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Elaine Sanoli
Publicado em 1 de junho de 2025 às 13:00
O sertão baiano se tornou, orgulhosamente, um dos pioneiros quando o assunto é a coleta de resíduos orgânicos em municípios do interior do país. Em Caetité, no Centro-Sul baiano, a Cooperativa de Catadores de Coleta Seletiva (Coopercicli) realiza a coleta seletiva dos restos alimentares de porta em porta por toda a cidade. Com isso, a cooperativa chega a faturar R$ 3 mil com uma média de 10 toneladas de resíduos coletados mensalmente. >
A Coopercicli atua na cidade há cerca de 16 anos, reunindo 34 cooperados, e já ultrapassou a marca de 3,7 milhões de quilos de resíduos coletados. Sozinho, o projeto Circuito do Lixo responde por 20% da coleta seletiva da cidade.>
Comerciantes e moradores podem fazer parte do sistema; basta efetuar um cadastro junto à cooperativa. George Euzébio, da Terceiro Setor Consultoria, responsável pelo apoio técnico do projeto, explica que essa participação pode ser iniciada de duas formas: a primeira é por meio das ações de educação ambiental do grupo, que costuma passar pelas comunidades da cidade fazendo as inscrições; a segunda é por meio do preenchimento de um formulário eletrônico disponível nas redes sociais.>
A participação na coleta de orgânicos, segundo ele, leva aos moradores a possibilidade de colaborar no cuidado com o meio ambiente sem precisar sair de casa. "Outro ponto importante é a diminuição dos gases de efeito estufa e dos resíduos que vão para o aterro sanitário, aumentando sua vida útil. Os moradores também recebem brindes como adubo orgânico, blocos de anotações, lápis e canetas.">
Após a realização do cadastro, o morador recebe um balde com tampa para colocar todos os seus resíduos. Mas nem todo resto de comida é necessariamente aproveitado no processo. Os participantes recebem uma cartilha com informações sobre quais são os resíduos que podem ou não ser armazenados. Gorduras, molhos e óleo de cozinha, por exemplo, estão na lista de itens proibidos. Para o comércio, restaurantes, creches, escolas e supermercados, a cooperativa realiza a coleta três vezes por semana; nas residências, a frequência é de apenas duas vezes.>
Coopercicli
O material recolhido é levado ao pátio de compostagem, onde passa por um ciclo de 90 dias com trituração, controle de temperatura e adição de nutrientes. O resultado é um adubo orgânico vendido na feira livre local por valores acessíveis — o quilo mais barato custa R$ 2,50. "Atualmente, são coletadas mais de 10 toneladas de resíduos orgânicos por mês. Nossa meta é chegar a 30 toneladas, o que pode gerar um faturamento de cerca de R$ 10 mil por mês", projeta Euzébio.>
"Esses projetos geram emprego, renda e ainda protegem o meio ambiente. É um modelo que pode ser replicado em muitas outras cidades”, afirma a presidente da cooperativa, Edilene Luiza.>
Desde 2010, o projeto conta com o apoio da BAMIN, desde o estudo de viabilidade do projeto de reciclagem. “A Coopercicli é um exemplo de como parcerias locais podem gerar soluções sustentáveis e duradouras", afirma Marcelo Dultra, gerente-geral de Sustentabilidade da BAMIN.>