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Kivia Souza
Publicado em 2 de dezembro de 2015 às 06:35
- Atualizado há 2 anos
Dois mil reais. Esse foi o valor que a publicitária Ellen Melo, 25 anos, e a jornalista Renata Santiago, 23, usaram para criar o próprio negócio. Elas se conheceram na empresa de comunicação onde trabalhavam e descobriram a vocação para empreender em meio à crise. >
Renata entrou na temida lista do corte de pessoal e foi demitida. Desesperadas com a possibilidade da distância interromper a amizade e incertas sobre o futuro profissional, as jovens tomaram impulso e seguiram outro caminho.Ellen Melo (em pé) e Renata Santiago criaram marca de biquíni e apostam e-commerce para conquistar clientes (Foto: Kivia Souza/CORREIO)A vontade de encarar o desafio falou mais alto que o medo do novo. Renata e Ellen então apostaram em uma marca de biquíni artesanal com modelagem discreta, atual e jovem. >
"Eu adorava o meu trabalho, tinha muita ligação com o público e gosto muito do que eu estudei para fazer. Foi horrível a notícia da demissão, mas Ellen me deu muita força. Eu me apeguei à 3Mares e segui em frente", conta a jornalista Renata Santiago.>
Segundo Ellen, a ideia de criar uma empresa nasceu de um comentário despretensioso. "Eu falei meio que da boca para fora: 'Vamos vender alguma coisa, vamos montar uma empresa'. E quando ela ouviu isso, ela levou a sério e disse: 'vamos vender biquini na internet'. A partir desse momento, eu internalizei, pois senti que era uma coisa que eu ia amar fazer", disse a publicitária Ellen. >
Para vender as peças, a dupla criou uma loja online em uma plataforma segura e de baixa manutenção. A relação com a clientela é estritamente virtual e feita pelas redes sociais. Em oito meses, a marca tomou forma, identidade e adeptos. >
"Gostamos muito de praia, somos muito conectadas com a natureza e, além de tudo, é tendência, e a gente sabe que é um produto que todo mundo compra", explicou Renata Santiago sobre a escolha do segmento.>
Para começar, as baianas dividiram o investimento inicial para pagar costureira, comprar embalagens, etiquetas, botões, linhas e elásticos. Renata, que tirou a parte do recurso dela da rescisão trabalhista, é quem fica responsável pela finalização e acabamento das peças. Enquanto isso, Ellen administra a loja on-line hospedada na plataforma Iluria. O custo de manutenção mensal fica em R$9,90. Ellen também cuida do design das peças publicitárias usadas para divulgar a marca nas redes sociais e da fotografia.Jovens empreendedoras administram empresa no home office montado nas casas das duas (Foto: Kivia Souza/Correio)Como todo negócio inicial, a empresa pede atenção integral. Por isso, a dupla se divide para atender às clientes em tempo real e tirar dúvidas sobre compra e entrega. Para os clientes de Salvador, a entrega é feita pessoalmente. Já para atender os compradores de fora, elas criam atrativos para facilitar a venda e incentivar a compra, como frete grátis e descontos.>
Além disso, elas ainda arranjam tempo para comprar matéria-prima, acompanhar a produção de perto e organizar as finanças juntas. Tudo é colocado no papel para não perder o controle. Como a empresa é nova e possui fluxo de caixa muito variável, as empreendedoras são bem cuidadosas.>
Elas focam na demanda e só produzem de acordo com as vendas, que são crescentes. Mas isso não impede que elas tragam novidades e renovem a vitrine de produtos. Segundo Ellen, uma nova coleção já está sendo produzida.>
As sócias da 3Mares ainda não pararam para fazer capacitação para poder gerir o negócio sozinhas. Por conta disso, elas contam com a ajuda do marido de Renata e do namorado de Ellen para organizar planilhas e negociar com vendedores na hora de comprar a malha dos biquínis.>
"Falamos sempre que nossa equipe tem cinco pessoas. Nós duas, nossos companheiros e nossa costureira. Foi uma equipe que nasceu junta", comemora Renata.>
EstiloAs estampas ainda não são exclusivas, mas são cuidadosamente selecionadas pelas sócias. A modelagem das peças segue a tendência do biquíni coração ou ripple, que leva um elástico na vertical na parte de trás da calcinha e possui franzido nas bordas. O modelo virou febre entre as baianas e já é queridinho até entre as famosas. O segredo da peça é modelar o corpo deixando as curvas mais femininas sem ser vulgar. >
"A nossa costureira tem experiência de muitos anos, mas nunca tinha feito esse tipo modelagem. Não queríamos ser uma marca com peças vulgares. Ela aceitou o desafio e deu super certo", explica a jornalista. Ainda de acordo com Renata, além do modelo cortininha a marca também oferece o top cropped, peça que traduz o estilo do público-alvo. >
"Quando a gente pensou em fazer a marca, pensamos em vender um estilo de vida. Não é uma marca qualquer, tem uma identidade. Não é legal fazer qualquer coisa, sem ter cuidado com o consumidor", fala Ellen. Algumas peças levam detalhes em crochê feitos por Renata.>
Conquistando o clientePara dar confiabilidade ao cliente, as empresárias apostam nas redes sociais. Elas publicam fotos de clientes que usam ou que compraram produtos da marca. "Você não pode lançar uma marca e esperar que todo mundo confie em você. Quem tá do outro lado pensa se você vai mandar mesmo o produto. Como é que a pessoa vai ter confiança? vendo outra pessoa usando. Não tem como fazer sucesso de uma hora para outra", explica a publicitária Ellen.>
"A gente usa o biquíni. Vamos para praia juntas, tiramos fotos e postamos. Sempre tentamos mostrar que o nosso cotidiano está em torno da 3Mares. Não é só um comércio, não é só faturar é a essência do que a gente vive", completa Renata.>