Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Elaine Sanoli
Publicado em 20 de julho de 2025 às 13:00
Irritabilidade, inquietação, coordenação motora reduzida, queda da atenção e memória, lapsos cognitivos e até mesmo diminuição da imunidade são apenas alguns dos malefícios, a curto prazo, da privação de sono. A longo prazo, os prejuízos apenas se acumulam. Médicos explicam que manter uma rotina com poucas horas de sono ou de sono em horários diurnos pode provocar, além de uma queda no bem-estar, uma série de alterações nas funções orgânicas do corpo, algumas delas com sérias consequências. >
"Isso gera um estresse dentro do organismo que ocasiona uma redução das nossas barreiras imunológicas, porque o sono é uma forma de você regenerar o corpo", explica o médico clínico Jailton Walace Silva.>
Em complemento, a médica de saúde da família e comunidade Analice Lelis explica que os sinais mais brandos como irritabilidade e dificuldade de concentração aparecem quando se passa um curto período com noites de sono de baixa qualidade, como um ou dois dias. Prolongar esse tempo, tornando a privação de sono um problema crônico, pode levar a complicações ainda maiores como: >
Jailton Walace Silva
Médico clínicoDe acordo com Jailton Walace, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que cada pessoa tenha pelo menos 8h de sono diárias, no entanto, cada corpo pode ter uma especificidade, pois alguns organismos possuem necessidades maiores e outros menores, "a depender do contexto em que [as pessoas] vivem, principalmente com relação ao estilo de vida, trabalho e outras questões que podem acabar influenciando nesse hábito".>
Analice acrescenta que entre os 18 e 60 anos, a indicação que respeite uma noite de sono saudável é de 7h a 9h de duração; para pessoas acima de 60 anos o período é entre 7h e 8h; adolescentes devem dormir de 8h a 10 h; e bebês e crianças precisam de mais do que 10h todos os dias. "O ideal é ajustar o tempo de sono considerando idade, genética, nível de estresse, doenças, demandas cognitivas ou emocionais e rotina de vida", explica.>
Ainda que uma noite de sono perdida seja recuperada, em termo de horas, durante o dia, os médicos alertam que os efeitos não são iguais. "O sono diurno é geralmente mais curto, fragmentado e de pior qualidade do que o sono noturno, mesmo com a mesma duração total. Há também redução da vigilância, desempenho cognitivo e mais sintomas psiquiátricos em trabalhadores noturnos", argumenta Analice.
>
Jailton Walace explica que essa diferença na qualidade se dá por conta do ritmo circadiano, o "relógio biológico". Ele é adaptado às 24h do dia, por isso, o ambiente mais claro e diurno inibe a produção da melatonina, hormônio responsável por gerar a sensação de sono que ajuda na condução do cérebro até as fases mais profundas e vitais do sono. >
"Sem a redução da luminosidade você também tem a possibilidade de ter sonos menos profundos. A gente chama de sono REM, que é o sono que reestrutura e regenera o corpo das pessoas", indica o médico.>
Além da melatonina, a desregulação de horários pode causar outros desalinhamentos hormonais. "Diversos hormônios como cortisol e insulina seguem um padrão fisiológico. Quando você inverte esse padrão do sono, que é o principal mecanismo de regeneração, você acaba alterando todo o ciclo deles também", acrescenta.>