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Priscila Natividade
Publicado em 25 de agosto de 2024 às 05:00
A chegada da aposentadoria, um roteiro fora do tradicional e uma vontade imensa de continuar a aprender mais. O médico Carlos Augusto Pereira, de 73 anos, colocou tudo isso na mala e embarcou rumo a Malta, na Europa, para fazer um programa de intercâmbio. “A aposentadoria me propiciou passar o tempo necessário para aprender inglês sem toda aquela preocupação do trabalho. Bom, eu escolhi Malta considerando alguns fatores. Não conhecia e era uma oportunidade de visitar um país que está fora dos roteiros tradicionais”, conta. >
Durante 15 dias, Carlos conseguiu não só conhecer uma cultura diferente e interagir com uma diversidade de sotaques da língua inglesa, mas também, reviver em um lugar totalmente novo, a rotina de uma sala de aula, com horário, frequência regular e até dever de casa. >
“O intercâmbio foi uma experiência singular para mim. Reconhecer minha capacidade de voltar à escola e aprender. Isto é simplesmente revelador e mostra seu potencial, por vezes adormecido. E este é o grande legado do Carlos de antes e do Carlos de depois”. >
Carlos Augusto Pereira
médicoO interesse por investir em idiomas (47,4%), seguido da realização do sonho de conhecer países e culturas diferentes (26,3%) estão entre as principais motivações que levam cada vez mais pessoas com idade acima dos 50 anos a buscarem programas de intercâmbio. A constatação é da Associação Brasileira de Intercâmbio (Belta), que acrescentou ainda à lista de fatores, o interesse em investir em uma formação ou carreira internacional (21,1%) e a chance de vivenciar uma experiência internacional capaz de conciliar estudo, trabalho e turismo (5,3%), como explica presidente da entidade, o Alexandre Argenta: >
“A gente sabe que realizar um intercâmbio em qualquer idade é uma excelente maneira de expandir conexões culturais e criar memórias. No entanto, o que temos percebido é um movimento crescente de pessoas com 50 anos ou mais que desejam explorar novos lugares e culturas, aproveitando a aposentadoria ou a fase intermediária da carreira para realizar sonhos e vivenciar experiências novas. Algumas também enxergam o intercâmbio como uma chance para atualizar habilidades, adquirir novas competências ou explorar novos campos de trabalho”. >
Os dados são da Pesquisa Belta 2023, divulgada em maio, que apontou também que mais da metade das pessoas 50+ que buscam esse programa são mulheres (53,2%). Já sobre os principais países escolhidos por estudantes dessa faixa etária, o destino preferido é o Reino Unido com 26,3%. Canadá (21,1%) e Estados Unidos (20,9%) ocupam a segunda e a terceira posição no ranking.>
Viajante ‘inveterado’ desde muito jovem - como o próprio Carlos diz - o médico acaba de completar 2 anos que fez o seu primeiro intercâmbio. No entanto, ele já pensa investir em um novo programa, dessa vez, acompanhado da filha e da neta. “É algo a se pensar. Elas estão pesquisando pacotes para irem juntas e querem me incluir. Na hora da escolha do programa levei em consideração a faixa etária dos participantes para um melhor entrosamento tanto social quanto didático. Importante assinalar que na escola não havia essa separação e é muito bom estarmos em sala com pessoas de variadas faixas etárias”.>
Diretor da CI Intercâmbio e Viagens Salvador, Hiury Leonel, confirma que essa tendência só aumenta, o que tem feito com que as agências pensem em mais opções de programas e pacotes totalmente voltados para esse público. “Claramente, a demanda tem aumentado ano após ano. Tivemos um crescimento muito relevante neste sentido, algo em torno de 18% e ele está associado também à descoberta da possibilidade por esse público de viver essa experiência”.>
Hiury Leonel
diretor da CI Intercâmbio e Viagens SalvadorEm outubro, a CI vai levar um novo grupo para Itália para uma imersão de duas semanas. Até o momento, resta só uma vaga. “ Criamos o Itália Immersione, que combina estudo da língua, aulas de gastronomia e turismo na Toscana, tudo isso numa das cidades mais icônicas da Itália: Florença. O sucesso é tão grande que já estamos nos organizando para lançar o Itália Immersione 2025 e também o França Immersione 2025”. >
Já para a Diretora do Roda Mundo Intercâmbio, Roberta Gutschow, não podem faltar nos pacotes voltados para essa faixa, além do curso de idioma, passeios e atividades culturais, além de assistência total durante toda a viagem. Na agência, os mais procurados são o para Malta, África do Sul, Itália, Inglaterra e França. >
“São destinos muito interessantes em termos de cultura e passeios. O custo também é menor, quando comparado aos destinos mais tradicionais. A média de preço de um intercâmbio 50+ no período de duas semanas, incluindo curso, passeios e acomodação custa cerca de R$ 13 mil, variando um pouco conforme o câmbio. Tem ainda os gastos extras com passagem, seguro-viagem e mais o dinheiro para levar”, afirma. >
A gastróloga Theresa Cristina Souza Bittencourt, 57 anos, está contando os dias para o intercâmbio que vai fazer na Itália. Ela já tinha viajado antes para o país, porém, o olhar agora é diferente: “Teremos aulas da língua Italiana associada a gastronomia, nada melhor para um adulto, aprender outra língua, na prática. E, além das aulas, teremos visitas técnicas nas vinícolas, isso faz um diferencial enorme. É a oportunidade de um passeio aliando técnicas e a experiência de degustação de produtos produzidos no local”, afirma. >
A imersão é uma oportunidade de vivenciar a teoria da gastronomia italiana que ela tem adotado nos seus preparos. “Estou sempre em busca de conhecer e aprender de tudo um pouco. Participar desse intercâmbio é renovar minha visão de futuro. Fator que considero fundamental para a longevidade e para uma vida mais feliz. A Itália que me aguarde”, completa. >
1. Para começar, na hora de escolher o destino do intercâmbio, considere fatores como a língua falada no país, a sua cultura, o custo de vida e as oportunidades acadêmicas ou profissionais disponíveis, além das opções turísticas. >
2. Busque todas as informações possíveis sobre o destino. Pesquise as possibilidades que ele oferece de escola, acomodações e lazer. Cada destino tem uma característica, e, nesse sentido, é importante haver compatibilidade entre ele e o intercambista. Isso vai ajudar muito na adaptação. >
3. É importante também contar com o apoio de uma agência especializada. Várias agências estão de olho nesse público e já começam a ofertar pacotes e programas específicos voltadas para o público 50/60+ e seus principais interesses. Além disso, a agência vai dar todo o suporte antes e durante a viagem, principalmente para quem vai viajar sozinho. >
4. Ouça outros intercambistas. Converse com quem já passou por essa experiência, peça dicas, recomendações e orientações. >
5. Planejamento e antecedência também são dois fatores importantes. A depender do tempo de duração do intercâmbio, podem ser necessários documentos, emissão de vistos e outros trâmites fundamentais para a viagem. Geralmente, a recomendação da agência é de, no mínimo, três ou quatro meses antes da data da viagem. >