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Pombo Correio
Publicado em 11 de abril de 2025 às 05:00
De mal a pior >
A cúpula do governo do estado acendeu de vez o sinal de alerta com pesquisas para consumo interno que acabaram de sair do forno. Levantamentos de intenção de voto e avaliação do governo de Jerônimo Rodrigues (PT) feitos em médias cidades apontam um cenário muito adverso para o petista. Em um município de porte médio, onde o governador levou quase 60% dos votos em 2022, agora tem pouco mais da metade das intenções de voto. Um deputado da base petista chegou a confidenciar, em conversas reservadas, que em outra cidade, de menor porte, onde o petista venceu com quase 70% na disputa passada, agora a avaliação positiva da gestão estadual gira em torno dos 50%.>
Calma lá!>
Talvez esse cenário explique a coação que o governador tem feito com prefeitos baianos para tentar, a todo custo, garantir o apoio deles para 2026 já agora. O movimento tem provocado insatisfação de alguns gestores municipais que se reúnem com Jerônimo e seus secretários. Nesta semana, dois prefeitos avisaram às suas bases que a parceria institucional com o governo não significa, necessariamente, apoio político ao petista. Um deles, inclusive, disse isso publicamente num evento que marcava a celebração dos 100 primeiros dias de gestão. A questão é que o governo vem plantando na imprensa que ambos fecharam com Jerônimo.>
Reação inesperada>
A articulação para a atração de prefeitos começou a surtir efeito reverso para o governo. Se, no início, parecia demonstrar força política do governador, agora tem causado duas fortes dores de cabeça. A primeira é que gestores municipais que são da base e fizeram campanha para Jerônimo em 2022 começaram a se queixar, inclusive com deputados, que não estão conseguindo marcar agendas com Jerônimo, causando enorme ciumeira. O segundo é que os aliados da base, nos municípios governados por prefeitos da oposição, que são cortejados pelo petista, estão se sentindo abandonados. A cúpula da articulação política da base já foi avisada da queixa.>
Lentidão>
A lentidão do governo do Estado em dar respostas efetivas para amenizar os impactos causados pela seca tem gerado bastante insatisfação entre gestores municipais, até mesmo dentro da base do governador Jerônimo Rodrigues. Isso porque, segundo eles, o problema não é surpresa para ninguém e que já deveria haver um plano estruturado para lidar com a estiagem. “Todo ano é a mesma coisa. Já se sabe que vai faltar água, que vai precisar de caminhão-pipa, perfuração de poços, ração para os animais. Não tem mais desculpa”, comentou um prefeito, reclamando ainda que o governo “marca reunião para marcar reunião”, sem efetivamente deliberar nada de concreto.>
Frustração>
É evidente também a frustração por parte da classe política em ver que a tão celebrada parceria de Lula com Jerônimo não está entregando o que prometeu. “Se essa é a vantagem de ter um presidente aliado, tá difícil defender”, desabafou outro prefeito, sob condição de reserva.>
Detalhe indigesto>
Em meios aos reclames, um gestor chamou atenção a um detalhe que, para ele, expressa o grau de atenção que o governo deu à previsível estiagem, dessa vez mais severa que o habitual. Na mensagem lida por Jerônimo na abertura dos trabalhos na Assembleia Legislativa este ano, o tema da seca aparece apenas uma única vez, numa breve menção a investimentos em tecnologia para atenuar a convivência com o período. Tais investimentos parecem ter ficado mais na retórica do que na gestão.>
Não perca a conta>
Enquanto o sertão pede água, Jerônimo pede mais um empréstimo. Essa foi a provocação de um opositor ao ver o 16º pedido de empréstimo do governador Jerônimo Rodrigues chegar à Assembleia Legislativa da Bahia ontem. A nova operação de crédito, no valor de R$ 600 milhões, faz a dívida do Estado se aproximar dos R$ 14 bilhões. De forma resumida, o texto aponta que os recursos serão destinados para infraestrutura e mobilidade urbana, mas sem dizer exatamente em quais projetos. E para variar, o governo pediu tramitação em regime de urgência, impedindo que o tema passe por debate nas comissões técnicas da Casa.>
Fantasma de volta>
Pressionado pela imprensa sobre o impasse judicial sobre a CPI do MST, o governador Jerônimo Rodrigues preferiu silenciar diante da onda de invasões de terra na Bahia, mas como contra-ataque orientou sua base na Assembleia Legislativa a propor uma CPI para investigar contratos de limpeza urbana firmados por prefeituras. A manobra soou como retaliação política e gerou péssima repercussão no Parlamento. Além da ingerência indevida em outro poder, a proposta foi vista como juridicamente frágil: a Assembleia não tem competência para apurar contratos municipais. A tentativa de desviar o foco acabou reacendendo um fantasma incômodo para o próprio governo — o da CPI dos Respiradores, que tinha o objetivo de apurar o destino misterioso de cerca de R$ 50 milhões pagos por equipamentos que nunca chegaram à Bahia.>
Vexame>
O troféu de deselegância da semana vai, sem concorrência, para o deputado Euclides Fernandes (PT), um dos decanos da Assembleia Legislativa da Bahia, que protagonizou um momento constrangedor ao gritar com a presidente da Casa, deputada Ivana Bastos (PSD), durante a votação de projetos de iniciativa de parlamentares. Irritado por ver que seu projeto não constava na ordem do dia, construída a partir de um acordo entre lideranças, o petista tentou pedir vista de um projeto, numa manobra para travar os trabalhos. A jogada não deu certo porque ele mesmo já havia aprovado a proposta na CCJ. Aí restou apenas o constrangimento e o silêncio desconfortável diante dos colegas. Um vexame do decano.>
Tragédia anunciada>
O mais recente acidente envolvendo lanchas que fazem o transporte para Morro do São Paulo reacendeu a crítica sobre a atuação da Agerba, órgão do governo do Estado responsável por regular e fiscalizar esse tipo de transporte. Há anos lideranças políticas pedem uma atuação mais firme do governo e da Agerba sobre as lanchas, mas nada tem sido feito. No acidente desta semana, uma pessoa morreu. As críticas sobre a Agerba também dizem respeito às péssimas condições do ferryboat e ao sistema de transporte rodoviário intermunicipal, com diversas empresas prestando o serviço em condições precárias.>