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Da Redação
Publicado em 3 de janeiro de 2019 às 07:39
- Atualizado há 2 anos
A nova secretária da Mulher ficou conhecida nacionalmente por um sumiço. A deputada federal Tia Eron (PRB-BA), anunciada nesta quarta-feira (2) para o cargo era membro do Conselho de Ética em 2016 e foi responsável pelo voto decisivo da cassação do então presidente da Casa, Eduardo Cunha (MDB-RJ).>
Mas antes do voto de Minerva, Tia Eron desapareceu por uma semana. Ela era próxima de Cunha e a expectativa era de que votasse contra a cassação por quebra de decoro parlamentar do deputado, que mentiu em depoimento na CPI da Petrobrás sobre a existência de contas no exterior.>
Pelo tempo em que evitou se posicionar e até aparecer em público, surgiu o bordão: "Cadê tia Eron?". Pressionada, ela acabou votando a favor do relatório que condenava Cunha à perda de mandato. Desde outubro de 2016, ele está preso em Curitiba, condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas.>
Tia Eron e as demais secretarias foram anunciadas por Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, na tarde desta quarta, durante a transmissão de cargo. A deputada federal, contudo, não esteve presente na cerimônia. Segundo sua assessoria, está no interior da Bahia.>
Eronildes Vasconcelos Carvalho, nome de Tia Eron, foi eleita pela primeira vez em 2014 deputada federal, mas perdeu a reeleição neste ano. Ela é membro da bancada evangélica, para a qual prestou assessoria jurídica na Câmara.>
Tia Eron foi eleita a primeira vereadora negra de Salvador, pelo antigo PFL (hoje DEM), em 2000. Na Câmara dos Deputados, apresentou projetos que vão desde revogar o decreto que dá direito ao nome social para travestis e transexuais, na administração pública federal, até um que prevê o aumento de pena para crime de estupro coletivo. Tentou ainda, em outro projeto de lei, instituir a Semana da Consciência Negra.>
A deputada federal terá a tarefa de comandar uma das secretarias mais polêmicas do governo Bolsonaro. Durante a campanha, ele foi alvo de críticas por declarações sexistas, como quando disse, em tom de piada, que sua filha foi uma "fraquejada", depois de quatro filhos homens. Após a repercussão, apareceu no horário eleitoral chorando ao falar da filha.>
Às vésperas do primeiro turno, mulheres em diferentes cidades no País organizaram manifestações contra o candidato, que ganharam a alcunha de "Ele não".>