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Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2020 às 11:28
- Atualizado há 2 anos
As acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, dividiram os partidos de oposição. Diante das revelações de Moro, cada sigla decidiu agir por conta própria, disputando protagonismo no pedido de impeachment. A proposta de um processo conjunto de impedimento do presidente fracassou.>
Parlamentares e dirigentes de PDT, PSB e Rede entraram cada um com o seu próprio pedido. Uma parte da bancada do PSOL já havia feito o mesmo semanas atrás. O PT pisou no freio, por orientação do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.>
Em reunião com a presidente do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann, o ex-presidenciável Fernando Haddad, o ex-ministro Aloisio Mercadante e os líderes das bancadas na Câmara e no Senado, Lula orientou o partido a ter cautela diante das revelações de Moro.>
Anteontem, o ex-juiz da Lava Jato anunciou sua demissão com um pronunciamento em que acusou Bolsonaro de interferir politicamente na indicação de nomes para chefia da Polícia Federal (PF).>
Horas depois, Lula participou de uma reunião com a executiva nacional do partido e outras lideranças na qual ficou decidido que a legenda não entraria isoladamente com um pedido de impeachment. Por outro lado, os petistas não vão se opor à ação e, caso a Câmara abra o processo, vão votar em bloco contra Bolsonaro.>
Críticas Ao longo do dia, o PT dividiu o foco das críticas entre Bolsonaro e Moro, responsável pela sentença que levou o petista a passar um ano e meio preso em Curitiba, no processo do triplex do Guarujá, em que Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.>
Em suas redes sociais, Gleisi comparou a fala de Moro a uma "delação". Vídeo distribuído por lideranças do partido no início da noite de sexta-feira destacava o "elogio" de Moro a Lula e à ex-presidente Dilma Rousseff.>
Em seu discurso de demissão, o ex-ministro da Justiça disse que "apesar dos problemas" de corrupção, os governos petistas mantiveram a autonomia da PF nas investigações.>
A falta de unidade entre os partidos de oposição fez naufragar uma iniciativa da direção do PSOL, que tentou articular um pedido de impeachment que seria assinado por juristas, intelectuais e entidades representativas da sociedade civil.>
A ideia foi lançada no início da tarde e levada por cada partido para discussões internas. A decisão deveria acontecer na reunião dos presidentes dos partidos, anteontem, mas PDT e PSB sequer participaram da conversa, o PT tirou o pé do acelerador e o PCdoB também.>
O PCdoB ainda tentou articular uma ação conjunta, mas também fracassou. Não houve unidade nem sequer para a redação de uma nota conjunta.>
"O PSOL apoia todas as formas constitucionais para afastar Bolsonaro, inclusive o impeachment. Passamos o dia buscando costurar um pedido amplo, envolvendo entidades e partidos. Mas, infelizmente, alguns partidos preferiram a inação", disse o presidente do PSOL, Juliano Medeiros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>