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Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A sigla SOS, que se tornou um pedido de socorro reconhecido internacionalmente, foi a forma de comunicação criada pela Oscip Rio Limpo para buscar os caminhos da revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes e se constituiu em tema de sessão especial na Câmara Municipal de Salvador, no último dia 6. A bacia está inserida na APA Joanes-Ipitanga, respondendo pelo abastecimento de 40% da água de três dos sete municípios da Região Metropolitana. A situação do Rio Joanes é similar a muitos casos no Brasil. Ampliando a visão pela Bahia, encontramos a Bacia do Rio Salitre, afluente do Rio São Francisco que banha nove cidades, e a Bacia do Rio Almada, no Sul do estado, abrangendo oito municípios também em estado de degradação.>
Como secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República, cargo ocupado até março deste ano, pude coordenar a Conferência de Autoridades Locais e Regionais no 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília. Na ocasião, conheci o Programa Cultivando Água Boa, premiado internacionalmente, que, com o apoio da Itaipu Binacional, atuou na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná com 29 municípios e a população em torno de um milhão. Empregaram o Triple Bottom Line, que significa o tripé de sustentabilidade com aspectos sociais, ambientais e econômicos. Às margens dos rios ficavam cultivos de soja, suinocultura, avicultura e outros, que contaminavam os rios por agrotóxicos e esgotos. Hoje, a bacia encontra-se recuperada. Esse programa uniu, além do esforço das políticas públicas e da participação da sociedade civil organizada, a comunidade local que foi congregada a entender que o seu envolvimento e comprometimento seriam fundamentais. Um dos fatores de sucesso foi a aplicação da educação ambiental como item mobilizador para a ação.>
Cito esse exemplo replicado em outras localidades para dizer que o movimento SOS Rio Joanes caminha numa trilha promissora e traz esperança de dias melhores para a Região Metropolitana. A Carta do Rio Joanes produzida no seminário do dia 5 de abril deste ano, realizada pela Oscip Rio Limpo e com a curadoria do secretário de Planejamento de Lauro de Freitas, Mauro Cardim, se apresenta como estrutura facilitadora para o alcance dos objetivos. Como vereador de quatro mandatos, sempre estive preocupado com as questões do meio ambiente, apresentando o projeto IPTU Verde, já em funcionamento, cuja intenção é mudar o padrão das construções de Salvador na busca de economizar água e energia.>
A ONU aponta que até 2050 existe a possibilidade de que 70% da população esteja vivendo nos centros urbanos, aumentando em 50% a demanda de água e outros serviços. Se hoje caminhamos para um estado de falência do ecossistema, o que faremos em 30 anos com o aumento da demanda dos serviços hídricos? O início da solução para resolver essa equação se encontra hoje e somos todos responsáveis. Precisamos nos unir e fortalecer formando elos, para que a Carta do Rio Joanes não seja apenas um documento, mas uma realidade.>
Paulo Câmara é vereador de Salvador>