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Donaldson Gomes
Publicado em 27 de outubro de 2025 às 11:00
A indústria fez de Camaçari a 34ª maior economia entre os municípios brasileiros, maior que cinco das nove capitais nordestinas. À frente da sede do mais importante complexo industrial da Bahia no Nordeste só Fortaleza, Salvador, Recife e São Luís. Quase cinco décadas após a sua criação, o Polo Industrial de Camaçari acumula um investimento global acima de US$ 16 bilhões – algo equivalente a pouco mais de R$ 86 bilhões. >
O polo é capaz de produzir mais de 12 milhões de toneladas por ano de produtos químicos e petroquímicos básicos, intermediários e finais, 240 mil toneladas/ano de cobre eletrolítico e de 250 mil veículos por ano, de acordo com dados do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic). O complexo fatura aproximadamente US$ 15 bilhões por ano, responde por 15% do total das exportações do estado e contribui com mais de R$ 4 bilhões em ICMS anualmente. >
Bahia Forte: empresas transformam
No decorrer dos anos, ele redesenhou a Região Metropolitana de Salvador (RMS) e teve papel central na moderna industrialização da Bahia, exercendo um papel transformador para a economia, mas também na transformação social, sustentando o crescimento de uma das maiores áreas urbanas do país. Para Erica Miura, supervisora de produção na recém-inaugurada unidade da Unipar, Camaçari é um sinônimo de oportunidade. “Minha trajetória na Unipar começou com o desejo de uma mudança profissional. Eu já possuía uma carreira consolidada em outra área da indústria química, mas buscava novos desafios e oportunidades de crescimento”, lembra. “Acabei conquistando algo muito maior do que imaginava. Além da transição para o setor petroquímico, tive a chance de participar do start-up de uma nova fábrica”, comemora. >
Para ela, cada dia ao longo dos últimos 18 meses, tem trazido aprendizados e superações. “O que torna essa experiência ainda mais gratificante é o alinhamento entre os valores da Unipar e os meus. A valorização das pessoas, o compromisso com a segurança, a busca pela excelência e a responsabilidade com o meio ambiente são princípios que também guiam minha atuação profissional”, explica Erica. >
A Unipar inaugurou no final de 2024 a sua fábrica em Camaçari. A unidade foi projetada para suprir a crescente demanda por ácido clorídrico, hipoclorito de sódio e soda cáustica — produtos essenciais para o saneamento básico e para os setores de higiene e limpeza — no Nordeste, região que deverá liderar o desenvolvimento de infraestrutura sanitária na próxima década. Com isso, a empresa colabora para que a Bahia esteja no centro do fornecimento de insumos estratégicos para esse setor, gerando alto impacto econômico para o estado.>
Trata-se do primeiro projeto greenfield da Unipar – concebido, planejado e executado integralmente pela empresa, sem aproveitar estruturas pré-existentes. A nova fábrica foi construída com tecnologia de ponta e foco em ecoeficiência, contribuindo para que o estado da Bahia se destaque nacionalmente em energia limpa e sustentabilidade. Toda a eletricidade utilizada na fábrica de Camaçari é proveniente de fonte 100% renovável, gerada no Parque Eólico de Tucano, também na Bahia. >
A fábrica foi projetada para ser uma referência em segurança, eficiência e sustentabilidade, adotando a tecnologia de membrana zero gap, que reduz o consumo de energia elétrica em aproximadamente 10% em comparação às tecnologias tradicionais. Além disso, a construção da fábrica gerou mais de 350 empregos diretos e indiretos e mantém atualmente mais de 50 postos entre próprios e terceiros, o desenvolvimento de projetos sociais em Salvador e Camaçari promovendo sinergia entre a indústria e a comunidade.>
Petroquímica é o carro-chefe do Polo Industrial de Camaçari
O economista Carlos Danilo Peres, especialista em desenvolvimento industrial do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), acredita que Camaçari é um dos grandes exemplos do poder de transformação que a indústria tem. O polo que nasceu petroquímico e depois foi ampliando o seu escopo para abarcar a produção automotiva e metal-mecânica, entre outras atividades, é um poderoso vetor de desenvolvimento, acredita. >
“Se nós fizermos um recorte apenas da atividade petroquímica, que continua a ser a mais relevante, estamos falando de 5 mil empregos diretos. Pode parecer pouco, mas na indústria existe um fator de encadeamento maior do que outros segmentos”, destaca. “O trabalhador da indústria está produzindo matérias-primas para diversas outras cadeias produtivas”, diz. Usando um modelo de cálculo criado pelo Bndes, a estimativa é de que os 5 mil empregos diretos sejam responsáveis por outros 60 mil postos de trabalho. >
Além disso, o economista explica que a média salarial elevada paga pelas empresas no polo acaba criando um efeito muito positivo na economia. De acordo com um estudo feito pela Fieb, os trabalhadores da indústria petroquímica na Bahia recebem em média R$ 13 mil brutos, mais de três vezes o salário médio pago pela indústria em geral, que, por sua vez, já remunera acima da média. Considerando a massa salarial gerada pelos empregos diretos e indiretos, Camaçari tem um impacto de R$ 3 bilhões por ano na economia da Bahia. Considerando toda a movimentação econômica, o número chega a R$ 36 bilhões e uma participação de 9% no PIB do estado.>
Principal empresa do complexo petroquímico, a Braskem é responsável por 5 mil postos de trabalho diretos e indiretos, chegando a 13 mil impactados, quando se leva em conta o “efeito-renda”, diz Magnólia Borges, gerente de relações institucionais da empresa na Bahia. Ela lembra que o número de pessoas impactadas pela operação da Braskem é maior do que a população de 130 municípios baianos. “Do ponto de vista socioambiental, a petroquímica promove ou patrocina diversos projetos que priorizam as causas de Economia Circular e Mudanças Climáticas, Educação Profissional e Tecnológica e Inclusão Social, através da geração de renda e empreendedorismo”, diz. >
Atualmente, a empresa possui oito unidades industriais na Bahia, com capacidade de produzir anualmente 5 milhões de toneladas de petroquímicos básicos e resinas termoplásticas. >
O projeto Bahia Forte é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Ferbasa e Unipar, apoio da Bracell, FIEB e Wilson Sons e parceria da Braskem.>