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Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2023 às 10:12
- Atualizado há 2 anos
O nome da promotora baiana Lívia Maria Sant’Anna Vaz tem ganhando força no movimento pró-indicação de uma mulher negra para compor o Supremo Tribunal Federal (STF). Este ano, o presidente da República poderá indicar dois nomes. O primeiro irá substituir a vaga de Ricardo Lewandowski, que completa 75 anos em maio. A segunda indicação ocorrerá no segundo semestre, com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. Há ainda a possibilidade de uma terceira indicação, caso o ministro Luís Roberto Barroso antecipe a aposentadoria. >
Em 2020, foi reconhecida como uma das 100 pessoas de descendência africana mais influentes do mundo, uma homenagem do Mais Influente Afrodescendente (Mipad). A mesma organização está, por meio de carta aberta ao presidente Lula (PT), defendendo a indicação da baiana. O documento online recolhe assinaturas. >
"A partir desta semana, quando comemoramos o Dia Internacional das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial [21 de março] e o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos [25 de março], estamos coletando assinaturas de cidadãs e cidadãos, sociedade civil, organizações e pessoas de boa consciência de todo o mundo, solicitando mais representação para os afrodescendentes na sociedade brasileira nas esferas da Política, Negócios, Mídia e Esforços Humanitários", diz o documento. >
"Este ano, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato, terá a oportunidade de fazer história, nomeando a primeira mulher negra ministra do Supremo Tribunal Federal. A única mulher negra no Brasil nomeada uma das 100 pessoas de Descendência Africana mais Influentes do Mundo, na edição Lei & Justiça, a promotora de justiça Lívia Sant’Anna Vaz, preenche todos os requisitos constitucionais para nomeação ao STF", completa. >
Saiba mais sobre a trajetória de Lívia Vaz no MP baiano >
No Ministério Público baiano, instituição na qual ingressou em 2004, a baiana desenvolve um trabalho de combate ao racismo e à intolerância religiosa. Já atuou nas comarcas de Brejões, Macaúbas, Seabra e Itabuna, até chegar em Salvador. Na capital, ela começou a atuação específica na Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e também passou a coordenar, em 2015, o Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação do MPBA (GEDHDIS). Diversos resultados já foram alcançados por meio dos trabalhos da Promotoria, primeira do país com essa atuação específica. >
Tendo Lívia Vaz à frente, a Promotoria segue sendo uma das pioneiras em ações, recomendações, TACs e denúncias oferecidas, inclusive na atuação sobre as cotas raciais e recomendações quanto a políticas públicas de ações afirmativas. Ela integra um Comitê Interinstitucional que monitora e busca a implementação de leis que determinam a inclusão nos currículos oficiais de ensino da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena. Também implementou o projeto ‘MP e Terreiros em Diálogos Construtivos’, com o objetivo de aproximar os povos de terreiro do Ministério Público, do Sistema de Justiça e órgãos do poder público. >
Em 2018, criou o aplicativo ‘Mapa do Racismo e Intolerância Religiosa’ para desburocratizar o acesso das pessoas ao MP quanto ao registro de casos de racismo, injúria racial e intolerância religiosa. Ainda instituiu um Grupo de Enfrentamento ao Racismo Institucional, que visa criar um programa de enfrentamento no âmbito do órgão. >
Em março deste ano, no dia em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, dezenas de entidades da sociedade civil organizada lançaram um manifesto em prol da indicação de uma jurista negra para a Suprema Corte. Em 130 anos de existência da instância superior, apenas três mulheres tiveram cadeiras, todas brancas.>
Nas redes sociais, Lívia Vaz também possui voz ativa. No Instagram, possui mais de 51 mil seguidores e leva para o ambiente online as pautas que também defende diariamente junto à Promotoria. Ela também é autora do livro "Costas Raciais", umas das edições da coleção Feminismos Plurais.>