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‘Muro do Apartheid’: moradores de comunidade no entorno do Parque de Pituaçu denunciam construção irregular

Obra faz parte da requalificação do parque, iniciada em dezembro de 2024

  • Foto do(a) author(a) Yan Inácio
  • Yan Inácio

Publicado em 14 de maio de 2025 às 05:45

Moradores protestam em frente ao local onde o muro será construído
Moradores protestam em frente ao local onde o muro será construído Crédito: Arquivo pessoal

Moradores da comunidade de Alto de São João, no entorno do Parque de Pituaçu, denunciam a construção de um muro na região. Segundo eles, a obra vai dividir a área externa da associação cultural Escologia do interior do parque. A obra faz parte das intervenções de requalificação do Pituaçu que foram iniciadas em dezembro de 2024, de acordo com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).

Gabas Machado, um dos membros da Escologia, que também faz parte do conselho gestor do parque, disse que desde 2020 a comunidade reivindica um cerceamento do parque. “A gente denunciava as invasões que o parque vinha sofrendo, principalmente por aqueles que nós chamamos de colarinho branco, os condomínios do entorno, uma relação muito, digamos assim, camuflada com as gestões do governo do estado”, explicou.

Mas o início das obras de construção de um muro de alvenaria em fevereiro deste ano, em frente ao espaço da associação cultural assustou os moradores. “Na parte justamente onde a gente tem um trabalho com crianças, onde há um projeto de cultura, desenvolvimento e envolvimento ancestral, estão construindo um muro grosseiro, que a gente está chamando de ‘Muro do Apartheid’”, descreveu Gabas.

Local onde a associação cultural está localizada
Local onde a associação cultural está localizada Crédito: Google Maps

Segundo ele, a comunidade do entorno foi notificada antes do início das obras, mas não houve um diálogo profundo com a comunidade nem discussões sobre a maneira como o cerceamento seria construído. Ainda de acordo com Gabas, o material de construção é semelhante ao usado nos muros das penitenciárias Lemos Brito, em Mata Escura, e difere dos gradis e alambrados com portões e portais construídos na lateral oposta do parque, onde estão localizados os condomínios de alto padrão e casas de classe média do bairro.

Um documento disponibilizado pela Escologia afirma que um muro de alvenaria atrapalharia a visibilidade da área, colocando as crianças que participam da instituição em risco, além disso “passa uma mensagem de cativeiro social”, que conforme afirma o coletivo, "luta diariamente para transformar o imaginário coletivo das crianças da comunidade". A associação, em conjunto com os moradores, entrou em contato com o Inema para apresentar a possibilidade de construir um gradil com um grande portal, assim como está sendo feito em outros acessos.

 O órgão e a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) foram procurados e prometeram responder sobre qual é o estado atual das obras de requalificação do parque, quais os critérios utilizados para o cerceamento das divisas e quais medidas vai tomar após a denúncia, mas não retornou até o fechamento desta matéria.

Possíveis problemas para a comunidade

“Esse espaço se constitui como um local de vivência cultural e continuidade ancestral entre gerações do bairro do Alto de São João, que desde antes da criação do Parque Metropolitano de Pituaçu, utilizam esse lugar para realização de atividade em sintonia com a natureza. Atividades essas de caráter comunitário, educacional e religioso”, explica o documento.

Crianças que fazem parte da associação
Crianças que fazem parte da associação Crédito: Reprodução/Escologia

Gabas conta que um episódio ocorrido no ano passado gerou medo em relação à construção do muro de alvenaria. Ele disse que uma funcionário da Tembici, empresa que administra bicicletas por aluguel, ameaçou crianças que faziam parte do projeto de roubar uma bicicleta com uma arma de fogo.

“Depois que intervimos, ele disse que estava fazendo o trabalho dele e baixou a arma. Isso só aconteceu porque os homens adultos estavam na situação, mas com um muro ali, nos colocaria em risco total. Sabe Deus o que aconteceria com nossas crianças se a gente não tivesse visibilidade do que elas estão fazendo naquela região ali”, conta.

No último sábado (11), os moradores da comunidade de Alto de São João organizaram uma assembleia geral, onde discutiram possíveis mobilizações e combinaram de exigir das autoridades responsáveis uma audiência pública sobre o caso. Além disso, foi discutido um dossiê para ser enviado em anexo a uma denúncia ao Ministério Público da Bahia (MP-BA)

Moradores em assembléia
Moradores em assembléia para discutir imbróglio Crédito: Arquivo pessoal

“Nós queremos discutir o projeto de requalificação do parque com o Inema, falar sobre como a comunidade entende o cercamento e exigimos um alambrado com o portal nas mediações do parque”, finalizou Gabas.