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Estrutura usada por órgãos de trânsito ajuda hospital baiano a otimizar a liberação de leitos

Administrado pelo Einstein Hospital Israelita, o Hospital Ortopédico tem o único centro de operações do Nordeste

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 11 de dezembro de 2025 às 10:15

Centro de Controle Operacional (CCO) do Hospital Ortopédico do Estado da Bahia, inspirado nas outras unidades Einstein do país
Centro de Controle Operacional (CCO) do Hospital Ortopédico do Estado da Bahia, inspirado nas outras unidades Einstein do país Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Em uma das paredes, oito painéis de LED são atualizados em tempo real. Diante de cerca de 15 computadores, 44 profissionais se revezam para acompanhar as informações em constante mudança 24 horas por dia. Poderia ser um centro de controle dos órgãos de trânsito, transporte ou mesmo de segurança.

Mas esse Centro de Controle Operacional (CCO) é diferente - e está dentro de uma unidade de saúde. Se um paciente precisa ser transportado e o maqueiro está demorando demais, a equipe vai saber ali. Se uma ala específica tem cinco pacientes prestes a receber alta, a atualização também chega imediatamente por ali. Se um leito necessita de higienização, o acompanhamento vai ser por ali.

Desde o início da implementação, em julho, o CCO do Hospital Ortopédico do Estado da Bahia (HOEB), unidade 100% SUS administrada pelo Einstein Hospital Israelita, já conseguiu alcançar resultados importantes: a taxa de ocupação cresceu 12,3%, em comparação ao ano passado, enquanto o volume de pacientes aumentou 24%. Tudo isso com a mesma estrutura disponível.

“A gente consegue ter essa visibilidade em tempo real e fazer o redimensionamento da equipe no decorrer do dia observando as telas”, diz a coordenadora de fluxo e experiência do paciente da unidade, Janiely Anjos, que supervisiona a equipe responsável pelo CCO. “Os painéis mostram para a gente onde estão os gargalos e os horários com as maiores demandas para que a gente consiga reduzir os tempos de atendimento”, explica.

O equipamento é o primeiro em um hospital do Nordeste - entre privados e públicos - mas tem a referência de outros centros já estruturados em outras unidades do Einstein, inclusive o complexo Morumbi, em São Paulo. O sistema já é adotado em outros hospitais públicos administrados pelo Einstein em São Paulo e, lá, o tempo médio de liberação de leitos já foi reduzido em 23%, em 2023, quando foi implementado no CCO.

Nas telas do HOEB, há desde o perfil dos pacientes internados até o tempo de transporte e a ocupação dos leitos em cada ala. Entre os profissionais, há enfermeiros, técnicos em gestão e médicos. Até o primeiro trimestre do ano que vem, novas telas devem ser incluídas, agora também com projeções para cada atividade. Os novos painéis devem indicar, entre outras coisas, há quanto tempo um paciente espera por um exame e qual é o status desse pedido.

Até agora, o tempo médio de permanência já caiu 23,5%, enquanto o giro de leitos aumentou 42,5% em comparação ao ano passado. Segundo a instituição, isso significa que os tratamentos estão sendo tratados de forma mais eficaz e que a operação ficou mais dinâmica e eficiente. Pelas estimativas da equipe, é como se 38 leitos de internação tivessem sido criados de forma virtual.

Metas

Num dia como a última quarta-feira (10), um dos focos de atenção da enfermeira sênior Larissa Cunha, que acompanha o CCO, é a rotina das cirurgias eletivas. “A gente fica supervisionando para ver se os pacientes vão ter alta e se vamos ter leito para todo mundo que precisa internar para fazer cirurgia à tarde”, conta.

Larissa já tinha trabalhado em uma das unidades do Einstein em Goiânia, onde também atuou no CCO. “Aqui, eu sinto que a gente está um pouco mais na frente, porque começamos colocando o hospital em andamento. A gente consegue assumir sem nenhum vício nos processos”.

O intervalo de substituição - ou seja, o tempo entre a alta de um paciente e a entrada de outro - caiu 73%. Esse período, que chegava a ser de quatro dias (quando pacientes estão em cidades distantes), caiu para 24 horas. Antes, quando a vaga aparecia, o paciente poderia demorar dias para receber a informação - passando pelas secretarias municipais e estadual, por se preparar para a viagem, por conseguir uma ambulância e chegar aqui. O leito ficava reservado para essa pessoa, mas, na prática, estava vazio.

“A primeira forma é ter uma comunicação bem estrita com os municípios através do sistema de regulação. A jornada do paciente envolve muita coisa da porta para fora, mas também da porta para dentro. Das 24 horas, 12 horas que conseguimos reduzir foram de processos internos, como os relacionados à limpeza”, afirma o diretor do hospital, Roger Monteiro.

Outras medidas, como a meta de dar alta até 11h, também ajudam a otimizar os processos. Assim, há mais tempo para que as ambulâncias de outros municípios cheguem a Salvador. “Não tem bala de prata na saúde. O que a gente é uma série de fatores que, quando a gente junta tudo, entrega muito valor. A repercussão disso é que dá acesso, que é o que a gente chama de equidade na saúde”, enfatiza.

De acordo com ele, a decisão para trazer o CCO para a Bahia veio a partir de dois pilares: a eficiência e a especificidade. “Um dos grande desafios que o SUS enfrenta é ser mais eficiente, é como aplicar o dinheiro público e os recursos em favor da população. O centro de comando aumenta a eficiência das atividades do hospital. O segundo pilar é que a gente está falando do maior hospital, em volume cirúrgico, de ortopedia do país. A ortopedia é uma especialidade única da medicina, que navega pelos extremos. Em uma cirurgia, precisa de material especial”, explica.

Além disso, ele lembra que a própria Bahia tem suas peculiaridades - é o quarto maior estado, em dimensão territorial, tem mais de 400 municípios e muitos que ficam a mas de mil quilômetros de distância de Salvador.

“A central de comando é o grande cérebro do hospital. Se eu fosse definir, diria que ela é a torre de controle do aeroporto. Se não tivesse a torre, (o aeroporto) ia funcionar, mas ia ser ineficiente, ter mais acidentes, congestionar a pista. Com a central, a gente toma decisões em tempo real para tornar o processo mais eficiente”, acrescenta.

Esses métodos foram implementados também com a ajuda de um engenheiro, que foi contratado para trabalhar dentro do hospital. Depois de trabalhar por mais de uma década na indústria automobilística, hoje o engenheiro eletricista Allan Rebolho atua como consultor de melhoria contínua do hospital.

Foi justamente da indústria que vieram algumas das metodologias adotadas no CCO. “É uma metodologia que vem da indústria para reduzir variabilidade de processo. A gente identificou tudo que tinha gargalo para fazer uma análise estatística e identificar onde perdia mais tempo”.