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Elis Freire
Maysa Polcri
Publicado em 23 de novembro de 2025 às 08:25
O ex-presidente Jair Bolsonaro confessou ter violado a sua tornozeleira eletrônica, um dos elementos principais para justificar a ordem de prisão neste sábado (22) proferida pelo ministro Alexandre de Morais. Filho do político, o senador Flávio Bolsonaro (PL-J), porém, negou que houvesse qualquer possibilidade de fuga do pai. >
Flávio deu uma entrevista coletiva ao chegar ao condomínio onde Bolsonaro mora, no Jardim Botânico, em Brasília, no início da noite deste sábado (22), junto com seu irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (PL). O objetivo era fazer uma vigília, como ele havia convocado anteriormente. >
Decisão de Alexandre de Moraes
“Não consigo imaginar qual seria a possibilidade do meu pai conseguir caminhar, talvez mais de 1 km de lá até aqui com uma possível aglomeração que tivesse aqui nesse local que a gente tá fazendo, onde já aconteceram várias outras vigílias e a gente tem a esperança de que o povo está conosco”, afirmou o parlamentar. >
Os dois irmãos justificaram que, apesar de Bolsonaro ter utilizado uma solda para mexer na tornozeleira eletrônica, ele não tinha intenção de fugir. “Ele tava ali, logo, rapidamente, chegaram os policiais, bateram na porta dele, viram que ele estava em casa, trocam a tornozeleira dele, ele volta a dormir. Essa é a fuga absurda aí, milagrosa, ele ia sair voando”, completou Flávio. >
Uma tentativa de Jair Bolsonaro de romper a tornozeleira eletrônica durante a madrugada deste sábado (22) foi um dos elementos decisivos que levaram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a converter a prisão domiciliar em prisão preventiva.>
O equipamento registrou violação às 0h08, segundo o Centro de Monitoramento do Distrito Federal - sinal, para o ministro, de que o ex-presidente pretendia fugir “facilitado pela confusão” gerada por apoiadores. Bolsonaro foi preso e levado para uma sala da Polícia Federal.>
A decisão, tomada poucas horas antes do amanhecer, afirma que a ruptura da tornozeleira se soma a uma “estratégia de fuga do distrito da culpa” em meio à proximidade do trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pelos crimes ligados à tentativa de golpe de Estado. A imprensa já noticiava que Bolsonaro deveria ser preso para iniciar cumprimento da pena em regime fechado na semana que vem.>
No documento, Moraes aponta que a “vigília” marcada por Flávio Bolsonaro para a noite deste sábado, em frente ao condomínio onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar, foi planejada para criar tumulto, obstruir a fiscalização policial e abrir brecha para uma possível fuga.>
O ministro transcreve trechos do vídeo do senador, que convoca apoiadores para “lutar”, fala em “trevas”, “ditadura”, “resgatar o Brasil” e acusa o STF de perseguir inocentes. Para o relator, o discurso repete o “modus operandi da organização criminosa” que atuou nos atos golpistas de 2022 e estimulou acampamentos ilegais em frente a quartéis.>