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Empresas se movimentam para aproveitar os “anos dourados” dos profissionais

Mercado de trabalho está descobrindo o público com mais de 50 anos

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 16 de janeiro de 2023 às 06:00

. Crédito: Divulgação

Em 2016, a PepsiCo Brasil lançou um programa chamado Golden Years – Anos Dourados, em português. A ideia era combater o preconceito geracional e fomentar a inclusão na empresa. Desde então, foram contratadas mais de 400 pessoas acima dos 50 anos por meio do programa. A empresa conta que a rotatividade entre os profissionais maduros é 49%, a quantidade de ausências é 27% e o engajamento é +3p.p maior do que outras faixas-etárias.

Assim como a gigante da indústria de alimentos, muitas outras empresas estão investindo em profissionais com mais idade, para mesclar com a força da juventude e abrindo cada vez mais oportunidades para os 50+ no mercado de trabalho. Profissionais maduros apresentam características como estabilidade, fidelidade e maior satisfação com o trabalho, indica a Pesquisa FEEx – FIA Employee Experience, edição 2022, que ouviu 190 mil colaboradores de  273 empresas. Deste total de entrevistados, 9% afirmaram ter 50 anos ou mais. 

“A maturidade promove outro olhar sobre a organização”, afirma Lina Nakata, estudiosa da FEEx. 

Diferentemente dos mais jovens, os seniores se sentem atraídos pelo alinhamento com os valores da empresa (20% versus 13%) e pela identificação com a proposta de atividades do cargo (18% versus 13%). Também percebem mais a necessidade de trabalhar: assim como os jovens, é importante para eles que as companhias promovam perspectiva de crescimento de carreira (21% versus 36%).

Quando questionados sobre os fatores de permanência, os 50+ se interessam menos (12%) por oportunidades de aprendizado e desenvolvimento do que os jovens (35%), mas desejam muito (36%) ter um sentimento de satisfação com o trabalho, o que não é tão forte para aqueles que têm de 23 a 26 anos (15%), por exemplo. 

“As pessoas com mais idade devem ser percebidas pelas suas ricas experiências e sabedoria. As empresas que não aproveitam o potencial do público 50+ ou 60+ estão perdendo oportunidades de integrar equipes diversas e inclusivas, que enriquecem a mesa de debates e ideias, e garantem o sucesso dos negócios”, conclui Lina Nakata. 

Capital intelectual Pesquisador da FEEx, Filipe Fonoff, especialista em clima organizacional e gestão estratégica de pessoas, lembra que empresas são feitas do seu capital intelectual. Neste sentido, por mais que os jovens tenham mais facilidades com determinadas ferramentas tecnológicas, a experiência tem o seu valor, acredita. 

“São as pessoas mais experientes que desenvolveram o mundo que nós temos hoje. Numa economia baseada no conhecimento, não se pode abrir mão da experiência”, pondera. “Os jovens têm mais facilidade em operar redes sociais e se virar no ambiente digital, porém isso não é sinônimo da capacidade de solucionar problemas e trazer conhecimento para dentro dos processos empresariais”, avalia. Neste sentido, ele ressalta a importância de valorizar os profissionais com mais tempo de casa. 

Filipe Fonoff explica que a retenção de profissionais seniores costuma se relacionar com contratos de trabalho mais flexíveis, com jornadas menores. “Em determinadas posições, inclusive optam-se por vínculos de trabalho mais flexíveis, porque a ideia é absorver o conhecimento deste profissional em situações pontuais, então é comum que o profissional sênior seja contratado para uma demanda específica, ou com uma carga de trabalho menor”, explica.

O pesquisador explica que o preconceito em relação ao uso de novas tecnologias acaba funcionando como uma barreira para os profissionais acima dos 50+. “Para os profissionais, eu diria que é fundamental estar atualizado com o que está sendo utilizado no meio profissional”, recomenda. 

“É muito importante que as organizações olhem cada vez mais como uma oportunidade a contratação de pessoas com mais idade porque elas são mais experientes, mais maduras, mais equilibradas e podem surpreender no desempenho”, recomenda. 

Bons resultados Carlos Domingues, gerente de DE&I, Cultura e EVP da PepsiCo Brasil, conta que a estratégia de contratação dos 50+ já faz parte da cultura e da orientação nos processos de recrutamento para as vagas da companhia. “Proporcionamos um ambiente inclusivo, onde as pessoas possam se sentir à vontade para ser quem elas são e, desta forma, estimulamos a criatividade, inovação, colaboração entre diferentes pessoas e gerações, contribuindo para engajar e atrair talentos, e para garantir a representatividade da sociedade e dos nossos(as) consumidores(as) dentro da companhia”, diz o executivo.

“Além do Golden Years, temos o grupo de afinidades Geração Única, formado por funcionários e funcionárias, para fomentar a discussão e ideias voltadas para o tema de diversidade intergeracional, propondo ações internas e externas em busca de uma maior equidade a todos e todas”, completa.

Segundo ele, o tema geracional é discutido de maneira constante, para aprofundar o conhecimento, quebrar os vieses inconscientes e corrigir percepções equivocadas sobre o envelhecimento e inclusão dos talentos 50+.  “Esses profissionais complementam as equipes com muita experiência e repertório, além de contribuírem com diferentes visões de mundo, o que tem ampliado nossas possibilidades de seguir novos caminhos e gerado resultados super significativos”, acredita.

“Os desafios, em sua maior parte, estão relacionados ao etarismo e os estereótipos voltados a pessoas com determinada faixa-etária, o que buscamos desconstruir por meio de ações de conscientização e fortalecimento do sentimento de pertencimento das pessoas 50+”, conta. “Observamos cada vez mais, a integração entre as diferentes gerações dentro da companhia, sejam em trabalhos funcionais, multifuncionais e projetos diversos. Esse engajamento e contribuição intergeracional tem se refletido em troca de experiência, complementaridade de repertório e visão de mundo”, aponta.