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O armengue com o déficit de peritos no DPT, Rui encurralado por Wagner e o turismo institucional de Jerônimo

Leia a coluna na íntegra

  • Foto do(a) author(a) Pombo Correio
  • Pombo Correio

Publicado em 8 de agosto de 2025 às 05:00

Serventes de limpeza atuam como peritos no  Instituto Médico Legal Nina Rodrigues
Serventes de limpeza atuam como peritos no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues Crédito: Marina Silva/CORREIO

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-BA) no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues flagrou serventes de limpeza atuando como se fossem peritos técnicos. Foram identificados, numa visita in loco em 2023, que 21 terceirizados estavam prestando apoio direto a necropsias, preparando cadáveres e manuseando equipamentos, atividades que, por lei, são exclusivas de servidores especializados do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Além da ilegalidade, o relatório alerta para a precarização do serviço público e o risco de ações trabalhistas, já que os trabalhadores não recebem sequer o adicional de insalubridade. O motivo da irregularidade, segundo o TCE, é o enorme déficit de pessoal no órgão. Enquanto a lei prevê 2.119 profissionais, apenas 835 estão em atividade – deixando um buraco de mais de 1.200 vagas.

Rui encurralado

O imbróglio em torno da formação da chapa governista na Bahia para as eleições do próximo ano está longe de um consenso e tem gerado atritos e tensões nos bastidores. O centro da equação é o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Segundo fontes do grupo petista, quando Rui abriu mão do Senado e seguiu até o final de seu mandato em 2022, o combinado foi que ele seria candidato à Casa Alta do Congresso em 2026. Agora, contudo, o senador Jaques Wagner (PT) já avisou que não vai abrir mão da reeleição e tem usado dois argumentos que encurralam Rui. O primeiro é que, para ele, a prioridade na chapa é para quem vai disputar a reeleição. No caso do Senado, pela tese dele, a preferência seria do próprio Wagner e de Angelo Coronel (PSD), o que tiraria Rui do jogo.

Alternativa

De acordo com interlocutores, o segundo argumento é que Wagner tem dito também que, como o presidente Lula (PT) estará em campanha pela reeleição, Rui tem que estar no governo para ajudar no projeto nacional, considerado prioritário. O senador petista tem questionado, inclusive, se o ministro vai abandonar Lula em 2026, cuja eleição é crucial para o projeto do PT. Segundo fontes contaram à coluna, Wagner teria dito a aliados próximos que uma solução para o imbróglio é Rui ser vice de Jerônimo Rodrigues (PT) no próximo ano. Esse movimento tem provocado irritação em Rui, que, por enquanto, segue irredutível no seu desejo de disputar o Senado.

Governo a passeio

Com Jerônimo Rodrigues no comando, o governo da Bahia parece ter descoberto uma nova vocação: o turismo institucional. Em pouco mais de dois anos e meio, a gestão já torrou quase meio bilhão de reais com passagens e despesas de locomoção. Os R$ 489 milhões gastos correspondem a mais que o dobro do total utilizado nos quatro anos anteriores (R$ 179 milhões). Isso sem contar a fatia de R$ 275 milhões relativos a pagamentos de diárias a servidores que acompanham as viagens.

Até que a urna nos separe

Sedento por apoios, o governador Jerônimo passou a aceitar uma nova modalidade de adesão de prefeitos e lideranças: “o casamento político civil”. Funciona assim: os gestores que visitam a Governadoria a fim de encaminhar projetos e obras assinam termo de compromisso eleitoral antecipado, mesmo sem oferecer a garantia de que levará o governador ao altar - ou melhor, à urna. De todo modo, o governador orgulha-se de ter a “união estável”, sem, contudo, ler as letras miúdas do contrato civil: “até que a urna nos separe”.

