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Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2017 às 12:43
- Atualizado há 2 anos
O plenário da Câmara dos Deputados avalia, neste momento, se a denúncia da Procuradoria- Geral da República (PGR) de corrupção passiva feita contra o presidente Michel Temer (PMDB) deve ter prosseguimento ou não. Pela lei, o STF só pode abrir julgar um presidente com autorização dada pela Câmara. A lei também prevê que o presidente será afastado do cargo por até 6 meses quando o processo for aberto. >
Os debates dos parlamentares tem por base o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que é contra o prosseguimento da denúncia. Assim, quem votar sim estará aprovado este parecer, que é pelo arquivamento da denúncia; e quem votar não, está se posicionando contrariamente ao parecer, autorizando a abertura do processo. >
A acusação da PGR foi feita a partir da delação premiada feita pelos irmãos Joesley e Wesley Batistas, donos da J&F, controladora de empresas com a Friboi. Segundo a PGR, em uma conversa gravada por Joesley, Temer demonstrou ter conhecimento de que a J&F comprava o silencio do deputado Eduardo Cunha - preso pela Operação Lava Jato - e indicava o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures para receber - em seu nome - uma propina de R$ 500 mil. >
A defesa jurídica do presidente diz que Temer foi alvo de uma armadilha feita pelo empresário para se livrar das penas cabíveis aos crimes que cometeu. E que não há provas que indiquem que o dinheiro repassado a Rocha Loures fosse de fato destinado a Temer. Politicamente, Temer defende que seu afastamento do cargo vai paralisar as reformas necessárias para a retomada econômica do país. Ao mesmo tempo, Temer tem usado o poder que tem para garantir sua vitória na votação de hoje, seja liberando recursos de emendas parlamentares, seja exonerando ministros com mandato na Câmara para assegurar votos favoráveis. >
Veja, abiaxo, os cenários possíveis após a votação de hoje: >
1. Vitória do "sim" (pelo arquivamento da denúncia) >
A denúncia é arquivada e o governo de Temer ganha sobrevida. Porém, a PGR não descarta apresentar outras denúncias contra o presidente, a mais rápida seria uma por obstrução da Justiça, também baseada na gravação feita por Joesley Batista. este crime estaria caracteriza pela anuência que Temer teria dado para que Joesley comprasse o silêncio de Eduardo Cunha. Outras denúncias podem surgir a partir dos acordos de delação premiada negociados pelo próprio Cunha e pelo doleiro Lúcio Funaro. >
Com popularidade em baixa (apenas 5% de aprovação), se a vitória de hoje for por um placar apertado, Temer terá mais dificuldades para barrar uma segunda denúncia e para prosseguir com sua agenda de reformas, incluindo a da Previdência. >
2. Vitória do "não" (o que permite a abertura de processo) >
Se o prosseguimento da denúncia for aprovado, Temer não sairá automaticamente do cargo. Antes disso, os 11 ministros do STF vão avaliar - a partir do conjunto de provas recolhidas pela PGR - se o processo deve ou não ser aberto. O afastamento só acontece caso a Corte decida por abrir o processo. >
Neste caso, quem assume a presidência do Brasil é o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara e o primeiro na linha sucessória. Se, ao final de 6 meses, Temer for julgado culpado, aí sim ele perde o cargo definitivamente. Então, Maia terá - por obrigação legal - seis meses para convocar uma eleição que vai eleger um presidente para um mandato tampão. >
Há um outro cenário possível, que é a abertura de processo mas com os ministros do STF julgando-o inocente. Aqui, Temer retomaria seu mandato e maia voltaria a presidir a Câmara. >