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Nigeriano que mora em Salvador diz ter sido enganado para aparecer em vídeo do governo


 

Professor aparece cantando hino nacional com ministros de Bolsonaro; assista

  • Da Redação

Publicado em 12/09/2019 às 15:35:00
Atualizado em 20/04/2023 às 06:32:07
. Crédito: Foto: Reprodução

Foto: Reprodução Professor de línguas em Salvador, o nigeriano Dammy Damilare Falade denunciou em sua conta no Instagram que foi enganado por uma equipe da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para aparecer em vídeo sobre o Hino Nacional Brasileiro. 

A peça foi usada como propaganda para o governo Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro. Ao gravar o vídeo, Bolsonaro cantou “margens flácidas” em versão que não foi ao ar.

“Detesto tudo que esse governo representa”, escreveu o nigeriano, que explicou como foi induzido a gravar. A filmagem ocorreu no dia 27 de agosto deste ano, quando ele viajou a Brasília para renovar o visto de permanência no país.

Ao passar pelo Museu Nacional, ele foi abordado por um grupo de dança que lhe pediu para fazer uma apresentação em um lugar público.

“Cheguei em frente do Museu Nacional, e vi um pessoal com câmeras, imaginei que eles fossem turistas também. Fui lá e dei meu celular para um deles me filmar dançando. Depois da minha dança, fui pegar meu celular de volta e me disseram que estavam fazendo um documentário sobre o hino nacional que existem muita gente que não sabem cantar e cantam engraçado, e pediram para eu tentar cantar”, explicou ele, que dá aulas e faz traduções de inglês, francês e iorubá.

O professor Dammy, porém, diz ter ficado surpreso quando começou a ser perguntado por amigos, no WhatsApp e Instagram, sobre sua participação no vídeo usado pelo governo nas comemorações do Sete de Setembro.

“Eita, f... com a minha imagem”, disse ele em resposta a um amigo que lhe enviou a imagem pelo WhatsApp. Dammy afirma que não sabia da intenção da filmagem e não assinou nenhum termo para ceder sua imagem ao filme.

Responsável pela gravação, a EBC alegou que a equipe “informou que o vídeo institucional, sem fins comerciais, estava sendo produzido para divulgação da Presidência da República”, sem responder se foi feito algum tipo de contrato.

O CORREIO tentou falar com o professor, mas ele não respondeu às tentativas de contato até a publicação desta matéria.