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Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2023 às 23:16
“Sejam pessoas do bem, semeadoras da paz, da bondade e do amor. Só assim poderemos ter um mundo mais humano e justo”. As palavras do Cardeal Geraldo Majella Agnelo foram escritas no início do mês e integram o texto do testamento espiritual do Cardeal, que foi sepultado nessa segunda-feira (28), na Cripta da Catedral Metropolitana de Londrina, após a celebração da Missa das Exéquias.
Segundo informações do portal católico Canção Nova, o funeral do Cardeal Geraldo Majella Agnelo teve início ainda no domingo, 27, em Londrina (PR). O arcebispo emérito de São Salvador da Bahia morreu no sábado, 26, após uma piora no seu estado de saúde – ele havia sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) em dezembro do ano passado e, desde então, de encontrava em internamento domiciliar.
Dom Geraldo, cujo lema episcopal é “Caridade com fé”, foi bispo de Toledo (PR), de 5 de maio a 27 outubro de 1982, arcebispo de Londrina (PR) de 1982 a janeiro de 1999, quando foi nomeado como arcebispo Primaz do Brasil e assumiu o governo pastoral da arquidiocese de São Salvador da Bahia.
No testamento, o sacerdote descreve a permanência na capital baiana como um período rico em diversos aspectos. “Em Salvador, aprendi a conviver com a diversidade de fé e cultura. Povo alegre, acolhedor, festeiro, mas também trabalhador. Tive a felicidade de ordenar 75 sacerdotes em 12 anos de ministério episcopal”.
Dom Geraldo fez questão de destacar os aprendizados obtidos no período. "Eu fiquei muito apreensivo ao ser nomeado para um estado que pouco conhecia, com uma religiosidade muito particular. Mas como nunca pedi nada à Igreja, nunca disse não aos meus superiores, mais uma vez disse sim ao Santo Padre”, relatou, parafraseando o Papa São Leão XXIII, que dizia: “quem conduz a Igreja é o Espírito Santo. Nós somos apenas instrumentos”.
Dom Geraldo também é um dos responsáveis pela beatificação de irmã Dulce, ocorrida 2011, quando era arcebispo de Salvador. O processo de canonização começou na década de 2000, quando a Santa Sé deu validação jurídica a um milagre atribuído à freira — uma mulher em Sergipe que sofria de hemorragia após o parto. Dom Geraldo escreveu a oração à Irmã Dulce.
Ao lado da médica sanitarista Zilda Arns, Dom Geraldo ajudou a criar, em 1983, a Pastoral da Criança, organização de voluntários que promove ações de saúde e nutrição às famílias pobres. Atualmente, a Pastoral acompanha no Brasil 360 mil crianças, de acordo com dados da entidade, além de atuar em outros 11 países da América Latina, África e Ásia.
Ele presidiu a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, de 1983-1987, foi vice-presidente do Regional Sul 2 da CNBB e 2º Vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), em 1999. Dom Geraldo presidiu a CNBB de 2003 a 2007.
No Vaticano, foi membro do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja. Participou de dois conclaves, um, em 2005, que elegeu o Papa Bento XVI, e outro, em 2013, no qual foi escolhido o Papa Francisco. Ele foi um dos três presidentes da Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe realizada em Aparecida (SP), em maio de 2007.
Filho de Antônio Agnelo e Sylvia Agnelo, Dom Geraldo Majella Agnelo nasceu no dia 19 de outubro de 1933, em Juiz de Fora (MG). Cursou o primário (atualmente Educação Infantil) no Instituto Santos Anjos das Irmãs Carmelitas da Divina Providência, em sua cidade natal. Aos 12 anos ingressou no Seminário Menor Diocesano Santo Antônio, também em Juiz de Fora, onde ficou até completar 14 anos. Entre os anos de 1948 e 1950 continuou os estudos em Pirapora do Bom Jesus, no Seminário Menor Arquidiocesano de São Paulo, dirigido pelos Cônegos Premonstratenses. Depois, ingressou no Seminário Central da Imaculada Conceição do Ipiranga (SP).