/02/2022, verão passado, a partir do Kremlin, Putin manda invadir a Ucrânia, cuja população decidiu se alinhar com o Ocidente e vinha pleiteando, há cerca de 18 anos, o ingresso na OTAN. O exército russo invade com tanques e outros veículos de guerra marcados com um “Z”, e um exército paramilitar da mais crueldade humana, denominado “Wagner”, homenagem a um nazista, sob argumento infame de livrar a Ucrânia do nazismo e reaver a terra que pertenceria à “Mãe Russa”. O ditador, que governa assassinando a quem ele quiser, viu no judeu Zelensky, filho de judeus, tios assassinados no Holocausto, um líder fraco (pesquisas davam aprovação de apenas 28% e o governo era acusado de corrupção na época invasão). Errou feio na avaliação, o genocida mentiroso Russo encontrou Zelensky e o povo unidos pela pátria. Ainda serão estudados como heróis da resistência.

Chibok, Nigéria, 14/04/2014, terroristas do Boko Haram, fundamentalistas que sujam os preceitos de paz e amor no Alcorão, tal qual Hamas, Al Qaeda, Talebã e o Hezbollah, com o objetivo de estabelecer um estado islâmico na região, raptaram 276 meninas adolescentes em uma escola, estupraram-nas, queimaram suas partes intimas com ferro em brasa, e submeteram-nas à escravidão. Um horror fundamentalista.

Buenos Aires, 18/07/1994, um veículo carregado de explosivos, estacionado em frente à Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), foi detonado contra judeus, 85 mortes e centenas de feridos pelo Hezbollah, terroristas libaneses, com sede no Qatar.

Clermont, França, 1099 d.c., o Papa Urbano II lança uma expedição militar das Cruzadas, para conquistar Jerusalém, sob domínio muçulmano. Milhares de praticantes inocentes do islamismo foram mortos. No caminho, entre a França e a Palestina, comunidades judaicas foram massacradas.

Jerusalém, 33 d.c., morre Jesus Cristo crucificado. Uma motivação por parte dos romanos panteístas e das autoridades judaicas. Jesus Cristo, pregador através de parábolas, enfatizava a generosidade, a misericórdia e o cuidado com os pobres, nesta ótica, cobrança de juros pegava mal. No Torá, a fonte de orientação espiritual e comportamental judaica, a cobrança de juros é permitida para povos não judeus. As comunidades judaicas se protegiam, cobrando juros de católicos, muçulmanos e quaisquer outros, menos entre si. Os Cruzados massacraram Judeus para alivio dos católicos endividados.

Riad, neste Sábado, 11/11/2023, a Liga Árabe, composta por 22 países, o Brasil é observador, dado que existem mais de 11 milhões de cidadãos de ascendência árabe no país, sobretudo libaneses, se encontra para endossar o apoio ao estabelecimento de um Estado Palestino e condenar a defesa israelense em resposta ao apocalíptico terrorismo do Hamas, que vitimou mais de 1.400 judeus, entre os quais até bebês decapitados.

Riad, neste Domingo, 12/11/2023 a Organização de Cooperação Islâmica, 57 países, se reúne, com a presença inédita do presidente do Irã. Arábia Saudita é o país mais poderoso do Oriente Médio. Os EUA mediavam um entendimento, através do Acordo de Abraão, para que os Sauditas reconhecessem o Estado de Israel, como já haviam feito os Emirados Árabes e o Barhein. Recentemente, a China intermediou um acordo entre os Sauditas e os Iranianos para que se unissem em favor de um bloco de países independentes da influencia americana, Arábia Saudita reviu sua posição.

17/11/1948, a União Soviética reconhece o Estado de Israel.

Ao longo dos séculos, a região da Palestina foi controlada por uma série de impérios e potências, incluindo os egípcios, hebreus, assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, bizantinos, islâmicos árabes, cruzados cristãos, mamelucos, otomanos , britânicos, Autoridade Palestina e agora os terroristas do Hamas.

É impressionante o “opinionismo" vigente, daqueles que ignorante e ideologicamente entendem a questão de maneira binária, maniqueísta, oprimidos e opressores. Incapazes de demonstrar empatia pelo povo judaico tão perseguido. Como esquecer do holocausto? Será a inveja pela capacidade de multiplicar capital, de conquistar prêmios Nobel, de criar e transformar a realidade com tecnologia?

O paradoxo de três religiões monoteístas, nos últimos 21 séculos, realizarem “Guerras Santas” (?), é uma sórdida realidade. Hoje, Israelitas, Palestinos e Ucranianos são vítimas de sanguinários, déspotas tirânicos, psicopatas, extremistas a torto e à direita, terroristas e, o pior, apoiados por ideologias políticas de extremos no conforto dos seus lares além mar.

Espanha, Córdoba, 1.137 d.c. nasce Maimônides, judeu, fugindo da perseguição religiosa, foi parar no Egito, liderado por Saladino, o Sultão que reconquistou Jerusalém, em 1.187 d.c., derrotando os Cruzados Católicos. Na corte de Saladino, o judeu Maimônides exerceu a medicina e procurou aprofundar o seu conhecimento judaico e ligá-lo à racionalidade Aristotélica, criou o “Guia dos Perplexos". Saladino, muçulmano, desfrutou da inteligência de Maimônides e permitiu o culto judaico e católico em Jerusalém, sob vigília do Islã. O que falta ao mundo em 2023 para termos líderes como Saladino? Da beleza do sincretismo baiano é muito difícil compreender o que se passa nos últimos 3.000 anos na região dos Filisteus.

Matheus Oliva é criador da MO - Movimento & Oportunidade [email protected]