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Para inglês ver: Luciana Berry foi seminifalista do MasterChef da Inglaterra

A baiana Luciana Berry foi semifinalista de Master Chef do Reino Unido com comida brasileira

  • Foto do(a) author(a) Victor Villarpando
  • Victor Villarpando

Publicado em 27 de fevereiro de 2015 às 07:17

 - Atualizado há 2 anos

A única mulher na semifinal no Master Chef da Inglaterra foi uma brasileira. A baiana Luciana Berry, 34 anos, era estudante de engenharia elétrica quando decidiu morar em Londres, cidade-natal de seu marido. Em 2004, trancou a faculdade e se mandou. Na terra da Rainha, foi gerente de restaurante e cursou a prestigiada escola de culinária francesa Le Cordon Bleu. Depois montou sua própria empresa de bufê, a Catering on the Hill.

Além dos jurados do programa da TV BBC, famosos como os príncipes Charles e Edward já se deliciaram com os pratos da moça. Saiba um pouquinho da chef que, se aqui é ilustre desconhecida, na Inglaterra dá até autógrafo.A chef baiana Luciana Berry fez sucesso no Master Chef da Inglaterra: reconhecimento (Foto: Alex Dantas/Divulgação)Do que você mais gosta em Londres e como é seu trabalho lá?

As pessoas nas ruas não discriminam. Você se veste do jeito que quiser e ninguém olha diferente. Já fui até no mercado de pijama, com um roupão por cima. O povo sabe conviver bem com as diferenças. Forneço comida para eventos e às vezes organizamos a festa inteira. A maior parte dos clientes é para jantar em casa.

A culinária inglesa é famosa por não ser muito boa. Como você se vira por lá?

Quando faço jantar na casa de alguém, já saio com tudo marinado e temperado. Na culinária inglesa não tem isso. Boa parte dos britânicos só coloca pimenta do reino. Alguns não têm nem sal em casa! O forte, pelo que vejo, é doce. Pode não ter ervas, mas sempre rola mel ou chocolate.

Já ouvi  ingleses dizerem que, quem quer boa comida em Londres, deve procurar curry (tempero indiano). A culinária indiana é bem boa. Claro que fica suavizada para o paladar inglês. Eles botam mais leite de coco e menos pimenta. É o que indico para amigos turistas. De resto, é só hambúrguer e fish and chips (peixe e batatas, fritos).

Por que acha sua comida agradou?

Minha comida não tem nada além de tempero e carinho. Nosso paladar é diferente do deles. Vide quando (o chef) Jamie Oliver falou que o brigadeiro é uma merda. Ele achou ruim porque é doce demais para o paladar médio deles, em que sobremesas costumam ter sabor azedo. Leite condensado é excessivamente doce para eles.Em ação, numa das cenas do programa Master Chef - The Professionals, na Inglaterra (Foto: BBC/Divulgação)Por que fez comida baiana?

Queria mostrar nossa comida. Sempre gostei de ser diferente, desde pequena. Nunca segui moda. Sabia que se eu fosse fazer o que aprendi na escola, eu ia fazer igual todo mundo, de acordo com as bases francesas. Aí resolvi adaptar as técnicas à comida baiana. Funcionou bastante, especialmente na moqueca. Como eu não podia usar dendê, fiz um caldo diferente. Triturei a carcaça da lagosta, deixei o leite de coco cozinhar nele e depois coei. Para adaptar ao gosto de lá, deixei suave e espremi um limão no final.

Que restaurantes indica em Londres?

Tem o Trishna, fica perto da Baker Street. Eles têm um pão Naan com molho chutney (manga+especiarias) que é delicioso! A paleta de cordeiro apimentada também. Todo o tasting menu é muito bom. Aliás, essa moda de comer entrada, prato principal e depois sobremesa, acabou.

Em Londres, todos os restaurantes com estrelas Michelin acabaram o formato a la carte e só fazem esse combinado de 7 ou 8 minipratos. Dá para conhecer mais, ter a experiência gastronômica. Assim dá para provar, conversar, ouvir as explicações dos garçons sobre ingredientes...Com o chef Mateus Valverde, de quem foi convidada em algumas edições da Feira da Cidade (Betto Jr./Arquivo Correio)Quais são os novos caminhos da gastronomia?

Culinária é moda. Às vezes as pessoas vão ao restaurante mais para beber do que comer. Além do tasting menu, está rolando de colocarem os ingredientes na mesa para que o cliente prepare, com orientação. É misturar entretenimento e comida. O pessoal gosta de ter essa interatividade.

E para o futuro?Acho que voltaremos ao vintage e que essa onda de não comer glúten e só focar em coisas naturais vai cair. Sempre digo: arroz e feijão nunca fizeram mal a ninguém. O pessoal tá obcecado, com paranoia. O povo se preocupa com coisas que não tem nada a ver.

Um dia vi uma blogueira fitness postar compras que fez no mercado. Tinha um  saco de peito de frango congelado já temperado. Não aguentei e perguntei porque ela escolhia tudo natural e colocava no meio um frango congelado, que ela não tem ideia dos produtos que usaram para conservar e dar gosto. É mais barato e bem mais saudável comprar o peito e fazer. Se não souber cozinhar é só botar (molho) shoyu e levar ao forno.

Qual é a parte mais difícil do seu trabalho?

Não adianta ter comida boa e serviço ruim. Outro dia, num café na ladeira da Barra, pedi um filé ao molho de mostarda dijon. Quando chegou, não era dijon. Questionei e insistiram. Pedi o pote e tive certeza. Não sei porque botam uma mentira no cardápio.