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Donaldson Gomes
Publicado em 28 de outubro de 2025 às 11:00
Três dos quatro municípios baianos que aparecem entre os 100 com maior renda per capita do Brasil têm no agro a sua principal vocação econômica. Os três – Formosa, São Desidério e Jaborandi – se juntam a outros quatro que estão no grupo dos maiores PIBs agrícolas do país – Barreiras, Correntina, Luís Eduardo e Riachão das Neves. Grandes produtores, possuem mais uma coisa em comum, estão a mais de 1 mil quilômetros de Salvador e dependem de uma infraestrutura eficiente para o escoamento da sua produção. >
Em uma situação parecida estão os produtores de frutas no Vale do São Francisco – que enfrentam uma distância menor em relação aos portos na Baía de Todos os Santos, mas têm o desafio de movimentar produtos mais sensíveis que os grãos e as plumas do Oeste. Com as estimativas oficiais indicando que o agronegócio baiano seguirá crescendo nos próximos anos, o grande desafio do setor passa pela construção e otimização da estrutura logística e de transportes. >
Bahia Forte: empresas transformam
Com grande exportador de celulose, o Terminal de Contêineres do Porto de Salvador (Tecon Salvador), do grupo Wilson Sons, passou os últimos anos se preparando e trabalhando para atrair mais cargas do agronegócio baiano e de regiões fronteiriças. Encontrou na fruticultura e na produção de algodão dois grandes cases de sucesso. >
De 2023 para cá, o Tecon ampliou em dez vezes a quantidade de contêineres movimentados com algodão, atingindo a marca de 5,7 mil unidades na safra atual. Pelo Porto de Salvador, a produção do Oeste vai para mercados como a Europa e a Ásia. Atualmente, o Tecon possui uma capacidade de estufagem retroportuária para 35 contêineres por dia. No caso da movimentação de frutas, o volume escoado passou de 7,2 mil contêineres por ano em 2022 para 9,7 mil este ano. >
Demir Lourenço Junior, diretor-executivo do Tecon Salvador, destaca o papel que a atividade portuária tem no fomento ao desenvolvimento. “Eu gosto sempre de lembrar que antes dos investimentos que fizemos em nossa estrutura, o nosso algodão precisava percorrer mais de 2 mil quilômetros até Santos e mais de 2,5 mil quilômetros até Paranaguá”, lembra. >
Infraestrutura atrai cargas do agronegócio para Salvador
“Os investimentos que fizemos em infraestrutura de 2018 para cá é que estão reduzindo as distâncias entre o setor produtivo e os mercados que eles querem alcançar”, completa Lourenço. >
Segundo ele, além de ter permitido que o Tecon atenda à demanda do interior da Bahia, os investimentos estão tornando o terminal um atrativo para cargas de outros estados. >
Segundo o diretor do Tecon, até mesmo em relação ao mercado dos Estados Unidos está sendo registrado um crescimento na movimentação. “O volume de cargas está aumentando, mesmo para os Estados Unidos, na comparação com o ano passado, apesar da imposição de tarifas pelo pelo governo Trump”, destaca. “Quando falamos do algodão, o crescimento tem sido exponencial. Além disso, o terminal movimenta celulose, sisal, minérios, além de outros produtos agrícolas como café e cacau. >
Além dos investimentos em equipamentos e melhorias tecnológicas, Demir Lourenço Junior ressalta o esforço da equipe em vender os serviços oferecidos no porto. “O algodão, que é um caso emblemático, veio para cá depois que nosso time mostrou aos produtores que esse passeio logístico pelo Brasil era desnecessário, temos tudo o que é necessário para movimentar a carga”, comenta, lembrando que desde o ano passado Salvador passou a contar com uma rota marítima direta para a Ásia, o que torna o porto ainda mais atrativo. “Tudo isso ajuda a encurtar distâncias e a tornar o porto cada vez mais atrativo”, acredita. >
Por conta destas condições, hoje o Tecon já movimenta carne produzida no estado de Tocantins, que antes saia do país pelo Porto de Vila do Conde, no Pará. E a empresa do grupo Wilson Sons segue ampliando o horizonte. Segundo Demir, Salvador tem competitividade até para atrair a carne de Rondônia, que hoje desce para Santos.>
As apostas para o futuro, completa o executivo, são de trazer cada vez mais produtos tanto da Bahia quanto de estados vizinhos, como Minas Gerais, Goiás, o Sul do Maranhão e Piauí, por exemplo. No casos dos dois estados nordestinos, a ideia é atrair cada vez mais cargas de algodão>
Agro pujante>
Na safra 2025/2026, a produção agrícola na região Oeste da Bahia, principal área produtora do estado, deverá ocupar mais de 2,2 milhões de hectares de área para a soja, com uma produção superior a 9 milhões de toneladas. O milho deverá render mais 1,3 milhão de toneladas, enquanto o algodão deverá render mais de 2 mil arrobas, de acordo com dados do boletim Panorama para a estimativa da produção de grãos no Oeste da Bahia, divulgado pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). >
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica um crescimento de 12,3% na produção de grãos em toda a Bahia. A expectativa positiva é confirmada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Produtos como café, com uma colheita prevista de 262 mil toneladas, cana-de-açúcar, com 12,6%, cacau, com 7%, também devem crescer. >
Na fruticultura, destacam-se as estimativas das lavouras de banana (906 mil toneladas), laranja (632 mil toneladas) e uva (102 mil toneladas), que registraram, respectivamente, variações de 4,8%, 0,3% e 84,4% em relação à safra anterior.>
O projeto Bahia Forte é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Ferbasa e Unipar, apoio da Bracell, FIEB e Wilson Sons e parceria da Braskem.>