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Luiza Gonçalves
Publicado em 14 de fevereiro de 2024 às 05:00
Sol a pino no Campo Grande. Na multidão das pipocas de Ivete Sangalo, Saulo, Daniela Mercury e Xanddy Harmonia, cada um tentou encontrar uma forma de driblar o calor da sensação térmica de quase 35° na terça-feira de Carnaval. Leques e chapéus dominam a paisagem, e dentre os foliões, o segredo quem conta é a professora Marina Almeida, que acompanhava a pipoca de Ivete: “Nesse sol não tem jeito. É botar o short e o cropped e caprichar no protetor solar e na água. A gente vai suando, vai na multidão mas vai feliz”. >
No circuito Barra-Ondina a situação era a mesma: multidão, calor e suor, fazendo com que os foliões parassem para um pitstop nos pontos de hidratação e climatização, presentes em ambos circuitos. Lucas Sousa, 22 anos, sentiu o calorão e foi atrás de água de coco, picolé e o que mais dava para se refrescar e considera hoje o dia mais quente dentre os que saiu para festejar: “Hoje especialmente tava um dia muito quente, ali próximo ao cristo, na Barra colocaram as mangueiras tipo de irrigação de jardim que estavam jogando água para cima e as pessoas iam passando e ficavam lá se refrescando. E eu aproveitei né”. >
Quem vê o céu limpo do último dia de folia pode até esquecer que o cenário era muito diferente na sexta-feira que foi marcada pela chuva intensa em Salvador. Segundo dados da Defesa Civil (Codesal) choveu 61mm no trajeto do Circuito Dodô (Barra-Ondina), em um período de 6 horas e foram registrados 33,2mm no Circuito Osmar (Campo Grande). A chuva acompanhou o sábado, domingo e segunda-feira, fazendo desse carnaval um extremo entre climas para foliões: “Todo dia começava com chuva, depois calor, depois chuva. Na sexta-feira mesmo eu desisti de vir porque estava impossível. Dos carnavais que eu acompanho, acho que esse foi o do clima mais louco”, afirma a lojista Paula Silva. >
Além de espantar os foliões e atrasar a programação, a chuva também impactou no trabalho de quem garante sua renda no carnaval, como no caso da ambulante Rosangela Silva, que também destacou a oscilação nesse verão entre chuvas e sol. “Quando tem chuva ninguém aparece, some tudo, ninguém sente calor pra tomar uma gelada, tomar uma água e também fica mais difícil para acessar o circuito com o peso. Foram quatro dias aqui dormindo no molhado e gerou prejuízo para a gente, praticamente ainda nem fechamos o valor que a gente pôs nas mercadorias. Hoje com esse solzão que teve uma melhora, graças a Deus!”, explica. >
Dentre os trabalhadores, há aqueles que consideram a chuva benéfica em alguns momentos. Para Horácio, vendedor de copos e pochetes, foi a oportunidade de conseguir um extra com as capas de chuva. Já para Antônio Carlos, vendedor de amendoim há mais de 10 anos no circuito, é a única forma de refrescar e aliviar um pouco a função que é empurrar o carrinho no meio da multidão no verão de Salvador. >
Carnaval em qualquer tempo >
“Faça chuva ou faça sol, eu estou atrás do trio. Tanto que vim na pipoca de Saulo na sexta e hoje. Rola o desconforto, as poças de água, hoje está todo mundo se colando, mas eu acho que é sobre aproveitar o momento. Carnaval agora só ano que vem”, compartilhou a auxiliar administrativa Bruna Pereira. E não foi só ela. Na sexta-feira (09), Saulo Fernandes puxou o primeiro dia de sua tradicional pipoca embaixo de chuva, com foliões completamente ensopados, mas sem perder a animação. "Tiveram medo do horário de meio-dia por causa do sol. A chuva é para lavar a alma", bradou o cantor na ocasião. >
Nas atrações menores os fiéis escudeiros também resistiram à chuva. Durante o desfile dos mini-trios no Furdunço no Circuito Osmar, os poucos foliões se jogaram no temporal e sem capa de chuva. "Estamos na chuva, mas estamos felizes", garantiu o bailarino Rodolfo Queiroz, de 34 anos. Ele foi junto com os amigos curtir o Furdunço, cumprindo a tradição de todos os anos.>
Quando a temperatura é elevada, dona Neuza Maria, de 67 anos, escolhe um lugar mais afastado da passarela principal para curtir os trios que passam. “É a agonia gostosa do verão da Bahia. Eu venho todo ano, mas é claro que a gente tem que tá sempre se protegendo, se cuidando. Eu mesma não saio sem meu chapéu e to aqui me hidratando. E de resto é só curtição”. A aposentada conta que em alguns dos dias de chuva ela também esteve no circuito, afinal, ela “não é feita de açúcar", disse sorrindo. >
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