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Larissa Almeida
Publicado em 8 de outubro de 2024 às 06:00
A cidade de Santa Terezinha, localizada no Centro Norte da Bahia, viveu a disputa mais acirrada do estado durante as eleições municipais do último domingo (6). Por apenas quatro votos de diferença para o segundo colocado, o prefeito Agnaldo Andrade (PSD) foi reeleito com 3.883 votos (50,03%), derrotando o candidato Ailton da Bicicleta (PT), que conseguiu 3.879 votos (49,97%). Entre as razões para a eleição apertada, estão promessas de ambos os lados de geração de emprego, bem como possíveis compras de votos, conforme contam moradores. >
Com população estima de 10.441 pessoas, segundo dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Terezinha tem como principais fontes de renda a agricultura e o serviço público. É cercada de ambos os lados pelos municípios de Itatim e Castro Alves – que antes integravam território e acabaram por se emancipar –, mas não acompanhou o comércio das vizinhas. >
É por conta da falta de desenvolvimento econômico que, na perspectiva do morador Daniel Silva, 25 anos, a população fica à mercê dos cargos públicos do município. “A política aqui é bem acirrada. Faz quatro anos que o prefeito foi decidido por aproximadamente 20 votos. A divisão se dá porque é uma cidade que depende só de prefeitura. Não tem outros recursos, fábricas ou indústria, a renda vem da prefeitura ou da aposentadoria”, reitera. >
Segundo a moradora Rosilene Alves, 40 anos, outro fator que influenciou a disputa apertada no último domingo foi a falta de instrução dos eleitores na hora de votar, bem como a compra de votos. “Muita gente que estava votando disse que não estava aparecendo a foto do candidato quando colocavam o número. Como a gente mora na Zona Rural, que é distante de tudo, não é todo mundo que tem o conhecimento e provavelmente muita gente desistiu. Além disso, teve muita compra de voto no sábado à noite e cabos eleitorais distribuindo santinhos nos colégios eleitorais”, conta. >
O cientista social e professor Cláudio André de Souza destaca que há suspeita, do ponto de vista científico-social, da prevalência de municípios cujo eleitorado é composto por pessoas que sofrem vulnerabilidade socioeconômica, o que leva à crença em promessas políticas. “É de fato uma prática recorrente nos interiores e nos pequenos municípios. Nesses locais, é como se houvesse um ambiente menos propício à liberdade de expressão e de opinião. É como se as pessoas fossem mais monitoradas. Então, a política se torna mais custosa”, analisa. >
O candidato Ailton da Bicicleta (PT), que perdeu a disputa, afirma que foi desfavorecido pelo uso da máquina pública. “A máquina pública foi usada contra a gente de todas as formas, inclusive coagindo funcionários para poder votarem. Isso nos fez perder a eleição, fora essas questões de compra de voto. Estávamos bem, e de repente eles viraram o jogo nos últimos dias”, lamentou. >
A reportagem não conseguiu contactar o prefeito Agnaldo Andrade para se posicionar sobre o resultado eleitoral. >