Clube dos insatisfeitos

Enquanto isso, prefeitos da base aliada do governador Jerônimo andam com o humor azedo nos bastidores. A reclamação é direta: enquanto os gestores da oposição recebem promessas de investimentos do governo, os aliados de primeira hora ficam a ver navios. Segundo relatos de prefeitos governistas, nem promessas têm chegado para as suas cidades. A narrativa que circula entre os insatisfeitos é que Jerônimo estaria priorizando conversas voltadas a prefeitos da oposição, deixando aliados sem prestígio e sem agenda definida para obras e investimentos. Nos bastidores, o clima é de frustração, e já há quem diga que, se nada mudar, 2026 pode começar mais cedo para algumas lideranças municipais.

Desconvidado

O anúncio da presença de Jerônimo na festa de aniversário de Guanambi provocou uma onda de receptividade às avessas nas redes sociais. “Quem convidou?! Faça favor de desconvidar”, disse uma moradora nas redes sociais.

Crise profunda

A seca na região de Irecê continua causando enorme preocupação a lideranças políticas e integrantes do setor agropecuário. Muitos produtores perderam 100% de suas safras, enquanto outros viram animais morrerem devido às condições climáticas adversas ou tiveram que vender os bichos por preços muito abaixo do mercado. As prefeituras fazem um esforço para mitigar os prejuízos, enquanto o apoio dos governos estadual e federal tem sido muito aquém do mínimo necessário. Segundo lideranças contatadas pela coluna, a principal medida do governo Jerônimo até agora foi enviar sacas de milho, em quantidade insuficiente, para a alimentação do gado. A situação já vem desde o início do ano. É tempo mais do que suficiente para um auxílio mais robusto aos municípios.

Sincericídio

Para completar, o setor produtivo baiano já anda preocupado com o tarifaço anunciado pelo governo dos EUA. A medida, que afeta em cheio a agropecuária da Bahia, ainda não teve nenhuma medida anunciada por Jerônimo para mitigar os efeitos à economia, ao contrário do que já fizeram governadores de outros estados. Em entrevista nesta semana, o baiano admitiu que está à espera do governo Lula em relação às medidas compensatórias ao setor produtivo. Ou seja: confirmou as críticas da oposição de que o governo tem sido omisso.

Óleo de peroba

É preciso reconhecer a impressionante capacidade de lideranças petistas de fazerem sucessivas promessas, descumprirem todos os prazos e seguirem criando novos compromissos como se nada tivesse acontecido. Nesta semana, o secretário da Casa Civil do governo do estado, Afonso Florence (PT), deu uma entrevista em que jogou para outubro o prazo para entrega da nova rodoviária, após anos de atraso. Para o início das obras da ponte Salvador-Itaparica, que já virou lenda urbana, a nova data, entre os incontáveis prazos, é junho de 2026. Sobre o antigo Centro de Convenções, cujo abandono já dura quase nove anos, a nova desculpa é a regularização fundiária, que, aparentemente, o governo descobriu agora, quase uma década depois. A pergunta que fica é: dá para confiar depois de tudo isso?

Menos pelo mesmo

Um termo de colaboração entre a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades) com uma central de associações da agricultura familiar no extremo-sul da Bahia, ao custo de R$ 2 milhões, esconde detalhes, no mínimo, curiosos. Quase um ano depois de ter estabelecido 2.400 metas a serem cumpridas pela tal associação, a secretaria reduziu as obrigações para 1.440 metas, por considerar que não haveria tempo suficiente para cumprir com aquilo que foi acordado para o período de 24 meses. Além disso, estranhamente, a secretaria disse que o que foi combinado “não reflete a realidade dos municípios atendidos”. O aviso publicado em Diário Oficial esta semana faz a ressalva de que o termo aditivo em questão não envolve acréscimo de valor, o que de fato soaria estranho, já que a parte colaboradora entregará muito menos do que foi previsto. Por outro lado, a Seades também não fala em redução do custo inicial, uma vez que a quantidade de metas foi significativamente reduzida.