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'Morri por 17 minutos e voltei', relata sargento do Bope baleado em megaoperação

Carlos Alair da Costa Sales foi atingido por um disparo de fuzil no ombro e ficou três dias em coma

  • Foto do(a) author(a) Giuliana Mancini
  • Giuliana Mancini

Publicado em 23 de novembro de 2025 às 07:58

Carlos Alair da Costa Sales após receber alta médica na segunda-feira (17)
Carlos Alair da Costa Sales após receber alta médica na segunda-feira (17) Crédito: Reprodução/TV Globo

Sargento do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Carlos Alair da Costa sobreviveu a um 'milagre'. Ele foi um dos agentes feridos na megaoperação nos Complexos do Alemão e da Penha, no dia 28 de outubro. Atingido por um disparo de fuzil no ombro, o militar sofreu hemorragia interna grave, entrou em parada cardiorrespiratória e ficou 17 minutos clinicamente morto. Mas foi reanimado e, após semanas de recuperação, recebeu alta médica na última segunda-feira (17).

No dia da ação policial, o sargento estava compondo o "Muro do Bope", tática usada para encurralar os traficantes na Serra da Misericórdia. Segundo a PM, a lesão inicialmente parecia de baixo risco. Mas o projétil atingiu uma artéria vital, provocando uma hemorragia. O quadro evoluiu para uma parada cardiorrespiratória, e Alair chegou a ficar 17 minutos clinicamente morto até ser reanimado no Hospital Central da PM.

O sargento conversou com o jornal O Globo e contou o que se lembra desde o momento em que foi alvejado até acordar do coma, três dias depois. "Aquele 28 de outubro era um dia comum de operação. A gente vive isso há anos, conhece a dinâmica, sabe o que pode acontecer a qualquer momento. Nunca tinha sido baleado de verdade, só atingido por estilhaços. Mas naquele dia foi diferente. Estávamos na Serra da Misericórdia, quando fomos acionados para uma situação de apoio. Colegas já tinham sido vitimados", iniciou.

128 Mortos na Megaoperação do Policia do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho. Centenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro por Tomaz Silva /Agência Brasil

"Havia um grande número de criminosos armados, reunidos numa área de mata. Foi ali que fui alvejado, no meio do deslocamento. Lembro perfeitamente de tudo até chegar ao hospital. Estava consciente, lúcido. Assim que fui atingido, um colega fez os primeiros socorros ainda no terreno. Estancou, me enrolou e me levou até a emergência blindada. Meu pensamento era só um: preciso sair daqui vivo. Depois, o blindado me colocou na ambulância, também blindada, e lá já tinha médico de combate, que continuou o atendimento", continuou.

Carlos Alair disse se lembrar do exame de tomografia, de entrar no centro cirúrgico e "de ver as luzes". Mas, depois, veio um "apagão total".

"Fiquei três dias em coma. Acordei numa sexta-feira achando que era terça-feira e a operação não tinha acabado. Perguntei logo que abri os olhos: 'A operação acabou?'. Aí me explicaram tudo; inclusive sobre os 17 minutos em que fiquei em parada cardíaca. Eu morri e voltei", relatou.

"É estranho ouvir isso sobre você mesmo, mas foi o que aconteceu. Não me lembro absolutamente de nada desse período. Da hora em que me sedaram até o momento em que abri os olhos. Só sei que existe uma explicação: Deus. E uma equipe médica extraordinária, que fez tudo que podia. Os médicos dizem que poucos minutos sem oxigênio no cérebro já podem deixar sequelas. Eu fiquei quase 20. Então, para mim, é milagre, é cuidado de Deus e competência de todos que estavam ali", acrescentou.

Na última segunda-feira (17), Alair deixou o hospital de pé, consciente e emocionado. Na saída, foi recebido com aplausos e abraços de colegas de farda. Ele agora passará por um processo de reabilitação antes de voltar à ativa.

"Foram 18 dias internado. O disparo entrou pelo ombro direito, quebrou meu úmero e saiu pela axila. Passei cinco dias com fixadores de aço externos, depois usei curativo a vácuo para acelerar a cicatrização. Só então fiz a cirurgia definitiva, com a haste dentro do osso. Continuo em recuperação, fazendo fisioterapia, sem previsão de retorno à ativa (...) Ainda não tenho movimento nas mãos e só consigo mexer um pouco o braço, mas a fisioterapia já está fazendo efeito. Agora, é focar na recuperação. Até lá, não tenho previsão de voltar ao trabalho", explicou.

"Se me perguntam se eu lutei durante aqueles 17 minutos, não sei dizer. Não lembro de nada. Mas sei o que eu pensava antes de ser sedado: 'Eu não posso morrer'. Repetia isso na extração, no blindado, na ambulância, no caminho até o hospital. Era a única coisa que passava pela minha cabeça", finalizou o sargento.

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rio de Janeiro Morte Megaoperação