Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Mulher morre e só é achada 42 anos depois, com TV ainda ligada

Caso de Hedviga Golik revela abandono e isolamento extremo em plena capital croata

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 7 de junho de 2025 às 10:42

Hedviga Golik
Hedviga Golik Crédito: Reprodução

Uma cena em Zagreb, na Croácia, surpreendeu autoridades do país pela magnitude do abandono: o corpo mumificado de Hedviga Golik, enfermeira nascida em 1924, foi descoberto no apartamento em que morava sozinha, no bairro de Medveščak. A morte, segundo estimativas, havia ocorrido 42 anos antes. O caso foi em maio de 2008.

A idosa vivia reclusa em um apartamento de apenas 18 metros quadrados, localizado no sótão de um prédio de quatro andares na capital croata. O estilo de vida solitário e os hábitos considerados excêntricos levaram os vizinhos a manter distância. Hedviga evitava o contato social, recorrendo a métodos inusitados, como o uso de um balde preso a uma corda para enviar sua lista de compras a vizinhos mais solícitos, sem jamais sair de casa para adquiri-las pessoalmente.

Após seu desaparecimento, especulou-se que teria ido morar com parentes ou mesmo se unido a uma seita religiosa, hipótese alimentada por rumores à época. A ausência prolongada não gerou, no entanto, maiores investigações. A verdade só veio à tona décadas depois, quando representantes do prédio decidiram iniciar reformas e notaram que o apartamento de Hedviga permanecia inacessível e sem resposta a notificações.

Ao arrombarem a porta, encontraram a moradora deitada em sua cama, coberta por cobertores, com uma xícara de chá ao lado e a televisão ainda ligada. O ambiente permanecia praticamente intacto, dominado por teias de aranha e com sinais de que ninguém havia entrado ali desde sua morte. A autópsia não conseguiu apontar a causa exata da morte, mas indicou que o falecimento teria ocorrido durante uma estação fria, o que contribuiu para o processo de mumificação natural do corpo.

Na época, o caso teve ampla repercussão internacional. O The Guardian chamou atenção para a omissão coletiva que permitiu que uma morte passasse despercebida por mais de quatro décadas, criticando tanto vizinhos quanto autoridades. O Daily Telegraph, por sua vez, levantou a questão dos pagamentos contínuos de contas de eletricidade, revelando que o arquiteto responsável pela construção do edifício, falecido em 2005, era quem vinha quitando as despesas do imóvel.

Já o New York Times utilizou o episódio como símbolo extremo do isolamento nas sociedades urbanas contemporâneas, refletindo sobre como o individualismo crescente e a falta de laços comunitários podem levar a situações tão drásticas quanto a de Hedviga Golik.