Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Se a briga for para cortar a gastança, que briguem

Chegou a hora de revisar privilégios, repensar estruturas e reconectar Brasília com o Brasil real

Publicado em 10 de julho de 2025 às 05:00

Nos últimos dias, o país tem assistido a uma nova escalada de tensões entre o governo federal e o Congresso Nacional. O estopim mais recente foi a decisão do Congresso de barrar, de forma unilateral, a reoneração do IOF — uma medida defendida pelo governo como alternativa de aumento de arrecadação. Em resposta, o presidente Lula indicou que poderá vetar ou simplesmente não sancionar o projeto que prevê o aumento no número de deputados federais, proposta que teria impacto direto no custo da Câmara e nas despesas com estrutura parlamentar.

De um lado, o governo não consegue aprovar o imposto que deseja. De outro, o Congresso não consegue ampliar seus próprios gastos. E, diante desse impasse, é possível que o país ganhe. Porque se essa briga servir para uma coisa, apenas uma, que seja para cortar a gastança desavergonhada do poder público.

O caso recente do deputado Hugo Motta, que utilizou R$ 110 mil do Fundo Partidário para fretar um jatinho rumo a uma festa de aniversário, é apenas mais um sintoma do problema. Não é ilegal, mas é imoral. E revela o grau de desconexão que parte da classe política tem com a realidade do país.

Enquanto milhões de brasileiros aguardam meses por uma consulta no SUS ou enfrentam filas por um leito, parlamentares têm direito a reembolsos de cirurgias feitas na rede privada. Enquanto servidores públicos e trabalhadores precisam contar centavos para equilibrar o orçamento doméstico, alguns gabinetes operam como estruturas paralelas de luxo, com dezenas de assessores, reembolsos ilimitados e privilégios desconectados da vida real.

O Brasil tem hoje o Congresso mais caro do mundo. E isso não se explica apenas pelos salários, que já são altos. O problema está nos penduricalhos: cotas para exercício do mandato, auxílio-moradia mesmo com imóvel próprio, passagens aéreas, verbas indenizatórias, plano de saúde vitalício e até ressarcimento de alimentação. Tudo isso bancado com dinheiro do contribuinte.

O mesmo contribuinte que é chamado a fazer sacrifícios, que ouve discursos sobre contenção de despesas, que paga impostos sobre tudo e que espera, em troca, serviços públicos minimamente dignos.

Por isso, se a atual crise entre o governo Lula e o Congresso Nacional tiver algum efeito positivo, que seja o de colocar os dois lados frente ao espelho. Chegou a hora de revisar privilégios, repensar estruturas e, principalmente, reconectar Brasília com o Brasil real.

A boa política exige exemplo. E exemplo não se dá no luxo, mas na responsabilidade.

Lucas Moreno é presidente nacional do União Jovem do Brasil e consultor da Fundação Índigo