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Sem nojinho: saiba como é feita a limpeza dos banheiros químicos em festas como o Carnaval

Veja também quais foram os objetos curiosos encontrados nos locais

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 14 de fevereiro de 2024 às 17:19

Limpeza dos banheiros é feita uma vez ao dia
Limpeza dos banheiros foi feita uma vez ao dia Crédito: Marina Silva/CORREIO

Não se perder da galera e sair ileso da multidão foram os principais desafios do folião no Carnaval de Salvador. Mas, para alguns mijões que estavam na muvuca, fazer um simples xixi foi uma missão quase impossível. E você, foi do time que encarou ou do time que passou longe dos banheiros químicos?

A enfermeira Larissa Cruz, de 35 anos, preferiu passar longe. “É muita gente usando, não tem como ficar limpinho e cheiroso. No início do dia pode até ficar, mas no final, lá para de noite, quando eu costumo ir para o Carnaval, assim como a maioria dos foliões, já está em condições bem complicadas. Aí eu prefiro segurar o xixi”, disse durante a folia.

Já a advogada Gabriela Rodrigues, de 25 anos, encarou sem pensar duas vezes. “Eu sou daquelas pessoas que bebem no Carnaval, tanto cerveja quanto água, então tenho que fazer xixi, não tem como segurar. Eu só não faço na rua, mas o banheiro químico para mim já está ótimo”, garantiu.

Mais de mil funcionários estão envolvidos na limpeza dos banheiros químicos durante o Carnaval
Mais de mil funcionários estavam envolvidos na limpeza dos banheiros químicos durante o Carnaval Crédito: Marina Silva/CORREIO

Para atender os foliões como Gabriela, a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) instalou mais de três mil sanitários espalhados nos circuitos e nos carnavais de bairro, além de 90 contêineres climatizados, sendo cada um desses com cerca de dez vasos. Envolvidos na limpeza, foram mais de mil funcionários e 69 veículos entre caminhões e carros.

Como é feita a limpeza

Os equipamentos foram higienizados uma vez por dia, entre quatro e nove da manhã, e depois foi feita a manutenção ao longo do dia, já que o acesso aos circuitos ficava restrito. É o que revelou o presidente da Limpurb, Omar Gordilho. Ele contou que o processo era dividido em duas etapas. Na primeira, um caminhão, através de uma mangueira, fazia a sucção dos dejetos, que foram levados para a estação de descarte da Embasa, que faz o tratamento.

Em seguida, a higienização das cabines foi feita com água e sabão, através da ajuda de um caminhão-pipa. “As paredes também são limpas com água sanitária e uma vassoura pelos funcionários, que usam máscara, luva e calçados adequados”, destacou Osvaldo Barros, sócio-diretor da BF Serviços Ambientais, empresa terceirizada contratada pela Limpurb para a atuação em eventos como o Carnaval. Ainda na última etapa, as caixas coletoras [os vasos sanitários] receberam um produto bactericida que também ajuda a oprimir o mau cheiro.

Segundo a Limpurb, os banheiros foram instalados em pontos viáveis e estratégicos e que a quantidade e localização foram calculadas de acordo com a demanda de público. “Cada sanitário químico chega a comportar até 250 litros de dejetos, então, com base nisso, é feito um cálculo entre a proporção de pessoas e o volume estimado de urina gerados”, explicou o presidente da Limpurb.

Omar Gordilho destacou também que os banheiros instalados em contêineres podem atender uma maior quantidade de pessoas e que, por isso, ficaram localizados em pontos de maior concentração, como algumas transversais da Avenida Oceânica na região da Barra. “Eles são diretamente ligados à rede de esgoto, têm água e energia”, pontuou.

Histórias de banheiro químico

Osvaldo Barroso contou que não foram encontrados somente urina e fezes nos banheiros, mas também os mais variados tipos de objetos: “Tem de tudo que você imaginar. É roupa, muita lata de cerveja, celular que cai e ninguém vê ou não tem coragem de pegar, embalagens de camisinha e até vestígios de objetos furtados como pulseira de relógio, pochetes e bolsas. Os criminosos ficam com o que serve para eles e descartam o resto no banheiro químico.”

Objetos como roupa, celular e bolsas são encontrados em banheiros químicos durante a limpeza
Objetos como roupa, celular e bolsa foram encontrados em banheiros químicos durante a limpeza Crédito: Marina Silva/CORREIO

“Também já encontramos banheiros com as paredes laterais perfuradas para servir de ponto de venda de drogas. São muitos equipamentos danificados, uma média de 15% a cada ano, encontramos até alguns sem porta”, acrescentou o sócio-diretor.

Já o estudante Felipe Santos, folião de 27 anos, encontrou dinheiro no vaso de um banheiro químico da Barra durante o Carnaval do ano passado. Ele não pensou duas vezes sobre o que faria. "O meu dinheiro já tinha acabado, eu fui fazer xixi e eu vi 20 reais no fundo do vaso, boiando. Arranjei um pedaço de madeira e consegui tirar a nota de lá. Quando eu fui saindo do banheiro com o pedaço de madeira na mão para poder lavar o dinheiro, passou um cara para querer meter a mão e aí eu tive que ser ligeiro, esquecer a frescura e pegar o dinheiro", lembrou.

Está pensando que acabou? No final, o sacrifício nem valeu à pena. "Eu peguei a nota e aí veio de lá uma menina que tinha saído do banheiro na minha frente antes de eu entrar. Ela disse que o dinheiro era dela e um amigo que estava comigo foi lá e entregou a nota. Pense na raiva que eu fiquei dele!", finalizou Felipe Santos, rindo.

Cobrando pelo xixi

Para quem não encarou os banheiros químicos, diferente de Felipe, teve outra alternativa para não segurar o número um...ou até o número dois. Ao longo dos circuitos, donos de estabelecimentos como bares e restaurantes aproveitaram para empreender de um jeito diferente, para além da venda de bebida e comida.

Carla Borges, de 47 anos, foi uma dessas. Seu ponto, que ficou no Circuito Osmar, foi todo adaptado para o Carnaval. Além da bancada de tapume na frente para barrar a entrada de clientes e da mudança de nome para "Point do Calma Calabreso" - em referência a uma fala do baiano Davi no BBB24 -, tinha também uma placa com o dizer "Banheiro 2 reais".

Point do Calma Cabalbreso cobra dois reais para uso do banheiro no circuito Campo Grande
Point do Calma Calabreso cobrou R$ 2 para uso do banheiro no circuito Campo Grande Crédito: Carolina Cerqueira/CORREIO

"A gente vende bebida na porta e só deixa entrar para o banheiro quem consome. Se não quiser comprar nada, tem que pagar pelo menos os dois reais", explicou. Carla garantiu que a demanda foi grande, principalmente dos foliões que estavam nos blocos. "De graça não dá, né? Mas, a gente deixa tudo limpinho e bonitinho e a galera aprova", acrescentou.

O empreendedor Jean Ricardo, de 45 anos, é dono do Casarão Grill, que também fica no circuito Osmar, e cobrou três reais pelo banheiro. "A gente faz porque é um diferencial. Muita gente vê a placa, é atraída pelo banheiro e acaba consumindo também", afirmou. Segundo ele, entre 40 a 60 pessoas por dia procuraram o bar por conta do banheiro durante o Carnaval. "Com ele a gente acaba lucrando uns 30% a mais", disparou.

O Correio Folia tem apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador