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Gilberto Barbosa
Publicado em 1 de julho de 2025 às 21:29
Nasce o sol a 2 de Julho! Há 202 anos, as tropas comandadas por Thomas Cochrane chegavam a Salvador após a expulsão dos portugueses que ocupavam a capital baiana. A ocupação da cidade foi o ato final na consolidação da Independência do Brasil e lembrada todos os anos em diversas cidades baianas nos dias que antecedem o desfile cívico do dia 2. >
Em Salvador, as celebrações começaram nesta terça-feira (1), quando o Fogo Simbólico, que representa a união dos povos que lutaram pela independência, chegou no bairro de Pirajá no final da tarde.>
Uma multidão esperava na Praça General Labatut pela chegada da chama, que vinha da cidade de Simões Filho, na Região Metropolitana. A tocha chegou pelas mãos da atleta de atletismo Lucy de Oliveira, 54 anos, que foi responsável por acender a Pira localizada no Panteão de Pirajá, onde estão os restos mortais do General Labatut, que comandou as tropas baianas na luta pela independência. >
"É muito emocionante participar do 2 de Julho e conduzir a pira de Simões Filho com os outros atletas. Eu vim com a lembrança de Maria Quitéria, que foi uma guerreira na luta pela independência. Estamos aqui representando-a com muito orgulho", celebrou Luci. >
O percurso do Fogo Simbólico começou na última segunda (30), quando o fogo partiu das cidades de Cachoeira e Mata de São João, no Recôncavo baiano. As duas cidades representam os pontos de partida das rotas oeste e norte, respectivamente. Ao todo, as tochas passaram por nove cidades até chegar em Simões Filho, onde os fogos foram unificados. >
Após a chegada da tocha, as bandeiras de Salvador, da Bahia e do Brasil foram hasteadas em frente ao panteão. Os responsáveis pelo ato foram o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro; o prefeito de Simões Filho, Devaldo Soares (União Brasil); e a tenente-coronel Nadja, que representou o Exército. Em seguida, as autoridades colocaram flores no túmulo do general. >
"O 2 de Julho é uma festa que abrange várias regiões, vários espaços, territórios e identidades. Estamos recebendo e homenageando os heróis daqui de Pirajá, que foi um regimento muito importante para a consolidação do movimento. É importante que a nova geração conheça cada vez mais essa história da independência do Brasil na Bahia, já que sem a Bahia não haveria independência", exaltou Guerreiro. >
Centenas de pessoas se aglomeraram na praça para ver a chegada do Fogo Simbólico. Um deles foi o empresário Nilson Patrício, 42, que não esperou muito tempo para levar seus filhos e sobrinhos para verem a pira acesa no panteão. Para ele, o momento foi uma oportunidade de apresentar a história da Bahia e da própria comunidade para os pequenos. >
“Estamos aqui todos os anos prestigiando essa comemoração. A festa da independência é muito importante para a nossa cultura e para nós que somos baianos. É fundamental passar esse conhecimento através das gerações, porque eles precisam conhecer a nossa história”, disse. >
Pirajá foi palco de uma das batalhas mais importantes durante os conflitos pela Independência da Bahia. Em novembro de 1822, o Exército Pacificador, comandado pelo general Labatut, venceu a Batalha de Pirajá contra as tropas lusitanas. O conflito começou após uma ofensiva lusitana, que visava romper o bloqueio instalado pelas tropas rebeldes na região, que impedia o fornecimento de alimentos para a capital. >
Com cerca de 4 mil combatentes, a maioria portugueses, a batalha durou cerca de oito horas e terminou com vitória brasileira. O conflito também deu origem a uma lenda que consagrou um personagem na memória dos baianos: o corneteiro Lopes. >
Na história, o tenente-coronel Barros Falcão, comandante do batalhão libertador em Pirajá, teria ordenado o recuo das tropas nacionais ao perceber uma eventual derrota. No entanto, Lopes, responsável por dar o toque de retirada, teria se confundido e soou o sinal de avanço da cavalaria, que partiu para o ataque. A fúria dos brasileiros assustou os lusitanos, que fugiram do local. Apesar do mito, não há comprovação histórica da ocasião. >
Antes da chegada do Fogo Simbólico, a praça foi palco para a apresentação da Banda Marcial Alexandrina Santos Pita (Banda Masp), formada por alunos de uma escola municipal do bairro. A programação foi encerrada com um show da banda Cortejo Afro.>