Baiana fatura R$ 1,5 milhão com comida regional na Austrália

Chef Taty Albano chega a receber 400 pessoas por mês no seu restaurante Bahia e deve lançar uma linha de produtos no início do ano que vem

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  • Priscila Natividade

Publicado em 29 de setembro de 2024 às 11:00

Taty Albano é chef de cozinha no Restaurante Bahia, em Sydney, Austrália
Taty Albano é chef de cozinha no Restaurante Bahia, em Sydney, Austrália Crédito: Acervo Pessoal

Moqueca, bobó de camarão, cocada, bolinho de estudante. Não é difícil encontrar pelo menos uma dessas iguarias – se não todas elas – no cardápio do restaurante típico de comida baiana mais próximo. Mas e se você estiver do outro lado do mundo quando bater essa vontade de comer um acarajé?

“Você vê o brasileiro emocionado e, muitas vezes, chorando por recordar as suas raízes e o sabor de casa. Trazer a nossa cultura para a Austrália e apresentá-la através da gastronomia é muito gratificante. Minha inspiração é saber que represento o meu povo e a minha culinária em um país tão distante. Procuro manter a originalidade dos pratos até mesmo na forma de como servir”, conta a chef de cozinha baiana Taty Albano (@cheftatyalbano/@bahia.restaurantepizza.au) que mora em Sydney há quase 10 anos.

Um restaurante chamado Bahia. O nome do lugar não poderia ser outro, já que Taty queria se manter conectada com a sua cozinha de origem e fazer referência às suas raízes. “No Bahia, eu sirvo opções autênticas com moquecas em pratos de barro que vieram da Feira de São Joaquim, que trago comigo toda vez que viajo ao Brasil. O nosso cardápio tem ainda rabada, sarapatel, dobradinha e muito mais. Decidi abrir um restaurante com algo que as pessoas pudessem recordar suas casas, os almoços de domingo em família, o caruru na casa da avó e o tempero caseiro”.

"Decidi abrir um restaurante com algo que as pessoas pudessem recordar suas casas, os almoços de domingo em família, o caruru na casa da avó e o tempero caseiro"

Taty Albano
chef de cozinha

E a Bahia foi se espalhando por Sydney. Hoje, a chef chega a receber um fluxo de 400 pessoas por mês que vão em busca de uma boa dose de dendê. “Desde que cheguei, já fazia encomendas e realizava festivais de cultura e gastronomia, mostrando para o mundo como a nossa comida se assemelha a de outros países com o uso do amendoim, coentro, leite de coco, pimenta e gengibre. As pessoas sempre me cobravam um local para reunir os amigos e matar a saudade de casa. Foi aí que decidi abrir o restaurante. Recebemos pessoas de todos os lugares, inclusive modelos brasileiras da Vogue como Amira Pineiro e Louyse Mateus”.

Feliz de quem encontra essas iguarias em Sydney. A chef chega a faturar 400 mil dólares autralianos por ano (algo em torno de R$ 1,4 milhões). “Os australianos também apreciam bastante o nosso dendê. Eles amam, sentam, comem e saboreiam. Sem dúvida, as moquecas não podem faltar no cardápio. Até reclamam quando, por alguma razão, não fazermos as moquecas, o que é raro de acontecer. Dentro do nosso cardápio, os valores são diversos. A moqueca, por exemplo, custa 80 dólares australianos (R$ 297) e o acarajé, 17 dólares australianos (R$ 63). Assim, a gente vai movendo o mercado e dando também oportunidade a outros brasileiros e baianos a trabalharem conosco”, diz a Taty, que tem na equipe do restaurante três brasileiros – dois deles, baianos – uma colombiana, um nepalês e uma chinesa. Mesmo que o restaurante tenha tempero e referências da Bahia, a chef não nega a saudade de Salvador.

Carro-chefe do restaurante Bahia é a moqueca. Mas a chef Taty Albano serve também acarajé, vatapá, caruru, feijoada e rabada
Carro-chefe do restaurante Bahia é a moqueca. Mas a chef Taty Albano serve também acarajé, vatapá, caruru, feijoada e rabada Crédito: Acervo Pessoal

“Sinto muita falta do calor do nosso povo, da nossa receptividade e alegria e foi justamente por isso que eu quis abrir o restaurante, para de alguma forma me sentir mais próxima dos meus. O baiano é caloroso, acolhedor, é disso que estou falando. Juntar a comida com o nosso calor humano faz do Bahia um restaurante cheio de axé para dar a quem chega”.

Sabores

Sobre os insumos, ela diz que os principais ingredientes para garantir a preparação dos pratos mesmo tão longe daqui são os fornecedores africanos, assim como as lojas asiáticas. “Sempre gostei de explorar novos lugares e a Austrália é um destino gastronômico muito interessante por ser um país multicultural. Tenho orgulho de ser uma mulher preta, levando o que há de bom da Bahia para o mundo. As pessoas precisam saber disso, precisam saber que é muito gratificante levar nossos sabores para aqueles que nos dão a oportunidade de mostrar”.

A chef chega a receber um fluxo de 400 pessoas por mês, entre brasileiros e também australianos
A chef chega a receber um fluxo de 400 pessoas por mês, entre brasileiros e também australianos Crédito: Acervo Pessoal

Além do restaurante, Taty Albano tem uma empresa de eventos que participa de festivais e fornece serviços de bufê particular. O próximo passo agora é lançar a sua própria linha de produtos de culinária baiana no início do próximo ano. O mix da ‘By Chef Taty Albano’ conta com farinha de vatapá, cocada na versão branca e queimada, pimenta, kit acarajé, kit abará, mais os pratos congelados de comida baiana, entre eles o bobó de camarão, rabada, moqueca de tilápia e até feijoada. Também vai ter farofa nos sabores coco e castanha, tradicional e baiana apimentada e azeite de dendê. “Cada um agora vai poder saborear a comida baiana em casa e até mesmo arriscar elaborar um vatapá para comer fresquinho e acompanhado de uma boa comida”, completa.