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Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2022 às 13:10
- Atualizado há 2 anos
Uma simples dor nos ovários após a relação sexual, um sangramento fora do normal, cólica constante, além de ter problemas para defecar. Esses e outros sintomas podem ser da endometriose. No entanto, apesar de ser um nome comum dentro dos consultórios de ginecologia, ainda é uma doença muito complicada e difícil de se descobrir, como afirma o especialista Alberto Freitas. >
Em conversa com o CORREIO, o ginecologista, que compartilhou nas redes sociais o relato da cantora Anitta, na noite desta quinta-feira (7), sobre o assunto, explica que ainda existem mulheres que ficam anos sem saber sobre a doença. "Infelizmente ainda é um processo lento, então muitas mulheres ainda peregrinam por muitos atendimentos e consultórios até chegar a essa suspeita da endometriose e iniciar o tratamento adequado", disse.>
A endometriose não tem uma explicação definitiva de como é desencadeada, mas pode iniciar a partir do fluxo menstrual que acaba caindo na cavidade pélvica e, assim, ser um dos gatilhos para a presença das células. Estima-se que 10% das mulheres no mundo apresentam algum grau de endometriose. Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por JORNAL CORREIO | BAHIA (@correio24horas)Dores durante relação sexual Um dos questionamentos levantados por Anitta na publicação do Twitter é que, após a relação sexual, as dores ficam mais intensas. O médico confirma a situação, mas diz que isso pode ocorrer por causa da posição durante o ato e, também, por alguns focos de endometriose no fundo do saco vaginal. >
"Algumas mulheres conseguem encontrar outras posições que reduzam o contato com esta região, reduzindo os episódios de dor na relação sexual", explica, reforçando que pode ser apenas uma solução temporária. Ele ainda detalha que as dores de cólicas menstruais aparecem ao final da adolescência, no início dos 20 anos.>
Esse foi o caso de Yasmin Cardim, que aos 22 anos, descobriu um cisto durante uma ressonância de rotina. A publicitária, que atualmente tem 27, explica que o cisto foi achado após meses sem fazer consulta. >
Então, decidida a cessar as dores, ela aceitou retirar um dos ovários e o cisto. "A [partir da] inserção do DIU Mirena, eu passei a me preocupar com uma dieta mais balanceada e aliei isso à prática de exercícios físicos (no meu caso, correr e pedalar ajudavam bastante)", conta. >
O médico Alberto Freitas, no entanto, reforça que não há a necessidade de retirar o ovário, mas sim, "o ideal é na cirurgia tentar realizar a retirada da lesão preservando o ovário afetado".>
Cistite de repetição Há alguns anos, Anitta comentou que tinha cistite de repetição, a famosa infecção urinária, e que não tinha tratamento adequado. No relato na rede social, ela reforçou a tese que os médicos tinham sobre o problema, mas descobriu que não se tratava da cistite. O ginecologista alerta que as infecções com corrimento com odores desagradáveis não são sintomas de endometriose, mas que podem desencadear na descoberta da doença após "auxílio de cultura de urina que encontra a presença de bactéria na urina". >
Apesar de não ter cura, o especialista orienta a fazer o tratamento no começo das primeiras dores. "É possível na maior parte dos casos atingir um bom grau de controle das queixas e de progressão da doença através do uso de tratamento hormonal contínuo", disse. Em casos raros, a endometriose pode virar um câncer futuro, envolvendo os focos no ovário. >
Yasmin relembra que preferiu não usar anticoncepcional por temor de trombose no futuro. O profissional, em contrapartida, explica que o medicamento pode ser um aliado fundamental no início do tratamento, principalmente para mulheres que não desejam engravidar imediatamente. "[Há] medicações mais potentes para controle da dor tipo cólica, como anti-inflamatórios, também podem ser úteis". >
Falta de apoio por parte dos ginecologistas No desabafo, a artista relatou que fez diversos exames que não acharam o foco da endometriose. Porém, outras seguidoras reforçaram que há um receio por parte dos profissionais de encaminhar as mulheres para ressonância. Alberto Alves alerta que é importante procurar um local ideal para realizar os exames. >
"Importante é encontrar locais que façam ressonância com qualidade. É um exame que depende muito da capacidade de interpretação das imagens e detalhamento do laudo pelo radiologista", finaliza. >
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