Câmara Árabe planeja ações para reverter imagem da carne brasileira

Já foi acertado para o início de maio uma visita do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, aos Emirados Árabes e Arábia Saudita

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  • Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2017 às 13:54

- Atualizado há um ano

Empenhados em recuperar a imagem da carne produzida no Brasil nos países árabes após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, representantes da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira cumprirão, juntamente com membros do governo brasileiro, uma intensa agenda no exterior nos próximos meses. Já acertaram para o início de maio, provavelmente dia 10, uma visita do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, aos Emirados Árabes e Arábia Saudita. Antes disso, irão com o secretário executivo do ministério brasileiro, Eumar Novacki, a Argélia, Egito e Marrocos, entre os dias 16 e 25 de abril.Em terras brasileiras, a iniciativa começa já nesta segunda-feira (3) quando a Câmara Árabe-Brasileira receberá, como consequência da Operação Carne Fraca, uma comitiva de oito membros da Autoridade Saudita para Alimentação e Medicamentos (SFDA, na sigla em inglês). Este grupo visitará 41 frigoríficos, em diversos Estados do País, durante dez dias. "(Esse trabalho) É importante para o Brasil, mas também é muito importante para os países árabes. Não poderíamos deixar um vácuo de informações", afirmou o presidente da Câmara, Rubens Hannun, ao Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.Além das missões recíprocas, a entidade prepara também uma campanha de marketing sobre o produto brasileiro nos países árabes e uma pesquisa entre os consumidores para analisar o real efeito da operação da PF à imagem do produto no bloco árabe. "Precisamos entender e agir no intangível, que é difícil controlar. Do contrário, a normalidade pode voltar só de forma aparente, mas ser comprometida ao longo prazo", disse Hannun.Conforme dados apresentados pela Câmara Árabe, com base em levantamentos do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), os países árabes foram responsáveis por 30% do faturamento do Brasil, ou US$ 3,5 bilhões, com as exportações de carnes de frango e bovina em 2016. Na Arábia Saudita, o principal importador da carne de frango do País, o Brasil detém 75% de market share. Nos Emirados Árabes, a fatia é de 66% e, no Egito, 67%. Ou seja, são nações altamente dependentes da proteína brasileira. A carne vendida para os países árabes é halal - segue preceitos da religião muçulmana para o abate dos animais, o que garante maior valor agregado ao produto. O Brasil, aliás, é reconhecido mundialmente por essa certificação. "Os países árabes conferem ao Brasil uma forte responsabilidade na sua segurança alimentar. Antes da operação, essa relação vinha muito bem e a imagem do produto brasileiro é excelente", disse Hannun.Após a operação da Polícia Federal, entre os países árabes, Argélia e Bahrein suspenderam totalmente as compras do Brasil. Arábia Saudita, Marrocos, Emirados Árabe e Catar fizeram e ainda mantêm bloqueios parciais. Já Kuwait, Jordânia e Egito derrubaram restrições, após receberem explicações oficiais.Tendo em vista a relação comercial entre o bloco e o Brasil, a Câmara Árabe-Brasileira montou uma gestão de crise desde a deflagração da operação. "Já no domingo (19), montamos um comitê especial e tomamos algumas decisões juntamente com o ministério", afirmou Hannun. Segundo o representante, os países árabes solicitaram muitas informações. "É possível garantir a qualidade sanitária ou não? O que de fato aconteceu? Foi generalizado ou localizado?", exemplificou. O representante afirmou que a Câmara passou até a traduzir para o árabe os dados divulgados pela Agricultura e a encaminhar o material para as embaixadas e governos.Na semana que sucedeu o acontecimento, empresários do Egito vieram ao Brasil para negociar um contrato de compra de carnes. A visita já estava agendada antes da operação e a Carne Fraca ameaçou a paralisar a tramitação. No entanto, Hannun afirmou que o pronto esclarecimento garantiu um acordo de fornecimento de 21 mil toneladas por mês de carne de frango e boi. Hannun não especificou o volume de cada proteína.