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Roberto Midlej
Publicado em 15 de junho de 2025 às 07:51
Em 2016, pela primeira vez, dois concorrentes dividiram o prêmio Braskem na categoria de melhor ator: João Guisande e Danilo Cairo. O feito, que nunca mais foi repetido, torna-se ainda mais curioso porque os dois estavam na mesma peça: Bululú - Estórias da Invenção do Mundo. Não bastasse isso, a montagem levou o prêmio de melhor espetáculo adulto.>
Somente neste final de semana (14 e 15), o público de Salvador terá uma nova chance de ver a performance de Guisande e Danilo na premiada peça, que retorna aos palcos em curtíssima temporada na Casa Rosa, no Rio Vermelho. A volta, dez anos após a estreia, é também uma comemoração dos 18 anos da Toca Criações Artísticas, idealizado por Danilo como um território de criação coletiva, fundado por alunos da Escola de Teatro da Ufba. A estreia do Toca aconteceu em 2008, com o musical Atire a Primeira Pedra. Realizou também Amnésis (dirigido por Meran Vargens) e, mais recentemente, Chame Gente, com direção de Paula Lice, além de performances, oficinas e até documentários.>
A nova montagem de Bululú mantém o texto original de Moncho Rodríguez e a direção continua creditada ao mesmo Moncho, espanhol que viveu em Salvador e morreu em 2023. Bululú mostra o encontro dos comediantes Amadeus (Cairo) e Bartolomeus (Guisande), que se preparam para encenar um espetáculo sobre a invenção do mundo. Mas, durante o processo, Bartolomeus questiona ao colega por que eles insistem em ser artistas. É, portanto, um exercício de metalinguagem: o teatro dentro do teatro. “Começamos, então, a nos questionar, por que continuamos fazendo teatro e se faz sentido continuar fazendo teatro diante de tantas questões”, diz Danilo.>
“A peça é um questionamento sobre o ofício da arte e isso continua extremamente atual, contemporâneo. Falamos da valorização do artista e é um discurso pela defesa da arte, pela necessidade do artista como uma figura importante”, diz o intérprete de Amadeus.>
Para Danilo, um diálogo no final da peça tem significado especial, quando Bartolomeus pergunta ao amigo ‘quanto custa o que fazemos?’. Amadeus então responde: “Não me diga que esgotou seu tesouro, porque poderão não existir poetas, mas continuarão existindo a poesia e o teatro. Quanto custa uma palavra Tanto quanto custa a minha vida!”.>
Danilo já contracenou com Guisande em algumas ocasiões, além de Bululú. Uma delas foi em Amnésis, em 2013. “Temos uma química ótima entre nós, é incrível! Temos um jogo de entendimento pelo olhar, uma parceria rica, um jogo vibrante. Nos comunicamos muito bem em cena e dizem que formamos uma dupla que funciona muito. Ele é grande ator, inteligente… formamos uma dupla muito afinada”, festeja o ator.>
Danilo faz muitos elogios a Moncho, com quem trabalhou em outras montagens. Nascido na Galícia, região da Espanha, era estudioso da cultura popular de seu próprio país, além de Portugal e Brasil. “Era completamente apaixonado pela cultura popular e as obras dele, de alguma maneira, trabalhavam muito a relação do ator com o espectador. Fazia um teatro celebrativo, provocador e poético. Tem uma forte camada de lirismo e poesia nas obras dele, que são lindas! Em Bululú, é assim: as pessoas riem muito, porque os questionamentos são através do humor e da ironia”.>
Serviço: Bululú - Estórias da Invenção do Mundo. Sábado (14), às 20h, e domingo (15), 17h e 20h. Ingressos: R$ 20 / R$ 10 >
Samba junino do Vai Kem Ké anima a Federação neste domingo>
Os grupo de samba junino Vai Kem Ké vai se reunir neste domingo (15) para celebrar a obra do Maestro Augusto Conceição, artista referência no gênero na Bahia e que morreu em abril deste ano. O show, gratuito, será às 16h, na Casa do Maestro, na Federação, local onde o coletivo nasceu. A apresentação terá 14 músicos das gerações de 2018 e 2020: Alvinho, Danilo Navarro, Dinha Dórea, Julinha Carvalho, Larissa Lima, Lomanto Oliveira, Jalmy, Marreco, Rafaela Mustafa, Raiala Conceição, Romero, Ruan de Souza, Thor e Yanna Vaz. O reencontro é fruto de um projeto escrito por Rafaela Mustafa e Danilo Navarro junto com o próprio Augusto Conceição. No entanto, o maestro morreu antes da realização da iniciativa. Então, o grupo, junto com a família do artista, decidiu manter a homenagem, agora póstuma. Embalados pelo samba duro, pelas letras brincantes e pelas coreografias, o grupo Vai Kem Ké celebra o samba junino, patrimônio imaterial de Salvador, através da obra de um dos seus músicos mais emblemáticos, Augusto Conceição, e de grandes sucessos do samba de roda de conhecimento popular. >
SERVIÇO: Samba do Vai Kem Ké. Domingo (15), às 16h. Casa do Maestro, Rua Mestre Pastinha, 365 - Federação. Grátis>