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Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2021 às 10:22
- Atualizado há 2 anos
A Ford vai pagar cerca de R$ 2,5 bilhões como indenização ao governo do Estado da Bahia por fechar a fábrica de Camaçari, após ter recebido incentivos fiscais desde o início de suas operações no Estado, em 2001. O acerto deve ser anunciado nos próximos dias, segundo fontes dos setores automotivo e jurídico>
O governador Rui Costa (PT) ainda teria tentado convencer a Ford a manter a operação da fábrica, onde eram produzidos os modelos Ka e EcoSport, mas, como a decisão veio da matriz americana, não teve jeito.>
É possível, contudo, que a própria Ford, ou um de seus fornecedores, mantenha uma ala da fábrica baiana para produzir peças para o mercado de reposição, projeto a ser confirmado.>
Procurado nesta quarta-feira, 16, o governo da Bahia não deu retorno sobre o assunto. A Ford disse que "não vai se manifestar sobre o tema". A empresa informou ainda que tem recebido vários contatos de interessados em adquirir as instalações da fábrica, mas nada conclusivo.>
A Ford anunciou o fechamento das fábricas da Bahia e de Taubaté (SP) em janeiro, alegando que operavam com prejuízo havia vários anos. Em 2019 o grupo já havia fechado a unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que produzia caminhões e o modelo Fiesta.>
A planta da Troller em Horizonte (CE), onde é feito o jipe T4, vai funcionar até o fim do ano e também está à venda.>
Construída por empresários brasileiros, a Troller foi adquirida em 2007 para que a fábrica da Bahia - que já tinha recebido incentivos por ter sido palco de uma guerra fiscal nos anos 2000 - pudesse desfrutar do regime especial de tributação para montadoras do Nordeste.>
O governo do Ceará acompanha as negociações com dois interessados na Troller, e torce para que o eventual comprador mantenha a produção do jipe, assim como os 500 empregos.>
Reservas Após mais de 100 anos como fabricante no Brasil, a Ford agora apenas importa modelos da marca. Ainda assim, o grupo disse que vai manter seu centro de desenvolvimento de produtos em Camaçari>
Quando decidiu deixar de produzir automóveis no País, onde foi a quarta maior montadora no ranking de vendas, a Ford disse que havia reservado US$ 4,1 bilhões para pagar despesas com baixa de créditos fiscais, depreciação, rescisões e indenizações de governos, trabalhadores, fornecedores e concessionários. Fontes ouvidas pelo Estadão acreditam que o valor já foi ultrapassado.>
Trabalhadores A Ford já fechou acordos de indenização com os cerca de 5 mil trabalhadores de Camaçari e Taubaté, após entendimento os sindicatos de metalúrgicos locais. Cada um deles recebeu no mínimo R$ 130 mil, além de direitos normais de rescisão de contratos.>
A fábrica de Taubaté atualmente passa por processos de desligamento e desmontagem de equipamentos, com menos de 60 funcionários. Não há informações de interessados em adquirir as instalações.>
Após quase um ano de negociações lideradas pelo governador de São Paulo, João Doria, que queria outra montadora para o lugar da Ford, a fábrica do ABC foi adquirida por um grupo da área imobiliária que está transformando o local em um grande centro logístico.>
Não há informações de como está o acerto de contas com os fornecedores de peças. Já com os concessionários, que ameaçaram ir à Justiça, a empresa preferiu fazer acertos individuais. A Ford informou que "continua com excelente progresso nesta questão, mas ainda tem negociações à frente".>
Do total de 283 lojas, a Ford vai ficar com 120 para vender os modelos importados, entre eles os utilitários-esportivos Territory, da China, e o Bronco, do México. As demais buscam novas bandeiras para representar e algumas fecharão as portas.>
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>