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Escolinha de Salvador oferece bolsas de estudo para crianças negras e indígenas


 

Projeto conta com financiamento colaborativo; dá para contribuir com R$5 mensais

  • Da Redação

Publicado em 11/10/2021 às 19:44:00
Atualizado em 21/05/2023 às 09:33:09
. Crédito: Foto: Divulgação

“A bolsa oportunizou que eu e a minha família, porque tudo que vivemos lá, vivemos em família, crescêssemos juntos. Se não fosse esse projeto, não teria a oportunidade de contar sobre o impacto tão positivo que a Maria Felipa promove para todas, todos e todes nós, para a subjetividade da minha filha. Esse é um legado para ela como mulher negra”. A  afirmação é Mila Costa, mãe da Maya Costa, bolsista do projeto Adote um/uma Educande, da Escolinha Maria Felipa, em Salvador.

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Famílias residentes em bairros periféricos ou quilombos urbanos poderão concorrer a 05 bolsas para uma educação com perspectiva coletiva, emancipadora, que liberta e é equânime para suas crianças, através da terceira edição do Adote um Educande, a partir do dia 12 de outubro. O edital está disponível neste link e é direcionado a crianças negras e indígenas em situação de vulnerabilidade, com renda familiar de até 1,5 salário mínimo.

As inscrições para concorrer às bolsas estudantis, divididas em duas para o grupo dois, duas para o grupo três e uma para o grupo cinco, podem ser realizadas até o dia 01 de novembro. O projeto, que existe na escola desde 2019 e já beneficia 10 crianças, busca abrir possibilidades futuras para a vida das pessoas negras e índigenas, que ainda hoje vivem o genocídio múltiplo, fisíco, dos conhecimentos, matrizes religiosas e memória, trabalhando desde a infância.  É possível colaborar com a campanha com apenas R$5 por mês (Foto: Divulgação) O Adote um Educande tem relação direta com a idealização da Escola, a primeira escola afro-brasileira do Brasil, que com uma formação afrocentrada e decolonial pretende reconstituir o tempo presente e dar coletivamente novos passos a uma emancipação social não só oferecendo a bolsa, mas custeando os materiais didáticos pedagógicos, aconselhamento psicológico de cada criança contemplada. O projeto é um compromisso social que a Escola estabelece com a sociedade e com as famílias que vão crescendo junto com a trajetória da instituição, que se organiza para acompanhar a criança até onde puder. 

“Pensamos em atingir a criança no sentido mais amplo, no acesso e permanência na Escolinha, além da transformação das famílias a partir do projeto, pois acreditamos que a educação deve ser com plena participação e acolhimento de todas(os). Então, se uma criança se atrasa, se algo está acontecendo, buscamos dar suporte, amparo, para além das bolsas. É importante para nós compreender que não é a bolsa pela bolsa”, disse Lorena Dias, secretária da Escola.

A instituição que busca ser um instrumento transformador na memória de nossas crianças e entende que grande parte da população negra vive em condições de trabalho subalternizadas, tem a preocupação de aproximar essas pessoas que não podem acessar a EMF pagando as mensalidades, ainda que seja abaixo dos valores das demais escolas particulares.

“Compreendemos que não teríamos conosco essas famílias em situação de maior vulnerabilidade e a criação do Adote um Educante é justamente para que possamos ter suporte para geração e manutenção dessas bolsas e do objetivo da EMF de fazer diferença na vida da população negra a partir de referências e representatividade positivada”, diz Bárbara Carine, idealizadora e consultora pedagógica da Escolinha. 

Para a mãe Janice Pereira, ter a sua filha Kaiala, uma das dez bolsistas do programa, estudando na Maria Felipa é a realização de um grande sonho e a certeza de uma educação forte, onde ela vai aprender muito sobre a cultura dela. “Ter ela lá é formar uma mulher negra mais fortalecida, é uma oportunidade única e já vemos esse impacto dentro de casa, na forma de Kaiala se colocar e saber o papel dos negras/os/es na sociedade. Essa bolsa trouxe mudanças a toda nossa família. Projeto como o Adote Um Educande nos faz fortes enquanto povo”, disse Janice Pereira. Além de Kaiala, outras 9 crianças são contempladas pelo projeto. Uma 'vaquinha' de financiamento colaborativo é a maneira de manter as adoções. Saiba como contribuir mensalmente clicando neste link. É possível ajudar com 5 reais mensais. 

Processo seletivo A seleção das bolsas é dividida em 3 fases: 1. Envio da documentação por e-mail 2. Avaliação diagnóstica da documentação 3. Entrevista pela comissão avaliadora. Os inscritos devem enviar para o email Escolinha (escolinhamariafelipa@gmail.com) os documentos: - RG e CPF do grupo familiar (residentes da mesma casa) - Documentação da criança - Uma foto 3x4 - Cartão de vacina - Documentos de comprovação de vulnerabilidade social (CadÚnico ou Cartão Bolsa Família), comprovação de renda ou ausência de renda, carteira de trabalho, últimos três contracheques, comprovante de residência (caso seja alugada, fazer declaração assinada com o próprio punho).