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Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2021 às 11:21
- Atualizado há 2 anos
A Justiça determinou a prisão do casal Adailton Maturino dos Santos e Gleiciane Souza Marturino dos Santos por envolvimento em fraudes investigadas pela Operação Immobilis, nesta segunda-feira (17). O prejuízo é estimado em pelo menos R$ 2,2 milhões.>
A prisão foi um pedido do Ministério Público (MP-BA). A justiça determinou ainda a indisponibilidade dos bens do casal, bem como de Cícero Rodrigues Ferreira Silva e Emanuela Moraes Lopes, até o valor apurado. Também foi decretado o bloqueio das contas vinculadas a eles. Adaílton e Gleiciane Maturino já estão presos em Brasília. >
Também investigados na Operação Faroeste, que apura o envolvimento de membros do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em um esquema de venda de sentenças, formação de quadrilha, grilagens de terra no oeste baiano, os dois foram denunciados na Operação Immobilis por supostas fraudes milionárias em registro e venda de imóveis. >
Leia também: Falso cônsul preso em operação contra magistrados levava vida de ostentação>
Os denunciados são suspeitos da prática dos delitos de estelionato e organização criminosa, sendo supostamente responsáveis pela captação de magistrados que, através de atos de corrupção, estariam participando de ações criminosas que tiveram como vítimas instituições financeiras e terceiros de boa-fé. >
A denúncia apontou a influência que Adaílton e Gleiciane Maturino teriam no Judiciário, se aproveitando do falso título consular e do falso prestígio com a nação estrangeira de Guiné-Bissau, para estabelecerem contato com membros do Poder Judiciário, o que facilitaria suas atuações nas fraudes que se estendem por, no mínimo, 7 anos. >
Documentos ligam casal a desembargador No último dia 27, a coluna Satélite, assinada por Jairo Costa Jr, mostrou que documentos apreendidos pela Operação Immobilis revelam o grau de intimidade entre o casal Adailton e Geciane Maturino e o desembargador afastado José Olegário Monção Caldas, este também investigado na Faroeste.>
Em buscas feitas nos endereços do casal pela Immobilis, deflagrada em 2016 para apurar transações e transferências fraudulentas de imóveis em conluio com magistrados, foi encontrado uma mensagem escrita à mão por Olegário em cartão timbrado com o nome do desembargador, na qual ele parabeniza Geciane pelo aniversário. “Geci, parabéns. Saúde, paz e felicidades. Feliz Aniversário”, diz a mensagem, seguida pelos nomes de Olegário e de duas familiares dele. >
A fotocópia do cartão foi anexado à denúncia da Immobilis contra o casal Maturino e mais quatro acusados de envolvimento no esquema, apresentada à Justiça na última sexta-feira.>
Na denúncia, que ainda estava sob sigilo, a equipe do Gaeco, grupo do MP voltado a combater organizações criminosas na Bahia, destaca que as fraudes investigadas pela Immobilis permitiram que falso cônsul se capitalizasse financeiramente para, em seguida, ter acesso “a outros agentes públicos mais poderosos”.>
“Isto resultou na ocorrência da ampla gama de atos de corrupção que envolvem diversos membros do Poder Judiciário da Bahia”, ressaltou o Gaeco, ao justificar o pedido de prisão preventiva para Adailton e Geciane Maturino, que já se encontram detidos desde novembro de 2019 no âmbito da Faroeste.>
Começo, meio e fim A coluna Satélite também havia adiantado que as investigações do MP estadual reforçam a tese de que o esquema de grilagem e venda de sentenças liderado pelo falso cônsul na Bahia tem como origem as fraudes imobiliárias arquitetadas com a participação de servidores, advogados e juízes do Piauí. Integrantes da Faroeste já haviam apontado o elo entre as negociatas ilegais com dezenas de imóveis, baseadas em decisões suspeitas da Justiça piauiense, e a teia de corrupção no Judiciário baiano chefiada por Maturino. A grana obtida antes serviu para comprar o ingresso aos círculos de poder e sentenças favoráveis.>