Goleira vai ao médico e é diagnosticada com 'doença homossexual'
Funcionário de hospital afirma que há vários casos similares envolvendo o mesmo médico
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Da Redação
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Goleira do time de futebol CAP Ciudad de Murcia, na Espanha, Alba Aragón foi ao Hospital Reina Sofía para um exame ginecológico. Até aí, tudo dentro do normal. Só que a jogadora, de 19 anos, voltou para casa com o diagnóstico de "doença homossexual".
A jovem havia ido ao centro de saúde, tido como referência na região, com queixas relacionadas à irregularidade do ciclo menstrual. Durante a consulta, falou abertamente para o ginecologista que era gay.
"Eu disse a ele minha orientação sexual caso influenciasse no diagnóstico, e não notei nada de estranho, o médico não fez nenhum comentário. Depois, ele me perguntou se eu me importaria se ele colocasse isso no relatório, e eu disse que não", contou Alba, ao jornal La Opinión de Murcia.
Em seguida, a jogadora recebeu o diagnóstico emitido pelo ginecologista e foi para casa. Só então que percebeu o que estava escrito no laudo."Eu gosto de mulheres desde os 15 anos e não tenho vergonha de dizer. O que eu não esperava é que aparecesse no relatório literalmente como uma doença", relatou, ao El Español.Alba, então, retornou ao hospital com sua família, para reclamar do ocorrido e, segundo ela, quem a atendeu “nos disse que já havia recebido várias reclamações desse ginecologista pelo mesmo problema”.
Em busca de ajuda, a goleira dirigiu-se ao coletivo LGBTQIA+ Galactyco, que, por sua vez, enviou cartas ao Serviço de Saúde, exigindo retificação imediata e um pedido de desculpas à paciente pelo tratamento humilhante e discriminatório.
O caso foi divulgado pelo clube da atleta, o CAP Ciudad de Murcia, que demonstrou apoio.
"Queremos denunciar publicamente a degradante discriminação sofrida pela nossa goleira Alba no Hospital Reina Sofia. Exigimos que as responsabilidades sejam esclarecidas, e apoiamos incondicionalmente a jogadora em sua corajosa reclamação".
O Serviço de Saúde pediu desculpas e atribuiu o ocorrido a um "erro de computador". Ministro da Saúde local, Juan José Pedreño afirmou que erro do profissional, que teria registrado a orientação sexual de Alba no local errado do formulário.
O Hospital Reina Sofía também se retratou, em nota. "Lamentamos profundamente o erro cometido ao coletar os dados no relatório clínico do ginecologista que tratou a paciente".
A mãe de Alba, porém, pretende prestar queixa formal contra o Serviço de Saúde e o médico que atendeu a filha.