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Pombo Correio
Publicado em 2 de maio de 2025 às 05:00
Vale a pena ver de novo? >
O retorno da aliança do PDT com o PT na Bahia provocou um verdadeiro “vale a pena ver de novo” nas rodas de conversa da política do Estado. Tal qual o programa da rede Globo, que reprisa novelas antigas, políticos e observadores recordam a relação passada entre as duas legendas, em especial entre o deputado Félix Mendonça Jr, presidente do PDT na Bahia, e o hoje ministro e ex-governador Rui Costa (PT). Para quem não lembra, o PDT foi praticamente escorraçado da base petista por Rui, que não escondia de ninguém seu desgosto por Félix (e a recíproca era verdadeira). Desleal era o termo mais leve usado pelo petista, que também não poupava críticas ao trabalho da irmã do deputado, Andrea Mendonça. Recordam também que, se lideranças do PDT reclamavam do tamanho do partido na oposição, no governo de Rui a sigla tinha apenas uma esvaziada e sucateada Secretaria da Agricultura, enquanto todo o poder era centrado na pasta de Desenvolvimento Rural (SDR). Por fim, apostam que, pelos espaços disponíveis no governo e pelo perfil dos envolvidos, a política da Bahia verá um vale a pena ver de novo na relação PT x PDT.>
Na boca do povo>
Nas redes sociais, internautas não pouparam críticas a Félix Mendonça, considerado por eles como “oportunista” pela mudança de lado. “Félix foi lamber a bota do PT”, escreveu um usuário no perfil de um site de notícias. “Foi escorraçado pelo PT e agora volta de cabeça baixa”, disse outro. “Esse Félix a cada eleição está derretendo, se humilhando ao PT para ver se escapa”, pontuou um outro internauta. >
Já vai tarde>
Na oposição, a sensação da saída de Félix é de “já vai tarde”. Caciques do grupo ponderam que a saída do partido não provoca uma baixa, visto que diversas lideranças pedetistas devem continuar com o projeto oposicionista no Estado, como o deputado federal Leo Prates, a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, que chegou a disputar a vice-presidência da República ao lado de Ciro Gomes, os quatro vereadores da capital baiana, a vice-prefeita de Simões Filho, Simone Costa, entre outras. “Félix vai só com quem já estava com o PT e não leva nada”, disse um observador. >
Barriga de aluguel>
Com o PDT já na base do governo, deputados estaduais do PP que desejam sair do partido após a federação com o União Brasil podem migrar para o ninho pedetista. Parlamentares dizem que já há conversas em andamento para pelo menos dois deputados pepistas migrarem para o PDT. Quem não vai gostar nada disso são os ex-prefeitos Luciano Pinheiro e Silva Neto, principais articuladores para o retorno do partido à base petista. Candidatos a deputado estadual, eles não querem de jeito nenhum nomes com mandato no partido. Dizem, inclusive, que tiveram de Félix a garantia de que o partido não seria “barriga de aluguel”. >
Conta difícil>
A chegada do PDT à base governista expôs um problema que caciques petistas já perceberam que terão no próximo ano: a montagem das chapas de deputados estaduais e federais. Articuladores de Jerônimo querem, por exemplo, distribuir os deputados do PP entre PDT e PSB, embora encontrem resistências de lideranças de ambas as legendas, que pretendem privilegiar seus filiados. Por outro lado, petistas não querem fortalecer ainda mais Avante e PSD. Além disso, encontram resistência de parlamentares quanto à filiação ao PT, o que não agrada a alguns deputados. A pergunta que fica é: como vão fechar essa conta?>
Sem base>
Pela segunda semana seguida, o governador Jerônimo Rodrigues não conseguiu aprovar seus pedidos de empréstimo na Assembleia Legislativa por falta de quórum da base aliada. Na última terça, o reajuste salarial para servidores de segurança pública e saúde só foi votado graças a um gesto da oposição, que garantiu a aprovação antes do feriado de 1º de maio, para que os trabalhadores não fossem penalizados. Porque se dependesse da articulação do governo…>
Duas pontes>
Por falar em empréstimos, a pergunta que começa a ecoar até entre governistas é: para onde está indo tanto dinheiro? Em apenas dois anos e quatro meses, Jerônimo já pediu R$18,2 bilhões em empréstimos, valor suficiente, por exemplo, para construir quase duas pontes Salvador-Itaparica, cujo orçamento atualizado pelo TCE está na casa dos R$10 bilhões. Daria, ainda, para construir mais de três VLTs, cujo orçamento supera os R$5,2 bilhões. A comparação é didática e escancara o ponto central de que o problema não é falta de dinheiro, é falta de rumo. A avalanche de antecipações de receita e endividamento acaba por denunciar o marasmo administrativo e a sensação de uma máquina pública desorganizada, onde há muito dinheiro, mas pouco resultado. >
Na bronca>
A chateação da base governista, por sinal, vai, aos poucos, rompendo o limite dos bastidores. Nos últimos dias, um deputado do PSD chegou a gravar um vídeo da buraqueira na estrada que liga Angical a Irecê, pedindo publicamente que o governador Jerônimo Rodrigues tomasse providências. A promessa de recuperação na infraestrutura viária da região vem ainda da gestão Rui Costa e foi renovada como nova promessa eleitoral de Jerônimo em 2022. Pelo visto, o governador parece disposto a requentar o juramento em 2026, mas a paciência dos aliados já não é mais a mesma. >
Terreno na Lua>
Prefeitos baianos estão encucados com as promessas faraônicas do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que segue em ritmo alucinado e desesperado para atrair o apoio político deles. Gestores municipais que se encontram com Jerônimo recebem, em troca de aliança política, uma lista imensa de promessas para suas respectivas cidades. Alguns deles estão fazendo questão de enumerar cada promessa do governador em suas redes sociais para, lá na frente, cobrar do governo. “Só faltou me prometer terreno na Lua”, brincou um prefeito da oposição que se encontrou com o petista. >
Escárnio>
A presidente do PT em Jeremoabo, que admitiu ter atirado ovos no governador Jerônimo Rodrigues durante a campanha eleitoral de 2024, surgiu esta semana em Salvador e causou um enorme desconforto. Isso porque ela foi recebida com tapete vermelho para despachar em espaços do próprio governo estadual, apresentando demandas e articulando apoio eleitoral para 2026 - tudo registrado nas redes sociais. A militância mais raivosa reagiu duramente nos bastidores, especialmente porque a petista chegou a gravar um áudio na época dizendo estar “aliviada” e impune após o ataque a Jerônimo. >
Planserv incômodo>
A base governista na Assembleia Legislativa rejeitou discutir uma emenda apresentada pelo deputado Robinho que previa a recomposição da contribuição do Estado ao Planserv, principal plano de saúde dos servidores estaduais. A proposta tentava subir a contribuição de 2,5% para 4%, num esforço para amenizar o rombo que vem inviabilizando atendimentos e levando hospitais a recusarem pacientes por falta de repasse. Anos atrás, a contribuição do Estado chegava a 5%, mas foi ligeiramente desidratada pelo ex-governador Rui Costa (PT).>