Copa América e São João animam venda de fogos em Salvador
Como época inspira cuidados, veja dicas para evitar acidentes
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Gabriel Amorim
gabriel.amorim@redebahia.com.br
Quando chega junho, a festa junina remete a vários símbolos característicos, como os fogos de artifício, que acabam movimentando um grande mercado no período. Este ano, com a Copa América e o São João, a expectativa é que os 'pipocos' sejam ouvidos por toda a cidade. Para fazer a alegria dos adeptos da brincadeira, 13 comerciantes do produto dividem espaço na tradicional Feira de Fogos de Salvador, em Stella Maris. Os comerciantes esperam que o movimento cresça ainda mais nos próximos dias.
Responsável por uma das barracas da feira, o comerciante Paulo Andrade, que há três anos faz parte dos expositores da feira, conta que o melhor ainda está por vir. “As pessoas deixam tudo sempre pra última hora, então é a partir desta quinta (feriado de Corpus Christi) que o movimento vai aumentar”, explica.
Com o feriado junino na segunda-feira (24), a expectativa é que a feira ainda esteja cheia no final de semana. Na barraca de Paulo, ele espera que o movimento cresça pelo menos 20%, em relação ao ano passado. O comerciante Paulo Andrade mostra os produtos mais procurados nesse São João (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) O comerciante explica que o perfil de seus clientes é muito variado e que, por isso, a diversidade de produtos precisa ser grande. “Tem aqueles que vem com as crianças, só para o traque de massa, tem gente que investe um pouco mais, até quem se organiza em grupo para poder investir numa queima maior”, detalha. Dentre os campeões de venda, segundo Andrade, o traque de massa garante sempre o primeiro lugar. Um conjunto com 20 caixinhas sai por R$ 15 na sua barraca.
Além do preferido da criançada, ainda se destacam nas vendas a famosa chuvinha (entre R$ 10 e R$ 15); o 'vulcão' (entre R$ 10 e R$ 20) e o foguete, brinquedo preferido dos adultos, que sai por R$ 20.
Na barraca Andrade, um cliente gasta, em média, R$ 200 com os produtos. Quem compra os fogos para uma queima maior, como a de um condomínio, por exemplo, pode investir entre R$ 250 e R$ 300 em um só produto.
Alegria
Quem curte ver o colorido no céu provocado pelos fogos é a estudante Beatriz Pires, 12. “Traz alegria pra gente, pra mim, meu irmão e minhas primas, que passamos o São João juntos na fazenda”, explica a garota. Pai de Beatriz, o criador de orquídeas, André Lima, 50, diz que a queima de fogos é tradição na família, mas que a chegada das crianças acabou modificando um pouco a brincadeira. “O foco agora é comprar fogos que sejam adequados para a idade das crianças”, explica André, que já comprou os produtos que levará para a fazenda da família, em Mata de São João O funiconário público Marcel dos Santos levou a familia para escolher os fogos (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Outra família que garante a alegria das crianças com os fogos é a do funcionário público Marcel dos Santos, 29. Pai do pequeno Micael de três anos, Marcel conta que a brincadeira ficou ainda melhor com a chegada do garoto. “Eles gostam, ficam felizes, e a gente se diverte junto, não é?”, questiona. O pequeno Micael concorda. “É colorido, estoura, é legal”, diz ele, que pela idade ainda se diverte olhando.
Cuidados
Em comum, Marcel e André tem a preocupação de comprar os produtos adequados para as crianças. Cuidar da segurança na hora da compra dos produtos é, inclusive, bastante necessário. É o que explica o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Jadson Almeida. “A gente entende que os fogos fazem parte do São João, do brilho do evento, mas requer cuidados porque é um produto que oferece risco. Faz parte da tradição, da cultura. mas devemos nos divertir com segurança”, alerta.
Em 2018, foram contabilizados 75 atendimentos nos hospitais do Estado. O Hospital Geral do Estado (HGE) teve o maior número de ocorrências relacionadas aos festejos juninos, com um total de 43 atendimentos, sendo 11 vítimas de queimaduras por fogos e 32 por explosão de bomba. Os dados são da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Os cuidados para evitar os acidentes são simples e devem ser tomados em algumas etapas até que os fogos estejam colorindo o céu. “Tem que se tomar cuidado desde a aquisição dos produtos, seu transporte e até a sua utilização”, explica o tenente-coronel.
No caso da compra, é importante realizá-la em local autorizado pelo Corpo de Bombeiros, como é o caso da Feira de Fogos em Stella Maris.
Outros cuidados importantes dizem respeito ao armazenamento para transporte, já que o produto não pode ser abafado - colocado em bolsos ou porta-malas, por exemplo. “Às vezes a pessoa coloca no porta-malas para viajar e com o calor de algumas regiões da Bahia, pode acabar gerando uma combustão”, explica o oficial do Corpo de Bombeiros.
Além do transporte é preciso prestar atenção no manuseio do produto. Cada tipo de explosivo ten a sua forma de uso e é classificado com uma categoria. A classificação varia da classe A - que representa produtos de poder explosivo menor e que podem até ser manuseados por crianças, desde que supervisionadas - até as classes C e D - que necessitam de um profissional para a queima.
O tenente-coronel alerta ainda para alguns acidentes comuns. “O acidente que mais acontece é o que a gente chama de efeito retardado, quando a pessoa pensa que o produto não funcionou e vai acender novamente, ai o fogo acaba explodindo na mão da pessoa”, explica, chamando atenção para os casos de falha, onde o explosivo deve ser descartado. Outra conduta que deve ser evitada é a de colocar os explosivos dentro de objetos como tijolos ou garrafas. “Com a explosão, parte do objeto pode acabar ferindo a própria pessoa”, diz.
Controle Ainda segundo o tenente-coronel Almeida, é preciso entender que este é um tipo de produto que oferece riscos aos usuários. “Mesmo com todo o controle que é feito, ainda é arriscado, principalmente quanto aos produtos de origem clandestina”, esclarece.
Buscando coibir práticas ilegais no mercado de fogos de artifício, a operação “Em Chamas” vem sendo realizada desde abril deste ano. Envolvendo policiais civis da Coordenação de Fiscalização de Produtos Controlados (CFPC), Delegacia do Consumidor (Decon) e de unidades territoriais, além de prepostos da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA) e Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon), a operação concluiu sua sexta etapa na última sexta-feira (11) com a apreensão de 10.450 fogos de fabricação artesanal, além de 600 espadas em Salvador e Região Metropolitana. PRODUTOS MAIS VENDIDOS NA FEIRA DE FOGOS
Traque de massa - R$ 15 (vinte caixas) Chuvinha - de R$ 10 a R$ 15 Vulcão - de R$ 10 a R$ 20. Foguete - R$ 20 Pancadão - R$ R$ 50. Aviões - R$ 15 Paraquedas - R$ 18 Noturno - R$ 15
*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier