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Jornal O Povo
Publicado em 2 de dezembro de 2023 às 09:47
Você já assistiu a um filme onde a população inteira de uma cidade simplesmente desapareceu? Pode até parecer ficção, mas essas histórias já aconteceram na vida real, e pode ter acontecido em um município mais próximo da sua casa do que você imagina.
O POVO selecionou algumas cidades do Brasil que viu a sua população reduzir ou até desaparecer completamente por diversos motivos como brigas políticas, decadência econômica ou até lendas que tentam explicar o sumiço dessas pessoas.
Confira abaixo 5 cidades que antes eram habitadas por milhares de pessoas, e hoje a vegetação entre as ruínas é a única denuncia do que um dia servia de lar.
Cococi, no Ceará
Cococi é um distrito cearense do município de Parambu, no Sertão dos Inhamuns. A “cidade fantasma” foi criada no século XVIII, com pouco mais de 2 mil habitantes, segundo o censo do Instituto Brasileiro dew Geografia e Estatística (IBGE) em 1950.
Praça, hotel, cartório, câmara municipal e até um posto fiscal poderiam ser encontrados na região. Mas, hoje, as ruínas do local entre as vegetações servem como registro histórico de que ali um dia houve uma cidade.
Por causa da estiagem, os moradores deixaram a cidade, restando apenas duas famílias que em 2023 ainda residem na região. O último grande acontecimento no local foi em 1979, quando a então cidade voltou a ser distrito do município de Parambu após uma suposta briga entre o governo militar e o prefeito da época.
Fordlândia, no Pará
Localizada no município de Aveiro, no Pará, a Fordlândia foi pensada para ser uma cidade operária para atender os desejos do empresário da indústria automobilística Henry Ford que, disposto a investir na extração do látex no Brasil, comprou cerca de 14,5 km² de terra no norte do País em 1927.
A ideia era construir uma cidade onde seus funcionários pudessem morar e cultivar a seringueira, que seria utilizada para a produção de borrachas para os pneus da fábrica da Ford.
O sonho de construir a Fordlândia iniciou em 1928, quando a floresta começou a ser derrubada para a construção das casas e plantações de seringueiras. Para se ter uma ideia, dois navios com materiais de construção chegaram ao local.
A cidade era uma grande vila estadunidense no meio da floresta, pois as casas eram construídas com base no modelo arquitetônico vigente nos Estados Unidos na época.
A Fordlândia tinha hospital, hotel, piscina e até gramado para golfe. Porém, treze anos depois do início da construção, o sonho de Ford foi oficialmente encerrado, em 1945, em acordo com o Governo Federal. Desde então, ficou conhecida como “cidade fantasma”.
São João Marcos, Rio de Janeiro
Quem visita o Parque Arqueológico Ambiental São João Marcos, no Rio de Janeiro, não imagina que o local foi uma cidade até meados de 1940 e que já chegou a ter mais de 18 mil pessoas antes de ser desapropriado.
Fundada em 1739, após a construção de uma capela, o povoado foi crescendo ao redor da igreja. A região era privilegiada com boas condições para o plantio de café, fruto que foi essencial para o seu desenvolvimento.
A cidade tinha prefeitura, câmara municipal, cadeias, duas escolas, hospitais, igrejas, lojas de comércio, clubes e até dois cemitérios.
Apesar de próspero, o local precisou ser desapropriado por ordem do então presidente da República Getúlio Vargas, para a construção de uma barragem. Com o decreto de Vargas, a cidade foi desocupada e demolida.
Atualmente as ruínas do antigo município podem ser visitadas, pois em 2008 a região foi reconhecida como um parque arqueológico com intuito de preservar a memória do antiga cidade.
Igatu, Bahia
Conhecida como a “Machu Picchu brasileira”, a cidade de Igatu, na Bahia, tem ruínas que se assemelham a cidade perdida do Peru e fica localizada a quase 500 Km de Salvador.
Durante o século XIX, Igatu foi um próspero povoado devido ao garimpo de diamantes. A vila, que chegou a ter mais de 9 mil pessoas, viu seus moradores irem embora com o declínio dessa exploração mineral.
Segundo o IBGE, Igatu contava com 360 habitantes em 2010. No censo de 2022, porém, o IBGE não contabilizou individualmente a população da região em virtude da localidade ter sido transformada em um distrito e anexada ao município de Andaraí.
Os mais de 220 imóveis, que ainda se encontram em bom estado de conservação, são considerados museus vivos que contam a história daquele lugar. Algumas das residências encontram-se cravadas em rocha pura, outras se escondem na proteção das cavernas e as mais voluptuosas estão encrustadas nos penhascos da região.
Airão Velho, Amazonas
O primeiro povoado fundado em 1694, às margens do rio Negro, carrega histórias e lendas quem tentam explicar o motivo de ter sido abandonada por seus habitante. A lenda de que a cidade foi atacada por formigas que estavam devorando seus habitantes é uma das teorias do esvaziamento da cidade.
Os tempos de glória de Airão Velho vieram no século 19, após uma linha de navegação a vapor ser instalada pelo industrial Visconde de Mauá, transformando-a em um porto fluvial.