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Carol Neves
Publicado em 11 de junho de 2025 às 07:53
Condenado a 22 anos e 8 meses pelo assassinato da ex-namorada Mércia Nakashima, o ex-policial militar Mizael Bispo de Souza tem se dedicado a uma rotina intensa nos tribunais desde que passou ao regime aberto em 2023. O agora ex-detento vem acionando desafetos na Justiça por declarações públicas que, segundo ele, ferem sua honra. As informações foram divulgadas pelo blog True Crime, de O Globo.>
Em abril de 2024, Mizael entrou com um processo contra o deputado estadual Márcio Nakashima (PDT), irmão da vítima, alegando calúnia. O parlamentar havia declarado que Mizael estaria advogando ilegalmente e mantendo um relacionamento com uma mulher casada. Márcio sustentou que as acusações vieram de denúncias de advogados. A mulher negou qualquer envolvimento afetivo, descrevendo a relação como uma amizade de longa data. A Ordem dos Advogados do Brasil confirmou a exclusão de Mizael de seus quadros em 2023, o que impede sua atuação como advogado. A Justiça negou o pedido de Mizael para que Márcio fosse proibido de citá-lo na imprensa, com base no direito à liberdade de expressão.>
No mês seguinte, Mizael acionou o apresentador José Luiz Datena e o Grupo Bandeirantes por danos morais. Em uma reportagem exibida no programa Brasil Urgente, ele foi chamado de “assassino” e “canalha”, e teve o nome associado a novas acusações feitas por um desafeto. Ele pede R$ 56.480 de indenização, valor equivalente a 40 salários mínimos, alegando ofensa à sua honra. O caso corre no Juizado Especial Cível de Guarulhos e aguarda julgamento.>
Mizael também tentou obter valores do Estado. Em abril, pediu R$ 14.652,00 referentes a supostas diferenças de Adicional de Local de Exercício (ALE) no período em que integrava a Polícia Militar, entre 2013 e 2014. O pedido foi rejeitado pelo Juizado da Fazenda Pública de Guarulhos, que considerou os pagamentos corretos.>
Em sua investida mais ousada, o ex-PM processou a juíza Wânia Regina Gonçalves da Cunha, que acompanha sua execução penal, acusando-a de abuso de autoridade, supressão de documento e falsidade em registros judiciais. Segundo Mizael, ela teria ignorado 64 dias de remição de pena e negado indevidamente uma saída temporária. A denúncia foi arquivada por falta de indícios. Em contrapartida, o Ministério Público denunciou Mizael por denunciação caluniosa. Paralelamente, ele moveu ação contra o Estado por danos morais, também sem sucesso. Foi condenado em primeira instância, mas posteriormente absolvido sob argumento de que sua conduta não era crime.>
Fora do ambiente jurídico, Mizael tem buscado recomeçar a vida amorosa. Ele mantém perfis ativos em redes de relacionamento como Tinder, Badoo, Happn e Par Perfeito, utilizando nome verdadeiro, data de nascimento (1970) e localização em Cumbica, Guarulhos.>
Relembre>
Apesar de nunca ter admitido o assassinato de Mércia Nakashima, Mizael foi condenado com base em provas circunstanciais e técnicas. O crime ocorreu em 23 de maio de 2010. A advogada desapareceu após sair da casa dos pais e, durante os 20 dias seguintes, Mizael chegou a participar das buscas. Em 11 de junho, o corpo dela foi encontrado na represa de Nazaré Paulista, dentro do carro submerso. Ela havia sido baleada no rosto, desmaiado, e foi deixada viva no veículo, que foi empurrado para a água, resultando em morte por afogamento.>
Fragmentos de alga marinha encontrados nos sapatos de Mizael coincidiram com a flora da represa. O Ministério Público sustentou que o crime foi motivado por ciúmes e desejo de vingança. Mesmo foragido após a decretação da prisão preventiva, ele foi capturado quatro meses depois e julgado em 2013, em um júri televisionado nacionalmente.>