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Setor teve menor taxa de trabalhadores em 13 anos durante pandemia, mostra IBGE
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2022 às 06:00
- Atualizado há um ano
O segmento de construção civil está reaquecendo na Bahia após a crise agravada pela pandemia. Dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2020, houve aumento de 1,5% no total de construtoras. Outro levantamento, esse da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon/BA) aponta crescimento no número de admitidos no último ano, somando 114 mil trabalhadores entre abril de 2021 e o mesmo mês de 2022.
O crescimento da indústria da construção acontece após queda por três anos consecutivos. Na pesquisa do IBGE, verificou-se uma redução de 3,4% de profissionais na ativa há dois anos, quando havia o registro de 96,2 mil pessoas, menor contingente desde 2007.
Danilo Peres, economista da Gerência de Estudos Técnicos da Fieb, explica que o setor entrou em processo de declínio em 2014 e a previsão para a recuperação seria em 2019. Com a pandemia, o novo ciclo de crescimento foi adiado para 2021.
Apesar do recuo na ocupação, a Bahia manteve o 5º lugar no ranking nacional de emprego na construção civil, classifica o IBGE.
Devido aos juros baixos, a economia durante a pandemia e o isolamento social, o interesse por produtos da construção civil cresceu, enumera Peres. Com a alta da inflação e os custos de mercadorias dolarizadas, houve desaceleração neste ano. Apesar dos fatores limitantes, o saldo se mantém positivo com a procura e a geração de empregos maior do que no cenário pré-pandêmico.
“Aumentamos nossa mão de obra em 50% nos últimos três anos para atender a demanda que aqueceu o mercado. Passamos 10 anos com uma condição ruim. Tudo parado. Esse ano tem sido o melhor de todos”, conta Juraci Ramos, diretor técnico da Apoio Engenharia Fundações e Geotecnia Ltda.
Por trabalhar na fase inicial dos projetos, Ramos afirma que a busca por construções tem acelerado e a projeção é de contínuo aumento. Também está frequente a procura por orçamento. Para ele, o motivo da grande busca por construção é a demanda reprimida por conta da instabilidade vivida nos anos anteriores [de pandemia] e, apesar da inflação, nota que o setor tem reagido na contramão do encolhimento dos demais segmentos.
“A procura por orçamento indica que tem muita obra para sair no segundo semestre. Estou muito otimista com o setor da construção civil. Esse ano vai ter crescimento de mais de 10%”, estima.
Já o aumento de empresas se deve ao fato dos engenheiros civis escolherem ser autônomos. Ao sair de grandes empresas ou se graduar, a opção tem sido abrir pequenos negócios de construção. Foi nessa empreitada que o engenheiro civil Genésio Rodrigues, dono da GR Construções, apostou há dois anos.
“Eu sempre quis ser construtor. Assim que me formei, eu e minha esposa decidimos fundar a empresa. Tem bastante crescimento na demanda. Não param de aparecer obras. Só falta mão-de-obra qualificada, está cada vez mais escassa”, afirma ele, que tem na empresa uma equipe de 30 funcionários entre pedreiros, eletricistas e pintores.
Oscilação
Danilo Peres esclarece que é comum o setor de construção civil lidar com altos e baixos. Empresas grandes lidam melhor com a volatilidade por estarem estabelecidas no mercado. Já firmas prematuras têm inclinação de abrir e fechar periodicamente, conforme a demanda na temporada. A dependência do volume de obras também gera inconstância no número de trabalhadores, o que justifica a queda em 2020 e aumento neste ano.
“No ‘boom’ de construção em 2009 veio gente de fora para trabalhar nas cidades. Só que a construção civil é contratar trabalhadores, comprar materiais e erguer o prédio. Assim que termina, não tem mais outro [imóvel] a não ser que a empresa consiga outro contrato sucessivamente”, explica.*Com a orientação da subchefe de reportagem, Monique Lôbo