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Réveillon de Salvador tem ocupação de 100% nos hotéis da capital


 

Secult estima que cada visitante movimentará, em média, R$ 980

  • Da Redação

Publicado em 28/12/2018 às 17:01:00
Atualizado em 19/04/2023 às 07:08:06
. Crédito: irmãs paraibanas Iohana Queiroz, 23, e Leandra Alves, 14 estão hospedadas em Salvador - Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Em setembro de 2017, a incerteza tomava conta da empresária Lígia Uchôa, 46. Há um ano gerindo o Salvador Mar Hotel, que fica próximo ao Centro de Convenções da Bahia, o fechamento do equipamento a tinha levado para o que ela definiu como “o fim do poço”. Para manter o hotel em funcionamento, Lígia chegou a vender seu apartamento e carro, mas a ocupação da hospedaria não saía dos 30%. Neste dezembro, no  entanto, o cenário é outro.

Para o Réveillon, a ocupação do hotel será de 100%. O motivo, para Lígia, é um só: a realização  do Festival da Virada, que será realizado a 1,9 km do hotel, na Arena Daniela Mercury. “Chegaremos a 100%. O turista está voltando, as coisas estão melhorando porque a economia do país está melhorando”, comemora ela. 

Não é só o hotel de Lígia que estará completamente ocupado neste fim de ano. De acordo com o trade turístico, a cidade de Salvador terá ocupação total durante o Réveillon, um crescimento de 3% em relação ao ano passado. A cidade conta com 40 mil leitos, somando aqueles fornecidos por hotéis, pousadas e albergues.“O Réveillon de Salvador passou a ser uma festa de calendário turístico da cidade graças à grade de festas, que voltaram a ser um produto desejado nacional e internacionalmente”, comemorou Glicério Lemos, presidente  da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA).Recuperação Lemos conta que o destino tinha tradição forte de atrair turistas no Réveillon “anos atrás” e que a ocupação 100% é um sinal de recuperação do setor. “Depois desse auge há anos, nós perdemos isso. Agora, nós recuperamos e só podemos comemorar essa ocupação. Isso é sinal que a cidade toda vai ficar lotada, não só os hotéis”, destacou Lemos.

"Com todo esse fluxo, a cidade espera movimentar R$ 500 milhões em sua economia, gerando emprego e renda tanto para o comerciante informal quanto para o empresário e dono de grandes hotéis. Por isso, essa festa é tão importante do ponto de vista de geração de receita  para Salvador. Todos saem ganhando", disse o titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Cláudio Tinoco.

Salvador top As irmãs paraibanas Iohana Queiroz, 23, e Leandra Alves, 14, estão há uma semana hospedadas no Salvador Mar, em Armação. Depois de conhecer Pelourinho, Barra, Litoral Norte e Ribeira, curtiam a piscina do hotel à espera dos primeiros shows do Festival Virada. Vieram na intenção das apresentações de Léo Santana, Aviões do Forró e Wesley Safadão e só vão embora no dia 1º. "Salvador é top demais. Não quero ir embora, não!", disse Iohana.

Com a demanda, o hotel transformou uma das suas salas de reunião em quarto. "Aqui a gente vai chegar a 101%", brincou o recepcionista, que preferiu não se identificar. Enquanto isso, um  grupo de cinco pessoas de Santo Estevão, a 155 quilômetros de Salvador, chegava de um passeio na praia. Na terça-feira, quando se hospedaram, não sabiam da festa. Mas... "Rapaz, a gente ficou sabendo e já tá super animado. Tem muita atração boa! Ele mesmo ia embora antes e já tá pensando em ficar", disse Murilo Pereira, 28 anos, apontando para um amigo que é fã de Zezé de Camargo & Luciano, uma das atrações.

O presidente do Salvador Destination, Roberto Duran, destacou que outras 54 categorias serão impactadas com a presença de turistas em Salvador. De acordo com ele, o resultado do turismo no final do ano foi possível por conta da divulgação do Réveillon de forma antecipada pela Prefeitura de Salvador, que organiza o evento. 

“Não adianta só fazer a festa, mas deve-se colocar a programação ou vender o evento com antecedência, para que as pessoas se programem para viajar”, ponderou Duran. Ele destacou que a hotelaria é “apenas uma peça da engrenagem” e que diversos setores ganharão com o evento. 

No Faro Hotel, que fica bem em frente ao antigo Centro de Convenções, os dias de ocupação mais fortes dos 252 quartos serão 30 e 31, quando deve chegar a 100%. Normalmente, o hotel, que há um ano mudou de grupo gestor, trabalha entre 40% e 50% de ocupação."Quando tinha o Centro de Convenções, o antigo grupo só trabalhava com o hotel cheio. Agora, temos que administrar isso. No Festival Virada vamos fazer uma gordurinha", diz a gerente substituta Nildes Novais.Ela cita a exibição da última novela das 21h da Rede Globo, Segundo Sol, como outra atração para os turistas. "O pessoal já chega perguntando sobre o Réveillon e também sobre os locais onde tinha filmagem da novela", afirma.

Para o trade turístico, outras formas de hospedagem, como Airbnb e AlugueTemporada, também estão se beneficiando com o volume de turistas vindo para Salvador.

Para  Silvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação do Estado da Bahia (FeBHa), a vinda de turistas também impacta a longo prazo. “Todos que saírem falando bem da cidade - que ela está arrumada, do jeito baiano de receber as pessoas - voltarão para cá e também irão falar bem para os amigos. E a melhor propaganda é o boca a boca”, ressaltou Pessoa.

A expectativa da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) é de atrair 460 mil turistas, resultando em um acréscimo de 7,2% em comparação ao evento do ano passado, quando a capital baiana recebeu 430 mil visitantes. O festival deverá movimentar  R$ 500 milhões na economia da cidade, gerando emprego e renda para uma cadeia produtiva que vai desde o comércio informal até o setor empresarial. 

A Secult estima que cada visitante movimentará, em média, R$ 980, subdivididos nos setores de alimentação (35%), deslocamento interno (29%), compras (18%), hospedagem (14%), guias e excursões (2%) e espetáculos em geral (2%). De acordo com a Associação Integrada de Vendedores Ambulantes e Feirantes da Cidade de Salvador (Assidivam), a arrecadação média esperada para os festejos de fim de ano gira em torno de R$ 500 e R$ 1.500 diários, relativos à comercialização de bebidas, lanches, balas e souvenirs.