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Rede Nordeste, JC
Publicado em 20 de setembro de 2023 às 11:32
Nesta terça-feira (19), a Comissão de Previdência e Família da Câmara dos Deputados adiou a votação do relatório do deputado pernambucano Pastor Eurico (PL), que reivindica o não reconhecimento do casamento homoafetivo. Ficou decidido que na próxima terça-feira (26) ocorrerá uma audiência pública para debater o assunto, e só na quarta-feira (27) acontece a votação. >
Esse já é segunda vez que remarcam a votação, porém desta vez a pauta só será retomada após a audiência pública.>
O relator do projeto, Pastor Eurico, não estará presente no debate, pois cumprirá agenda fora no País, mas no dia do pleito estará presente.>
Parecer do relator>
“O projeto já foi apresentado, mas chegamos ao acordo que vamos votar próxima semana. O meu voto não será alterado, não é porque eu sou evangélico, minha posição religiosa todo mundo já sabe, não tem nada a ver com isso. Se quiserem mudar tem que alterar a constituição. O casamento reconhecido constitucionalmente é entre homem e mulher. Podem acontecer 500 audiências, mas não mudarei meu voto”, afirmou o parlamentar.>
Na parecer, o deputado analisou nove projetos, entre eles o que se tem mais destaque, do ex-deputado, já falecido, Clodovil Hernandes (PTC-SP), que prescrevia a possibilidade de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Eurico rejeitou oito textos, apenas o que sugere o veto desse tipo de união recebeu a aprovação do relator.>
A proposta aprovada é justamente o que ele afirma na entrevista, que as relações homoafetivas não podem ser comparadas com os casamentos ou entidade familiar, de acordo com a constituição.>
Análise dos Parlamentares>
O texto que segue em debate foi apresentado em 2009, três anos mais tarde o Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu as uniões homoafetivas, porém não é regulamento por lei. Na época os ministros optaram por um artigo do Código Civil que deveria ser interpretado para garantir o reconhecimento das uniões e estabeleceu como entidades familiares.>
“A união estável de relações homoafetivas encontra, diante da lacuna em lei, garantia pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. O parlamento brasileiro precisa avançar na garantia dos direitos civis fundamentais da população LGBTQIA+, reconhecendo todos os efeitos legais desta união”, destaco o deputado federal, Pedro Campos (PSB). >
Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou o projeto para determinar a celebração de uniões homoafetivos nos cartórios. Em 2022 as certidões de união estável de pessoas do mesmo sexo emitidas chegaram a quase 13 mil. >
"Sou contra o projeto de lei que visa proibir o casamento homoafetivo, pois representa um enorme retrocesso. A matéria foi analisada pelo STF em 2011 e está superada. Agora, estão trazendo a pauta de volta com a clara intenção de alimentar postagens políticas nas redes sociais. É preciso respeitar a realidade da sociedade brasileira, que já superou essa discussão há 12 anos", afirma o deputado federal, Augusto Coutinho (REP). >
A deputada federal Maria Arraes (SD) falou do casamento como um compromisso de amor e respeito mútuo, independentemente do gênero. >
"Tentar proibir o casamento homoafetivo é um retrocesso absurdo, que vai contra os princípios de igualdade e liberdade previstos na nossa Constituição. De fato e de direito essas uniões já existem. Nos resta apoiar todas as formas de amor. A diversidade é o que enriquece nossa sociedade”, finalizou.>
Já para o deputado Túlio Gadelha (REDE), a movimentação é fundamentada pelo preconceito e intolerância. "Atacar o casamento homoafetivo é atacar direitos e toda uma nação que busca um país justo e que respeita a diversidade. Vamos trabalhar ainda mais para que projetos assim não ganhem espaço”, disse. >