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Perla Ribeiro
Publicado em 6 de novembro de 2025 às 16:15
Quatro advogados foram presos pela Polícia Federal (PF) em Manaus, nesta quinta-feira (6), durante uma operação contra o Comando Vermelho (CV) no Amazonas. As investigações apontaram que Alisom Joffer Tavares Canto de Amorim, Gerdeson Zueriel de Oliveira Menezes, Janai de Souza Almeida e Ramyde Washington Abel Caldeira Doce Cardozo faziam parte do núcleo jurídico da facção e usavam o direito de visita profissional para repassar bilhetes, ordens e dinheiro entre os chefes presos e integrantes do tráfico nas ruas. As informações são do G1 AM.>
De acordo com a PF, o grupo cumpria diferentes funções dentro da estrutura da facção: repassavam ordens de chefes presos a integrantes que atuam no comércio de drogas; lavavam dinheiro obtido com o tráfico; ajudavam na logística de envio de drogas que vinha da Colômbia; coordenavam represálias e negociações entre criminosos de diferentes estados e também serviam de elo entre chefes presos e pontos de venda de drogas no Amazonas. Ainda segundo a polícia, essas ações permitiam que a facção mantivesse o controle das operações criminosas mesmo com chefes presos ou foragidos.>
Durante as investigações, a PF descobriu que os advogados usavam o acesso ao sistema prisional para simular atividades de advocacia e manter contato com presos. O objetivo seria garantir que as instruções dos chefes fossem cumpridas nas ruas. A polícia afirma que as prerrogativas da profissão estavam sendo usadas indevidamente para coordenar represálias e cobranças; intermediar acordos entre estados e movimentar recursos ilegais da facção.>
A ação desta quinta-feira é um desdobramento da Operação Xeque-Mate, realizada no dia 6 de outubro, que tem como alvo Alan Sérgio Martins Batista, o "Alan do Índio", apontado como chefe do Comando Vermelho no estado. Ele é um dos 13 conselheiros do Comando Vermelho, grupo que, segundo as investigações, controla o tráfico de drogas em diferentes estados a partir do Rio de Janeiro e de países da América do Sul. >
Alan continua foragido. Ele também está entre os alvos da megaoperação que ocorreu há 10 dias e terminou com 121 mortos no Rio de Janeiro. Segundo a PF, o criminoso usa identidades falsas, além de ter realizado cirurgias plásticas para escapar da prisão. Os quatro advogados presos nesta quinta-feira seriam ligados diretamente a Alan do Índio, apontado como o principal representante da facção no Amazonas.>
A Operação Xeque-Mate busca impedir que ordens criminosas continuem sendo repassadas dentro e fora das prisões, inclusive com alcance interestadual e internacional. Nesta fase, ao todo, foram cumpridos: quatro mandados de prisão preventiva; cinco mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e profissionais. Durante o cumprimento dos mandados, foram recolhidos dinheiro, veículos, documentos e computadores.>
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seccional Amazonas informou que membros da Comissão de Defesa das Prerrogativas Profissionais acompanharam o cumprimento dos mandados de busca, apreensão e prisão. A entidade afirmou que eventuais violações às prerrogativas verificadas durante a ação estão sendo apuradas e que as providências cabíveis serão adotadas, inclusive com comunicação à autoridade judicial que expediu os mandados.>
A OAB-AM ressaltou ainda que permanece vigilante e presta toda a assistência necessária aos advogados e advogadas, reafirmando o compromisso com a defesa das prerrogativas da advocacia e com o Estado Democrático de Direito. A defesa dos presos disse à Rede Amazônica que ainda não teve acesso aos autos da investigação e afirmou que os quatro advogados defendem pessoas que cometeram crimes, mas que não são integrantes de uma facção criminosa.>