Assine

Jovem morta no Rio Vermelho era proibida de frequentar casa da irmã do namorado


 

Em depoimento, irmã de José Luiz também contou que Kezia não participava de eventos da família

  • Da Redação

Publicado em 19/10/2021 às 20:41:00
Atualizado em 22/04/2023 às 16:20:07
. Crédito: Reprodução

Uma das testemunhas do inquérito que apura o feminicídio da jovem Kezia Stefany da Silva Ribeiro, 21 anos, pelo advogado criminalista José Luiz de Britto Meira Júnior, a irmã do único suspeito afirmou, em depoimento à Polícia Civil, que a vítima estava proibida de frequentar sua casa e que, também, não frequentava os eventos da família.

De acordo com documento obtido pelo CORREIO, a irmã de José Luiz disse que o namoro de dois anos e meio era permeado por um histórico de agressões.

A testemunha também afirmou que José Luiz era "completamente apaixonado" por Kezia e que seu irmão era "constantemente agredido" pela companheira.

Segundo o depoimento da familiar dele, o advogado criminalista chegou em sua casa na madrugada da morte da jovem com as roupas cobertas de sangue e uma aparência desnorteada.

Ele teria chegado relatando uma briga com a namorada, na qual ela teria buscado uma faca para o agredir e a arma em seguida. Ela contou que segundo ele, ao tentar tomar a arma de Kezia, teria dado um disparo acidental e, em seguida, a levado ao Hospital Geral do Estado, onde não permaneceu por "estar desnorteado".

Leia também: Antes de ser baleada, jovem foi até portaria e falou com porteiro: 'Luiz quer me matar' 

"Que por volta das 03 do dia de hoje, a declarante estava dormindo, momento em que começou a ouvir alguém batendo na porta de seu apartamento de maneira desesperadora; que na sequência a declarante se levantou e se deparou com seu irmão com a roupa completamente ensanguentada e aparentava estar totalmente desnorteado; que José Luiz contou que teve uma briga com a namorada; que Kezia o agrediu fisicamente, fez uso de uma faca para atacar seu irmão", diz trecho do interrogatório.

O caso aconteceu no Rio Vermelho, na madrugada do último dia 17. Em relatos do porteiro, também obtidos em primeira mão pelo CORREIO, o casal chegou ao Terrazzo Rio Vermelho, situado na Rua Barro Vermelho, por volta das 1h30. Cerca de cinco minutos depois, ele percebeu que havia uma confusão no prédio e que uma mulher gritava por socorro. Ele relatou à polícia que, por volta das 2h, Kezia acessou o elevador e chegou à portaria “estando ensanguentada, afirmando: ‘Luiz quer me matar'".

O porteiro relatou à polícia que na hora acalmou Kezia, pedindo que ela ficasse na portaria. A namorada do advogado criminalista ficou no local por 15 minutos e depois decidiu retornar ao apartamento onde morava com o acusado. Logo em seguida, o porteiro ouviu um tiro. Minutos depois, Luiz bateu no vidro da portaria, “pedindo auxílio e depois desceu, voltando para o apartamento, trazendo a Sra. Kezia que estava baleada (sic)”, conforme trecho do documento.

“Que o Sr Luíz arrastava o corpo da mesma, segurando-a na altura do busto e deixou o corpo da mesma ali, enquanto ia buscar o carro para deixar em posição mais próximo da portaria e saiu dali, tendo o depoente informado os fatos à polícia (sic)”, detalha outro trecho do interrogatório. 

No final do depoimento, um policial perguntou se o porteiro tinha conhecimento de brigas anteriores do casal.

“Positivamente, inclusive algumas vezes pediu para proibir a entrada dela no condomínio, e o depoente registrou, mas depois era o próprio Sr Luiz quem levava a mesma para o imóvel, mas nunca percebeu uma confusão como a de presente data”, diz o último parágrafo do interrogatório. 

A reportagem vem tentando falar com o advogado Domingos Arjones, que representa José Luiz de Britto Meira Júnior, mas não conseguiu até o momento.

Tiro acidental Em entrevista ao CORREIO horas depois do crime, o advogado Domingos Arjones, que representa José Luiz de Britto Meira Júnior, confirmou o que disse a irmã do suspeito.

 “Ele disse que estavam tendo uma discussão de casal quando ela teria pegado a arma. Ele foi tentar tirar da mão dela e, no momento da confusão, a arma disparou”, explica. Na briga, ainda segundo o advogado, o rapaz também foi ferido, mas não por arma de fogo, que ele tem porte e está legalizada.  “Ele a levou para o HGE no carro de sua irmã. O pessoal pediu para ele estacionar o carro e, como estava de bermuda e sem documentos, foi para a casa da irmã. A polícia chegou lá no momento em que ele estava tomando banho para ir se apresentar na delegacia”, afirmou Arjones à época.