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Lar organizado reflete em trabalho mais produtivo

Pesquisa Estudo mostrou o impacto da convivência familiar no desempenho profissional

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 4 de agosto de 2025 às 06:30

Casais com vida doméstica organizada tendem a ser mais criativos
Casais com vida doméstica organizada tendem a ser mais criativos Crédito: Shutterstock

A forma como se lida com a vida doméstica pode melhorar o desempenho no trabalho. Isso foi o que mostrou um estudo da University of Bath, divulgado pela ScienceDaily em maio de 2025. A pesquisa acompanhou 147 casais com filhos e que trabalham em tempo integral, ao longo de seis semanas e o resultado foi que indivíduos que têm a vida doméstica organizada, como dividir tarefas ou ajustar horários de cuidados com os filhos, tendem a ser mais criativos, produtivos e resilientes no ambiente de trabalho.

No contexto da organização familiar, o estudo mostrou ainda que famílias que dialogam, colaboram e estão abertas às mudanças tendem a se adaptar melhor às exigências cotidianas. A harmonia familiar, segundo a pesquisa, fortaleceria a confiança e a capacidade de encontrar soluções criativas, habilidades que também se refletem positivamente no ambiente de trabalho.

Essas habilidades advindas desse equilíbrio familiar são chamadas de ‘renovação estratégica’: mudanças proativas e conscientes que os casais fazem na organização da vida familiar com o objetivo de se adaptar melhor às demandas do cotidiano.

O estudo mostra que quem planeja e distribui rotinas com intencionalidade, como criar calendários compartilhados, fazer reuniões familiares para resolver conflitos ou estabelecer rodízios de tarefas, tende a desenvolver mais controle emocional e resiliência. Até práticas como períodos sem tecnologia ou a reorganização do ambiente físico da casa são citadas como formas de melhorar tanto a convivência familiar quanto o desempenho profissional.

Mente sobrecarregada, emocional exausto

A professora do curso de Psicologia da Unijorge, mestre e doutora em Psicologia Clínica Isis Oliveira diz que os benefícios de um casal bem articulado na divisão de tarefas são indiscutíveis. “Se ninguém está sobrecarregado, todos desfrutam de tempo e energia para cumprir com suas outras atividades, principalmente no trabalho. Essa organização diz respeito ao que fica encarregado para cada membro da família, não se referindo, necessariamente, à uma casa sempre impecavelmente limpa e sem nada fora do lugar”, explica.

A psicóloga Isis Oliveira pontua que tarefas pendentes acumuladas em casa trazem à cognição a informação de que a pessoa não está
A psicóloga Isis Oliveira pontua que tarefas pendentes acumuladas em casa trazem à cognição a informação de que a pessoa não está "dando conta" Crédito: Divulgação

Isis pontua que tarefas pendentes acumuladas em casa trazem à cognição a informação de que a pessoa não está "dando conta", que seu esforço não é suficiente e que não tem tempo para cuidar do básico da sua vida pessoal. “Sobrecarregar a mente cansa o emocional e, por isso, atrapalha a rotina no trabalho que também tem tarefas a serem cumpridas. Dito de outro modo, o pensamento de que "não dá conta" pode ser transferido também para as tarefas incompletas no trabalho”, esclarece.

Segundo a psicóloga organizacional e professora de Psicologia da UniCesumar de Maringá (PR) Elessandra Bassoli, em tempos de tantas demandas nas mais diversas áreas da vida, organização não é uma tarefa simples, contudo é possível.

“Para isso se faz necessário definir a importância e urgência da ordem das tarefas que se deve manter em equilíbrio”, destaca. Para ela, tal definição se faz com o autocuidado e o autoconhecimento, impedindo que a organização familiar não seja encarada como uma sobrecarga diária. “Defina um tempo mínimo necessário durante o dia para ter um tempo a sós, fazendo algo que goste (um esporte, uma aula de dança, leitura de um livro, voluntariado), fazer algo que perceba que está cuidando de si mesma, e não apenas de tudo ao redor e deixando de cuidar de si mesma”, ensina.

A psicóloga destaca que dar conta de tudo ao mesmo tempo é uma meta fantasiosa. “Viver na perspectiva de ‘tapar buracos’, ‘apagar incêndio’, como algo cotidiano, consequentemente, levará à exaustão e à frustração, diante da sensação de que poderia ter feito melhor. Essa situação pode gerar, por exemplo, ansiedade, culpa, tristeza, sensação de incapacidade”, completa. Elessandra Bassoli complementa salientando a importância de estar inteiro em tudo o que é feito, seja desenvolvendo atividade em casa ou na empresa.

Graduado em Administração, com MBAs em Gestão Empresarial e em Gerenciamento de Projetos, o professor Fábio Iba lembra que a implantação de rotinas pode ser estruturada e não precisa ser engessada. “Ter um certo ritmo no dia a dia é importante, mas deixar espaço para ajustes é o que realmente faz a diferença quando os imprevistos aparecem — seja no trabalho ou em casa”, orienta. Para o gestor, o segredo não está em buscar perfeição e, sim, em criar um jeito de viver mais adaptável, que permita lidar com as demandas com mais tranquilidade.

O professor Fábio Iba lembra que a implantação de rotinas pode ser estruturada e não precisa ser engessada
O professor Fábio Iba lembra que a implantação de rotinas pode ser estruturada e não precisa ser engessada Crédito: Divulgação

Papel da organização

Embora a tarefa comece em casa, a organização familiar pode e deve ser apoiada pela organização. A pesquisa também chama atenção para a responsabilidade das empresas em apoiar seus colaboradores. Organizações que investem em iniciativas como horários flexíveis, licenças parentais estendidas, assistência à família e programas de saúde mental melhoram a qualidade de vida dos funcionários e criam um ambiente mais engajado.

Além disso, programas de desenvolvimento de liderança que considerem as demandas pessoais dos colaboradores e ofereçam feedback construtivo são vistos como ferramentas essenciais para fomentar ambientes mais humanos e produtivos.

Bassoli reforça que, quando o trabalhador se sente reconhecido em sua individualidade, naturalmente, responde com mais dedicação e entrega. “Quando a empresa oferece benefícios que vão além das obrigações legais, como apoio psicológico, políticas de flexibilidade ou incentivos à qualidade de vida, ela demonstra cuidado com o ser humano, não apenas com o cargo ocupado. Isso gera um senso de pertencimento e reciprocidade. O colaborador se sente valorizado e tende a retribuir com mais engajamento e comprometimento”, reflete.

“No modelo híbrido, um dos maiores desafios psicológicos é conseguir estar verdadeiramente presente no momento. Hoje, além das demandas da vida real, convivemos com uma avalanche de estímulos virtuais, com múltiplas telas competindo pela nossa atenção. Isso fragmenta o foco e afeta diretamente o desempenho, especialmente no trabalho remoto. Quem consegue desenvolver a habilidade de se concentrar no aqui e agora, mesmo em meio a tantas distrações, certamente se destaca em termos de produtividade e equilíbrio emocional”, finaliza a psicóloga.

Dicas para uma organização mais fácil

  • Acionar sempre que puder a rede de apoio, mesmo que remunerada (como auxiliares de limpeza, por exemplo).

  • Estabelecer prioridade nas atividades domésticas que te causam desconforto emocional caso se acumulem, como roupas para guardar ou poeira nos móveis ou troca de lençóis.

  • Também se permitir momentos de descanso no lar, sem tarefas e sem culpa.

  • Voltando à rotina após o dia ou horário que se estabeleceu.