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Roberto Midlej
Publicado em 21 de abril de 2025 às 09:30
O experiente jornalista cultural André Barcinski, de 56 anos, tem a vida profissional bem agitada. Dá uma olhada em algumas coisas que ele anda fazendo: em seu site (andrebarcinski.com.br), publica textos quase todos os dias; é crítico de cinema e música da Folha de S. Paulo; está finalizando a segunda temporada de uma série sobre o pop brasileiro e já tem esboços para um filme sobre Nelson Ned, que deve sair em breve. Não bastasse isso, há cerca de um ano, ele decidiu lançar um canal no YouTube, Barulho, que é o nome de um de seus livros mais conhecidos. >
No canal, Barcinski publica vídeos sobre os mais diversos assuntos da cultura pop, especialmente cinema e música. Os temas são os mais diversos: tem desde o infantil Alvin e os Esquilos até o rock psicodélico. Só não espere ver o óbvio por lá, afinal, é como diz logo na descrição do canal: “Quer saber sobre o último filme da Marvel? Então sugiro procurar em outro lugar”, recomenda o jornalista.>
“Muita gente está fazendo coisas sobre o tema do momento, sejam novelas, BBB ou filmes. E eu não tenho paciência para disputar este mercado”, revela Barcinski. O critério, portanto, é absolutamente pessoal, baseado no gosto do próprio jornalista. Se está lendo um bom livro, ele vai lá e recomenda. Se revê um filme antigo de que gosta, nasce um novo vídeo. Foi assim, por exemplo, que surgiu a lista Meus Cinco Filmes Policiais Prediletos, em que destaca Operação França (1971), com Gene Hackman. >
Há também um outro em que aponta suas comédias favoritas e é notório que Barcinski não tem preconceito: ele vai do clássico A General (1926), exemplar do cinema mudo, até o besteirol Corra que Polícia Vem Aí (1988). Os comentários são sempre informais, como se o jornalista batesse um papo com o espectador, muito à vontade.>
Nada impede que Barcinski fale também de produções atuais, como a série Adolescência, sucesso recente da Netflix. Mas isso é quase acidental: “Mas é raro: me pauto por temas que eu goste e que considero relevantes. Não fiz nada sobre o Oscar ou Grammy, não tenho essa preocupação”, diz.>
E, se você ainda duvida de que Barcinski não prioriza agradar os algoritmos, conheça o quadro fixo Vai Interessar a Sete Pessoas, em que ele fala de artistas e filmes muito pouco conhecidos. Um dos mais interessantes é sobre a Witch, uma banda fundada nos anos 1970, no Zâmbia, na África.>
E no Globoplay, está uma das mais interessantes produções em que Barcinski se envolveu: História Secreta do Pop Brasileiro, que ele criou e dirigiu. A série documental visita a cultura pop brasileira dos anos 1970 e 1980 e fala, entre outros assuntos, da música infantil deste período. Há um episódio ótimo sobre os “falsos gringos”, que eram cantores brasileiros que cantavam em inglês e juravam ser americanos. Um deles era Fábio Júnior, que se apresentava como Mark Davis.>
Lançada em 2019, a série ganha em breve uma segunda temporada, que já está sendo concluída. Também está nos planos um livro sobre Mister Sam, um DJ argentino que tem orgulho de ser o criador de uma artista fundamental para o pop nacional: Gretchen.>
Emanuelle Araújo lança canção com Ilê>
Já está nas plataformas de música a canção Cadência Nobre, que Emanuelle Araújo gravou com participação do Ilê Aiyê. A composição é da dupla Tenison Del Rey e Edu Casanova, que têm composições gravadas por Ivete Sangalo, Chiclete com Banana e Daniela Mercury, entre outros artistas. Segundo o crítico de música Sérgio Martins, em material de divulgação do single, a canção "passa exatamente a sensação de paz que invade a nossa alma após presenciar um desfile do Ilê Aiyê – a força da percussão, encorpada por teclados (que emulam a sonoridade da axé music da virada dos anos 1980 e 1990) e uma orquestra de cordas, que faz 'cama' para a voz adocicada de Emanuelle, o que resulta num clima celestial". A cantora lembra como foi apresentada à composição: “Estava na minha casa em São Paulo quando recebi a música, em versão voz e violão. Foi tão impactante que comecei a chorar. Meu marido perguntou até o que tinha acontecido. Disse: ‘Me dê solidão e não te preocupa porque é uma coisa boa’”. A maior parte das gravações aconteceu em Salvador, no estúdio W.R. As cordas têm uma peculiaridade: foram gravadas pela Tallin Studio Orchestra, grupo sinfônico da Estônia. >